Cartões corporativos e transparência
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- Luiz Antonio Magalhães
- 01/02/2008
O governo federal decidiu mudar as regras para o uso dos cartões corporativos. Fez bem, pois de fato estavam ocorrendo abusos.
Há um aspecto desta questão, porém, que o público não está percebendo muito bem: saques de dinheiro vivo à parte, o uso do cartão corporativo ajuda o controle da sociedade sobre o gasto dos altos funcionários da burocracia federal. Sabemos que o ministro Orlando Silva passou o cartão em uma tapiocaria ou que a ministra Matilde gastou R$ 104 no bar Canto Madalena exatamente porque esses gastos estão sendo feitos por cartão de crédito. Ou seja, o cartão é um instrumento que favorece a transparência no trato da burocracia com o dinheiro público. Com o veto aos saques de dinheiro vivo, tal instrumento fica limitado exatamente ao que se imagina que ele deva servir, isto é, para que os funcionários públicos paguem suas despesas em situações de trabalho (almoços, viagens etc.) de forma prática e ágil. Desta forma, cada centavo gasto pode ser verificado pela opinião pública.
É preciso deixar a hipocrisia de lado na questão dos gastos (e também dos salários) da burocracia estatal. Alguém já se interessou em saber como o governador José Serra (PSDB) e seus secretários gastam o dinheiro do contribuinte? Há alguma transparência na prestação de contas do governo paulista? Ou do governo de Minas, do também tucano Aécio Neves? Desde a sua gestão na prefeitura, por exemplo, Serra tem arrumado maneiras nem sempre muito éticas de pagar melhor seus secretários e funcionários de alto escalão. Em geral, ele nomeia os secretários para vagas disponíveis em conselhos das poucas estatais que os tucanos ainda não venderam
Se Serra acha que os salários do funcionalismo estão baixos, especialmente os do primeiro escalão, deveria ter a coragem de comprar esta briga. Na Inglaterra, os salários dos funcionários públicos são comparados com os da iniciativa privada e ajustados periodicamente, para que não resultem discrepantes com o que se paga em média no mercado. O presidente do Brasil ganha hoje exatamente R$ 8.883,45, o que é um salário ridículo para as responsabilidades que o cargo apresenta. O mesmo raciocínio vale para os ministros e secretários de Estado. Remunerar melhor a alta burocracia estatal não é apenas uma maneira de evitar a corrupção, mas uma questão de justiça, dada as qualificações exigidas para os altos cargos.
A histeria da grande imprensa com os gastos nos cartões corporativos é apenas mais uma forma de jogar para a torcida, apostar no udenismo rastaquera para tentar prejudicar a imagem do governo do presidente Lula. O problema é que talvez a opinião pública esteja um pouco mais madura do que os jornalões imaginam. Ela já sabe que Orlando Silva gosta de tapioca, mas talvez queira saber direitinho como os secretários de Serra fazem para pagar os jantares no Fasano.
Em tempo: devo ao blogueiro Eduardo Guimarães a informação a seguir. O governo federal tem um portal (http://www.portaltransparencia.gov.br/) em que é possível verificar os gastos dos ministérios com os cartões. O governo de São Paulo, ao contrário, não disponibiliza acesso às Aplicações Diretas, que incluem gastos e reembolsos dos secretários e governador.
Luiz Antônio Magalhães é editor de política do DCI e editor-assistente do Observatório da Imprensa (www.observatoriodaimprensa.com.br).
Blog do autor: www.blogentrelinhas.blogspot.com
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Comentários
Por hoje é só, porque amanhã com certeza tem mais.
achei ótima a menção aos gastos dos governos estaduais.
Celia
concordo em genero numero e grau com voce quando deixa claro que a perseguição da grande mídia com o governo Lula é visivel e digo até descarada.Fico me perguntando, quando assisto os deputados do DEM ( Demoniocratas ) e do PSDB exigindo a CPI da tapioca se esses \"nobres parlamentares\" não tem mais o que fazer?Qualquer que seja a denuncia, até por uma simples compra de tapioca esses sanguessugas da oposição querem fazer uma CPI, e o pior, essa mídia encalacrada até os nervos com os PSDBs da vida ficam a colocar lenha na fogueira.E digo mais, esse Rodrigo Maia, Jorge Bornhausen,Arthur Virgilio, Alvaro Dias, entre outros, terão que nascer de novo para conseguir colocar a maioria da opinião pública contra o governo Lula.... os números estão aí para comprovar.
Em tempo: Os governantes do PSDB e DEM não usam cartões corporativos para não deixar rastro dos gastos, ísso é óbvio!
A população não acredita.
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