Correio da Cidadania

EUA: hora de agir, democratas, não de discursar

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Em 2020, o democrata Joe Biden possuía histórico político mais representativo do que o do seu oponente, o republicano Donald Trump. Senador sete vezes por Delaware, ele havia integrado por duas vezes a vice-presidência da república sob titularidade de Barack Obama (2009-2017). Enfim, nove eleições majoritárias ao passo que o adversário detinha uma, embora a mais importante.

Naquele pleito, os dois candidatos apresentariam estilos pessoais distintos, ainda que não tão diferentes quanto a pontos estruturais da rotina da Casa Branca como os da política externa e econômica – a dessemelhança entre as duas agremiações costuma refletir-se na calibragem da execução do ideário – há décadas – neoliberal.

Biden seria vitorioso com sete milhões de votos acima de Trump. Assim, parcela do eleitorado aguardaria transformações, conquanto modestas, em vários campos, até em decorrência do tratamento dos meios de comunicação ao aludir a suposto progressismo ou liberalismo social do posicionamento do Partido Democrata.

Na temática do meio ambiente, haveria a expectativa, por exemplo, de que a Casa Branca pudesse assumir a proeminência planetária da necessária renovação de fontes energéticas. Nos demais assuntos do cotidiano, apesar de menor aguardamento, existiria grau de otimismo como em segurança, saúde e ensino público.

Em face da ampla estrutura dos tópicos citados, a retórica democrata se valeria disso com o propósito de justificar a demora ou até a impossibilidade de alterações neles mesmo no médio ou longo prazo.

Todavia, mudanças singulares poderiam acontecer no curto prazo, malgrado pequenas, como no estímulo real, não só oratório, ao papel das organizações laborais, como ocorrido durante o New Deal de Franklin Roosevelt nos anos 1930 e 1940.

Como consequência, a classe trabalhadora poderia organizar-se melhor e, deste modo, reivindicar com abrangência e consistência maiores salários, redução da jornada diária, planos de saúde e mais contribuições a fundos de pensão.

Consoante dados do Departamento (equivalente a ministério no Brasil) de Trabalho norte-americano do ano passado, laboreiros sem vinculação sindical perceberam cerca de oitenta e cinco de colegas sindicalizados.

No relatório, chama a atenção o baixo índice de filiação a entidades sindicais em dois estados, ao mal ultrapassar 2%. Na outra ponta, porém, a participação mais expressiva não atinge 25% - https://www.bls.gov/news.release/union2.nr0.htm 

Em seguimento, outra intervenção seria elevar o valor da remuneração, sem correção desde 2009, quando Barack Obama era presidente e Biden seu vice. Em 1938, Franklin Roosevelt, também democrata, estabeleceu legislação do salário mínimo, ao fixar a hora trabalhada em um quarto de dólar. Hoje, ela está em sete dólares e vinte e cinco centavos - https://www.dol.gov/agencies/whd/minimum-wage/history/chart 

A poucos meses da eleição, a sociedade, em especial o segmento desassistido, anseia diante do governante no poder medidas sociais efetivas, não promessas, as quais cabem em geral à candidatura adversária.

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Virgílio Arraes

Doutor em História das Relações Internacionais pela Universidade de Brasília e professor colaborador do Instituto de Relações Internacionais da mesma instituição.

Virgílio Arraes
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