Correio da Cidadania

Clamor nacional dos excluídos

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"Em primeiro lugar, a vida". Assim começam os cartazes, jornais e folhetos que nos falam do 14º Grito dos Excluídos deste ano de 2008 e que se realiza no Brasil desde 1995. Tendo se iniciado naquele ano, o Grito se tornou continental e acontece em vários países latino-americanos no dia 12 de outubro, dia do início da invasão dos europeus à América Latina e também consagrado à padroeira do Brasil.

 

As informações que nos chegam indicam que sua organização e realização vêm crescendo a cada ano, multiplicando-se as iniciativas por várias cidades do país. O número de participantes tende também a crescer, principalmente entre a população jovem, o segmento da nossa população mais atingido pelo desemprego (aproximadamente 40%), ocupações com baixos salários, falta de escolas ou ainda escolaridade de baixo nível, entre tantos outros problemas que afetam suas vidas.

 

A falta de perspectivas de vida com segurança leva parcelas importantes da juventude a buscar um espaço onde possam dar seu grito, ter sua voz ouvida. Um desses espaços tem sido a caminhada do Grito dos Excluídos, pois é assim, excluído, que o jovem brasileiro se sente.

 

Objetivos do 14º grito nacional

 

Como bem define seu lema, o Grito de 2008 quer colocar em debate a defesa da vida humana em todas as suas dimensões, desde a concepção à sua defesa em plenitude para todos, não apenas para os detentores do poder e do dinheiro. Visa também a:

 

- lutar por uma política econômica que respeite – em primeiríssimo lugar – os direitos políticos, sociais, econômicos, culturais e ambientais do povo brasileiro;

 

- dar seu grito pelo direito inalienável de ter um rigoroso controle social sobre os serviços básicos, fazendo uma crítica radical ao processo de mercantilização dos serviços como a água, energia, telefonia, educação, saúde, transporte, entre outros tantos;

 

- ser um apoio a todas as formas de lutas dos povos explorados, contra toda forma de imperialismo (como o Tratado de "Livre" Comércio), a militarização e a exploração do chamado Terceiro Mundo através das dívidas públicas.

 

Para tanto, quer contribuir para que o povo possa exigir e conquistar a democracia direta e participativa em relação às questões que digam respeito aos interesses de todo o povo e da nação brasileira; exercer o controle social sobre o Estado, especialmente no que se refere aos direitos básicos da população; defender a soberania nacional tão ameaçada pelos imperialismos estadunidense e europeu; construir um projeto popular para a política brasileira.

 

O Grito deste ano quer salientar como sinais de morte para o povo brasileiro, portanto, contrários à vida: a corrupção e sua impunidade; o mau uso dos recursos públicos; a violência contra a vida humana; a agressão a todas as formas de vida; a falta de universalização dos direitos básicos (negados à maioria do povo trabalhador); as reformas neoliberais que roubam direitos dos trabalhadores; a criminosa concentração de terras e a não realização da reforma agrária; a proliferação do trabalho escravo nas fazendas de corte da cana e em muitas empresas; o crescimento vergonhoso da prostituição infantil. E quantos outros sinais de morte – do corpo e do espírito – existem e que comprometem a vida da população mais carente deste país?

 

Não deixe seu grito reprimido!

 

Cada cidadão e cada cidadã têm a chance de dar a sua contribuição nesse esforço para chamar a atenção dos governantes, para cobrar que a justiça encontre seu lugar e finalmente prevaleçam neste país tropical os direitos garantidos pela Constituição brasileira e universalmente consagrados.

 

Participe você também, leitor(a) do Correio da Cidadania. Convença seus amigos e suas amigas a participarem com você. Faça parte desse grande mutirão para a construção de um novo Brasil, aonde crianças não venham mais a morrer por falta de alimentação adequada ou por falta de atendimento médico; aonde todos tenham a chance de ter um trabalho e salário que garantam vida familiar sadia, moradia decente, vida cultural e de lazer com a dignidade de seres humanos. Seja, pois, um dos construtores deste novo país.

 

Waldemar Rossi é metalúrgico aposentado e coordenador da Pastoral Operária da Arquidiocese de São Paulo.

 

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