Correio da Cidadania

Um povo monitorado pela agenda do capital

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A Rede Globo consegue enquadrar parcela significativa da população brasileira nos limites de sua telinha televisiva. São novelas e mais novelas nos horários "nobres" a invadir os lares brasileiros, de segunda a sábado, seguidas de programas "culturais" tipo BBB, futebol e mais futebol. Transforma drama particular em verdadeiro circo emocional a mexer com a sensibilidade de um povo simples e trabalhador; passa e repassa filmes quase que exclusivamente das produtoras estadunidenses, com a marca privilegiada da violência, recheados ostensivamente de bandeiras da terra do Tio Sam.

 

Leva ao ar noticiários que, bem feitos tecnicamente, sempre passam apenas aquilo que é de interesse do capital, omitindo fatos importantes para a vida do nosso povo. Com isso, mantém o povo atrelado aos interesses ideológicos dos seus exploradores. Muito embora com um poder de penetração bem menor e com qualidade técnica inferior à da Globo, agem da mesma forma as demais redes televisivas. Levam avante verdadeira lavagem cerebral do povo brasileiro, que busca encontrar no "deus" consumo realização que supere suas frustrações - impostas pelo mesmo capital.

 

A pauta eleitoral

 

Além desse infernal ataque ideológico diário, a mídia procura nos enquadrar em outra pauta importante para os detentores do poder econômico: a pauta eleitoral. Pois a cada dois anos o povo brasileiro é condicionado a escolher entre os inúmeros candidatos às vagas dos poderes legislativo e, principalmente, executivo. Mal acabamos de sair de um processo eleitoral (votamos para prefeitos e vereadores no ano de 2008) e já estamos sendo condicionados a "pensar" nas eleições para as esferas federal e estadual, a serem realizadas em outubro de 2010 e, com isto, nos esquecermos dos graves problemas que estão dia a dia interferindo em nossas vidas pessoais, familiares e social.

 

Perita nesse tipo de jogada, merece destaque as iniciativas da Folha de S. Paulo. Ainda na semana de 30/03 a 04/04, esse jornal divulgava uma "pesquisa" sobre as "preferências" dos eleitores à futura vaga para a presidência da República. Aparentemente nada de nocivo nessa iniciativa. Entretanto, a maioria dos eleitores não percebe a jogada que está por trás. Basta dar uma passada de vistas pela matéria e perceber que são "pesquisados" aqueles e aquelas candidatos ou candidatas que a própria mídia vem colocando para o povo o tempo todo. Todos envolvidos e comprometidos com o gerenciamento dos interesses do capital. Os possíveis candidatos do que resta da capenga esquerda brasileira são ignorados e, quando aparecem publicamente, são tratados como cidadãos de segunda categoria e, não raramente, difamados política e moralmente.

 

Uma jogada que não é perceptível para a maioria é a de tentar "enquadrar" antecipadamente todos os candidatos, em especial aqueles que desejam concorrer a cargos executivos. Jornalistas são colocados a realizar o jogo sujo de vasculhar a vida política e particular de cada um dos candidatos, visando encontrar "pelo em ovo". Isto é, tentam encontrar qualquer coisa que possa ser usado publicamente para deixá-lo constrangido perante a opinião pública. Com isto, forçam o candidato a se posicionar na defensiva e a se submeter às regras impostas pelo capital. Foi assim com Collor de Mello, com FHC, com Lula, com Serra e Alckmin em eleições anteriores, e assim vem ocorrendo tanto no âmbito federal, quanto nos estados e nos principais municípios brasileiros.

 

Neste domingo (05/04), a mesma Folha nos ofereceu mais um espetáculo grotesco: procura enquadrar Dilma Rousseff, candidata de Lula, vasculhando sua vida política do tempo de sua juventude, época em que a ditadura militar prendia, torturava barbaramente e assassinava brasileiros por discordarem da entrega do país aos interesses das multinacionais. (Lembre-se o leitor que a mesma Folha de São Paulo, há apenas algumas semanas, qualificou a carnificina praticada pelos militares de "ditabranda", tentando fazer defesa e acobertamento dos crimes praticados pelos militares e seus prepostos carrascos, assim como buscando apagar a vergonhosa adesão da direção do jornal à ditadura militar, divulgando denúncias sobre cidadãos brasileiros comprometidos com a democracia).

 

Depois de Dilma virão outros e outros, até que os eleitores se habituem com os candidatos permitidos pelo poder econômico, até que os eleitores estejam condicionados a votar no "menos ruim" (para o povo), porém no mais vantajoso para os exploradores.

 

E assim caminha o povo brasileiro, ano após ano, tutelado pela agenda do capital.

 

Waldemar Rossi é metalúrgico aposentado e coordenador da Pastoral Operária da Arquidiocese de São Paulo.

 

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Comentários   

0 #2 Antonio 15-04-2009 12:43
Dilma possui um passado glorioso. Assim, a Folha, ao mostrar o seu passado, não a desmereceu, como queria o jornal.O problema da Dilma não é o seu passado, mas seu presente. O grande capital ainda não se definiu por Serra ou pela Dilma!
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0 #1 vando euripes 09-04-2009 14:22
E AI É PRECISO ACORDARMOS, E DAR O TROCO a essa elite mesqiunha. E so podemos fazer isso atravez da conciencia politica e isso tem dois caminha a guerra ou a educação, sendo descartado o primeiro devemos fazer com que nossos representantes assumam um compromisso de uma educação de qualidade e de forma igualitaria para todos independente de cor raça ou classe social. Educação essa onde pode frequentar juntos, o filho do lavrador, do carvoeiro do médico ,do deputado ,do senador e do prsidente,porque afinal todos devm ter direitos iguais, so assim a politica estara´cumprindo uma de suas premissas , o bem comum.
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