Correio da Cidadania

Trabalhadores da Cosipa cruzam os braços e enfrentam repressão

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No dia 3 de agosto, os trabalhadores da Cosipa (Companhia Siderúrgica Paulista) cruzaram os braços numa grande paralisação que reuniu mais de 6 mil funcionários.

 

A manifestação foi motivada pelo calote que a empresa quer impor aos trabalhadores ao não pagar o reajuste salarial e contra as péssimas condições de trabalho que, após a privatização da fábrica, já levou à morte 38 pessoas.

 

Só no último mês foram dois acidentes fatais. Dessa maneira, o lucro líquido da empresa - que só no primeiro trimestre foi de um bilhão e quatrocentos milhões de reais - está lavado em sangue.

 

Essa paralisação também foi a demonstração concreta de que os anos de submissão aos patrões e de conivência com os acordos que atacam os direitos dos trabalhadores acabaram. A direção do Sindicato dos Metalúrgicos, junto com a central Intersindical, se empenhou na construção dessa atividade, que teve uma resposta firme e corajosa dos trabalhadores nas empresas contratadas e terceirizadas e nos efetivos da Cosipa.

 

A direção da empresa tentou a qualquer custo evitar a greve. Na véspera da mobilização, recorreu à Justiça na tentativa de conseguir um interdito proibitório. A decisão da Justiça foi, em primeiro lugar, reconhecer a manifestação dos trabalhadores e, em segundo lugar, determinar a permissão aos manifestantes de realizarem piquetes pacíficos.

 

Inconformada com a decisão, a Cosipa mais uma vez recorreu à Justiça, exigindo que o sindicato fosse obrigado a assinar um acordo em que direitos dos trabalhadores seriam atacados. Mais uma vez foi derrotada e o processo, arquivado.

 

Mas a principal derrota da direção da empresa foi a disposição e firmeza dos trabalhadores, que na assembléia realizada logo pela manhã decidiram por maioria manter a paralisação. Com essa decisão, a empresa recorreu aos instrumentos da ditadura e tentou reeditar em Cubatão o que aconteceu em Volta Redonda em 1989, onde operários foram assassinados durante a greve.

 

A policia militar, através de suas tropas de choque, atacou os trabalhadores com bombas, cassetetes e balas de borracha. O resultado disso foram 15 feridos e 5 grevistas detidos - entre eles, dirigentes sindicais, o advogado do Sindicato e militantes dos movimentos sociais.

 

Durante a noite do dia 03/08, o aparato policial do governo Serra, junto com a direção da empresa, apagaram as luzes da avenida que dá acesso à Cosipa. Enquanto os trabalhadores desciam dos ônibus, eram recebidos pela tropa de choque e suas bombas. Na manhã seguinte, sábado, os trabalhadores foram mantidos presos dentro dos ônibus e levados pela polícia para dentro da empresa.

 

Mas nada disso foi capaz de frear a mobilização dos operários. Uma assembléia foi realizada no Sindicato no dia 07/08 e os trabalhadores decidiram retomar a paralisação nos próximos dias.

 

O Sindicato dos Metalúrgicos da Baixada Santista, junto com a Intersindical, já tomou várias medidas no sentido de responsabilizar a Cosipa e o estado pela ação violenta contra os trabalhadores. Estará também presente nas ações do Comitê contra a criminalização dos movimentos sociais e em defesa do direito de greve.

 

Finalmente, o mais importante nessa greve na Cosipa é que, com absoluta certeza, a partir do dia 3 de agosto a fábrica não será mais a mesma. Os trabalhadores retomaram a confiança no Sindicato e, mais do que isso, transformaram a indignação pelas péssimas condições de trabalho e a exploração cotidiana em força para retomar a luta.

 

 

Alvemi Cardoso Alves é presidente do Sindicato dos Metalúrgicos de Santos.

 

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