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Correio: Qual
a importância da realização desse plebiscito?
Ricardo Gebrim: O plebiscito é fundamental, primeiro porque ele
não encerra a campanha, ele inicia. A campanha contra a ALCA não é uma corrida de 100
metros rasos, ela é uma maratona. É um calendário onde estão construindo o projeto da
ALCA. E por isso que é fundamental que o Brasil rompa com estas negociações e saia o
quanto antes. O plebiscito tem um papel, antes de tudo, pedagógico porque é uma grande
oportunidade para que milhões de brasileiros saibam o que é a ALCA, conheçam a ALCA e
se posicionam efetivamente sobre essa questão. Então, nós estamos falando o seguinte: o
plebiscito já é vitorioso porque ele já conseguiu estimular milhares de debates,
milhares de palestras. Nós já conseguimos reproduzir mais de 4 milhões de jornais, 15
mil livros, quase 500 mil cartilhas. A quantidade de informações que está sendo
repassada mostra que o plebiscito já vem alcançando seu papel pedagógico, de mostrar à
população os perigos da ALCA.
Correio: Como foi feita a organização do plebiscito?
RG: O plebiscito é coordenado por um conjunto de entidades
nacionais que envolvem a CNBB, a CUT, a Central dos Movimentos Populares e várias outras
organizações de vários setores. Ele está organizado nacionalmente e em comitês
estaduais. Em cada município, comitês municipais e comitês de bairros, divididos por
regiões. Comitês voltados para as igrejas, paróquias ou então nos bairros. Por isso, a
organização obedece a formação desses comitês. E aqui no estado de São Paulo há um
comitê onde centralizam todas as informações para a realização deste plebiscito. Essa
é a estrutura geral. Há uma estrutura nacional, que é a do Jubileu Brasil, onde também
funciona a secretaria operativa nacional.
Correio: Como está o debate sobre o plebiscito nos estados
do país?
RG: É surpreendente o esforço e as energias que o plebiscito tem
suscitado em toda a parte. Temos relatos da região amazônica, locais onde sequer a
campanha eleitoral consegue chegar, o plebiscito da ALCA está chegando. Aqui nas
periferias de São Paulo por exemplo, tenho percorrido locais que nunca imaginei que
existissem, onde estão ocorrendo debates. São milhares de militantes do Brasil inteiro,
que estão fazendo isso de forma voluntária, sem nenhum apoio financeiro. O debate está
em toda parte.
Correio: Qual a expectativa do senhor para o plebiscito?
RG: É difícil fazer uma previsão numérica. O que eu posso
afirmar é que para vários comitês municipais, a expectativa dos companheiros é a de
dobrar o número de votos obtidos no ano 2000 (sobre o pagamento da dívida externa).
Claro que isso não é uma situação geral, nem todos conseguirão atingir essa meta, mas
nós estamos bastante otimistas que será possível alcançar um percentual bem alto de
votantes. De se superar os 6 milhões que foram obtidos em 2000.
Correio: O que acontece depois do plebiscito?
RG: Nos dias 17 e 18 de setembro, estaremos convocados todas as
entidades e representantes de diversos comitês para levarmos milhares de companheiros à
Brasília, para procedermos a entrega dos resultados do plebiscito. Então, faríamos essa
entrega ao presidente Fernando Henrique, ao presidente do Supremo Tribunal Federal, ao
presidente do Congresso Nacional e também iríamos fazer um protesto junto à Embaixada
dos Estados Unidos. Este é um passo, agora há outro. No dia 31 de outubro, estará
ocorrendo uma reunião importante dentro do processo de negociação da ALCA com ministros
de todos os países. Quem irá representar o Brasil, serão os ministros (Pedro) Malan e
(Celso) Lafer, que talvez sequer participem do governo que venha a ser eleito. Então,
vamos fazer mobilizações em todo o país para impedir que os ministros brasileiros
participem dessa reunião. E haverão mobilizações em todo o continente, principalmente
no Equador, já que essa reunião será em Quito.
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