Correio da Cidadania

Em nome de quem?

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Na complicada e adversa conjuntura atual, precisamos fazer um esforço adicional de leitura e reflexão para entender o “bolsonarismo” e suas causas. Uma boa e concisa contribuição para esse esforço é o livro de Andrea Dip, Em nome de quem?: A bancada evangélica e seu projeto de poder, Rio de Janeiro, Editora Civilização Brasileira, 2018, 144 p.

A autora é uma jornalista premiada e o livro, uma reportagem investigativa e acurada. Não se trata, portanto, de uma tese acadêmica, embora se apoie em entrevistas com pesquisadores universitários e seja muito informativo.
 
O sumário do livro dá uma ideia dos temas abordados: 1 – Os pastores do Congresso; 2 – O Congresso mais conservador desde 1964; 3 – “Que Deus tenha misericórdia desta Nação”; 4 – O começo de tudo; 5 – A Teologia da Prosperidade e a Teologia do Domínio; 6 – A tal “ideologia de gênero”; 7 – Propostas, projetos de lei e a “marca da besta”; 8 – O avanço pentecostal nas periferias; 9 – Afinal, o que querem os políticos evangélicos?
 
A autora não se limita a descrever a aliança forjada gradativamente entre pastores conservadores, economistas neoliberais e militares saudosos dos privilégios e truculências do regime ditatorial de 1964 a 1985, aliança que acabaria redundando no governo autoritário, ultraliberal e neocolonialista do capitão reformado Bolsonaro.

Destaca também que as igrejas pentecostais e neopentecostais cresceram nas periferias ocupando o vácuo deixado pelas correntes de esquerda e de centro-esquerda, que abandonaram o trabalho de base que as sustentou durante tantos anos e optaram por concentrar-se na política institucional durante os mandatos de Lula e Dilma. A autora transcreve a esse respeito esclarecedora entrevista com o filósofo e líder do Movimento dos Trabalhadores Sem Teto Guilherme Boulos.
 
É importante ressaltar também que a autora reconhece a diversidade do meio evangélico, alertando que, mesmo nas denominações pentecostais e neopentecostais, políticos ligados a elas têm posturas mais conservadoras e intolerantes do que a maioria dos fiéis.

Duarte Pereira é jornalista.

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