Correio da Cidadania

Brasileirão: uma “mala” incômoda

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Após a vitória do Barueri sobre o Flamengo por 2 a 0, os jogadores Val Baiano e Renê afirmaram que o time receberia um dinheiro extra do Cruzeiro, interessado direto na derrota do rubro-negro carioca, comumente chamado de "mala branca", caso vencessem o jogo. O Cruzeiro diz que não sabe de nada, os jogadores já dizem que era boato, e algo fica muito mal explicado em toda essa história.

 

Ao longo da história do futebol, sempre se ouviu falar na tal "mala preta", um dinheiro oferecido a um clube para que este "entregue" o jogo. Até em Copas do Mundo já se ouviu essa história, quando o Peru foi derrotado por 6 a 0 pela Argentina, eliminou o Brasil da competição e classificou o time da casa, que estava em ebulição política com sua ditadura militar.

 

Nos tempos modernos, a onda é a "mala branca", que serve a propósito contrário, como um estímulo para que um time sem nenhum interesse na competição se esforce para vencer uma partida. Esta é defendida por alguns especialistas e profissionais, pois não existiria imoralidade ao se premiar o bom exercício da profissão.

 

O primeiro questionamento que deve ser feito não é sequer de ordem ética, mas sim racial. A associação constante do negro, preto ou escuro ao que existe de ruim é reflexo da sociedade racista que perpassa a história do nosso e de outros países ao longo do tempo. Bom para esta é o branco. A mala branca pode, a mala preta não. Dia de branco é dia de quem trabalha, identificando até mesmo a produção com a clareza.

 

Posteriormente, devemos fazer a seguinte reflexão: quem aceita pra ganhar, não aceitaria pra perder? O que nos leva a crer que jogadores de um clube sem tradição, que passa por dificuldades financeiras e cujos jogadores já não tenham mais motivação para jogar só aceitariam dinheiro para correr mais, ao invés de menos?

 

Num modelo de futebol onde o dinheiro prepondera, a razão pelo qual ganhá-lo acaba perdendo força, e torna-se fácil mobilizar atletas a servir interesses alheios, sejam eles quais forem.

 

Alguns dizem que o futebol é profissional, mas sequer regras básicas do capitalismo vigente são aplicadas. Não é comum ver empresas bonificando funcionários de outras para que trabalhem mais ou menos, visando atingir alguma concorrente. Dado que o crescimento de uma empresa se dá na capacidade desta de produzir mais, comercializar mais e investir melhor seus recursos, dar dinheiro aos outros seria uma estratégia suicida.

 

De fato, aceitar dinheiro para perder um jogo é um desrespeito ao esporte. Mas quem aceita para ganhar, pode aceitar para perder. Daí, seja lá qual for a cor da mala, não é boa idéia aceitá-la.

 

Continuam as investigações sobre o dinheiro oferecido aos jogadores do Barueri. Como inúmeros outros casos no futebol, os clubes não sofrerão nada. Já os jogadores podem ser punidos, e ainda ficarão sem o dinheiro.

 

Pelo menos ganharam o jogo! Pra não dizer que não falei das flores...

 

Bruno Beneduce Padron é bancário.

 

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