Correio da Cidadania

Aécio amplia arco de apoios, isola Serra e se reforça para 2010

0
0
0
s2sdefault

 

As articulações políticas realizadas por Aécio Neves (PSDB) para se viabilizar como candidato à Presidência da República em 2010 não apenas têm sido eficientes para promover a posição do governador mineiro como estão colocando nas cordas o principal rival dele no ninho tucano, o também governador José Serra, de São Paulo. É o que pensa o professor de Ciência Política Carlos Melo, do Ibmec de São Paulo. E é também o que pensam, mas ainda não dizem publicamente, algumas importantes lideranças do PMDB, partido que já ofereceu guarida para a candidatura presidencial do neto de Tancredo Neves, caso Serra vença a guerra que começa a ser travada no PSDB.

 

Na semana passada, o presidente do PMDB, deputado federal Michel Temer (SP), esteve reunido com Aécio para reafirmar a disposição do PMDB de ter o governador mineiro como candidato à sucessão do presidente Lula em 2010. Nos bastidores peemedebistas, porém, várias lideranças cogitam a hipótese de Aécio levar a melhor contra Serra e, na condição de candidato do PSDB, formalizar uma aliança abrindo a vaga de vice-presidente para o PMDB.

 

Três planos em jogo

 

Para o professor Carlos Melo, este cenário seria hoje o mais provável, pois Aécio tem conseguido ampliar seu espaço no tucanato, ao passo que o governador de São Paulo está ficando isolado. "A derrota do deputado Arnaldo Madeira para a liderança na Câmara foi a última grande demonstração de fragilidade do Serra", observa Melo, lembrando que o vencedor naquela disputa - o deputado José Aníbal (SP) - tinha o apoio de Aécio.

 

Melo explica que a derrota em Brasília é simbólica, mas os problemas de Serra são reais. Na capital paulista, o governador não conseguiu negociar a contento com o seu antecessor e agora vê, a contragosto, Geraldo Alckmin se afirmar como candidato do PSDB à prefeitura de São Paulo contra o prefeito Gilberto Kassab (DEM), vice de Serra e aliado de primeira hora do governador. "Se a proposta de primárias do senador Tasso Jereissati (PSDB-CE) vingar, não vejo como o Serra conseguiria sustentar o debate interno", diz o especialista, que vê colado no ex-Ministro da Saúde os estigmas de "excessivamente paulista" e "autoritário".

 

Ao contrário de Serra, que tem uma aliança sólida com o DEM em São Paulo, Aécio tem se esforçado para ampliar as negociações em torno de uma eventual candidatura à presidência aos partidos de centro-esquerda, como o próprio PMDB e o PSB de Ciro Gomes. E, para espanto de muitos tucanos, Aécio patrocina uma articulação em Belo Horizonte que pode fazer com que o estado de Minas marche unido em 2010: a aliança PSDB-PT na eleição municipal da capital mineira deste ano teria como conseqüência o apoio dos tucanos ao nome que o PT indicar para o governo do estado, em uma coligação que nem o clima beligerante de Brasília parece estar atrapalhando.

 

Lideranças do PMDB que têm participado das conversas no partido sobre a candidatura de Aécio dizem que o grupo político que o apóia tem hoje três planos distintos, todos eles viáveis e aguardando a definição do cenário político com a aproximação da eleição. No primeiro plano, Aécio concorreria pelo PSDB, com um vice do PMDB - o nome do governador Sérgio Cabral, do Rio de Janeiro, é bastante citado; o plano B consistiria na candidatura de Aécio pelo PMDB, com um vice de uma legenda à esquerda (PSB, PC do B ou mesmo PV); a terceira hipótese, ou "Plano C", ocorreria se o cenário político fosse de tal forma favorável ao presidente Lula que a Constituição fosse modificada para permitir que ele concorresse a um terceiro mandato. Neste caso, Aécio poderia ser o vice, pelo PMDB, com o qual Lula sempre sonhou.

 

Afagos para a esquerda

 

Especulações à parte, Aécio tem trabalhado com afinco para ampliar a sua base de apoio. Nesta semana, por exemplo, a intervenção do governador de Minas foi determinante para que a manutenção da contribuição sindical fosse aprovada na Câmara - os tucanos pretendiam obstruir a votação, mas Aécio convenceu o líder José Aníbal a votar a matéria, em um claro afago ao deputado Paulo Pereira da Silva, o Paulinho da Força (PDT-SP).

 

Ainda na semana passada, Aécio também abençoou a candidatura do deputado Fernando Gabeira (PV) à prefeitura do Rio de Janeiro, em uma aliança com o PSDB e o PPS, e aproveitou para mandar um recado claro para a ala do tucanato que prefere ver o partido em oposição mais dura ao governo federal: se for candidato à Presidência, Aécio quer ser o "pós-Lula" e não o "anti-Lula".

 

Luiz Antônio Magalhães é editor de política do DCI e editor-assistente do Observatório da Imprensa (http://www.observatoriodaimprensa.com.br/).

Blog do autor: http://www.blogentrelinhas.blogspot.com/

Originalmente publicado no DCI.

 

{moscomment}

Comentários   

0 #1 ótima análiseálvaro 18-03-2008 14:34
Poucos analisam os movimentos da direita tão bem quanto o jornalista Luiz Antônio Magalhães.
Citar
0
0
0
s2sdefault