Correio da Cidadania

Funcionários públicos e os PLs do prefeito de São Paulo

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Diante da ausência de informações sobre a situação dos funcionários municipais da Capital de São Paulo nos noticiários, até mesmo quando há uma intensa discussão na Câmara sobre o destino dos mesmos, tomo a iniciativa de divulgar alguns fatos.

Desde a gestão Marta Suplicy na Prefeitura de São Paulo (2001/2004) os servidores públicos municipais tentam negociar um novo Plano de Cargos, Carreiras e Salários (PCCS). Aquela gestão deixou os funcionários dos níveis básico e médio com os seus quadros de carreiras concluídos, mas a insatisfação nesses setores continua, pois ou as novas regras não estão sendo cumpridas ou decepcionaram os trabalhadores. No momento, tramitam na Câmara Municipal de São Paulo alguns Projetos de Leis (PLs.)

Desses PLs, uns visam o quadro de pessoal de nível universitário, inclusive o respectivo PCCS (PLs. 580, 581, 608 e 609/07). Outro que institui o vale alimentação (578/07), só que apenas para os funcionários na ativa e que ganham até cinco salários mínimos, R$1.900,00. Outro, ainda, que isenta todo o funcionalismo municipal dos 3% do salário para o Hospital do servidor Público Municipal (uma "faca de dois gumes", pois isso pode fazê-los perder para a terceirização/privatização o único respaldo de saúde, que possuem).

É importante salientar que o PL 582/07, uma peça "requentada", que em dezembro do ano passado já fora apresentada e retirada (PL 705/06) pela mesma administração municipal, por seus defeitos de elaboração e por significar um desmonte do serviço público, lesivo à população

Reproduzo, abaixo e em anexo, a Carta Aberta dos servidores municipais, dirigida aos vereadores e à população, a qual busca esclarecer o que está jogo na Câmara. Peço a todos que contribuam com a divulgação dessa carta.

Atenciosamente,

William Jorge Gerab

(Sociólogo Aposentado da Prefeitura de São Paulo)

 

***


CARTA ABERTA ÀS SRªS. VEREADORAS, AOS SRS. VEREADORES

E À POPULAÇÃO DA CIDADE DE SÃO PAULO

São Paulo, outubro de 2007.

Novos Projetos de Lei do Executivo


O Prefeito Kassab enviou à Câmara dos Vereadores, no último mês, sete Projetos de Leis (PLs), que no conjunto, alteram carreiras, mascaram as contas para o pagamento de salários, instituem política de gratificações excluindo os aposentados, descaracterizam os profissionais de nível universitário e flexibilizam a entrada de comissionados na Prefeitura. São os PLs 578, 579, 580, 581, 582, 608 e 609 de 2007. A título de modernizar os serviços públicos, esses PLs trazem distorções, que, se implementadas, prejudicariam profundamente o atendimento à população e deixariam os servidores sem condições de influir na qualidade dos serviços prestados pela Prefeitura, mesmo no âmbito das suas respectivas profissões.

Prejuízos para a População da Cidade.

No Brasil, onde a distribuição de renda chegou ao pior índice do mundo, os serviços públicos cumprem um papel essencial para a sobrevivência e a qualidade de vida da maioria da população. A soma das rendas das famílias é insuficiente para que consigam, atendimento de saúde, moradia, educação, transporte, enfim, tudo o que se precisa para viver. Por isso, a população não pode dispensar os serviços públicos e eles têm que ser de boa qualidade.

Os interesses da população são ameaçados quando os PLs do Prefeito descaracterizam os profissionais e suas responsabilidades estabelecidas por lei, criando "cargos largos", não diferenciando no cumprimento do dever, os engenheiros dos sociólogos, bibliotecários dos profissionais de educação física, não diferenciando sua especialidade e experiência, inclusive, na coordenação dos serviços prestados à população.

Com 13 anos de progressivas perdas salariais, mesmo em tempos de inflação baixa, a defasagem salarial tornou-se insuportável. Porém, a única resposta do governo tem sido pacotes de gratificações mensais, que excluem aposentados, e dividem os servidores públicos e as categorias de forma privilegiada ou discriminatória. O tratamento dados aos admitidos há pelo menos vinte anos, por sua vez, é desumano - fixando-os num nível salarial, sem perspectiva de futuro. Há um clima de insegurança e desesperança entre os profissionais que prestam serviços aos munícipes.

Pelo fim das Crises nos Serviços Públicos.

Qualquer organização moderna entende que o investimento no profissional altera definitivamente o resultado e a qualidade do trabalho. Por essa premissa, sabemos que essa forma com que se tem tratado os serviços e os servidores públicos, bem como os interesses da população, ao longo dos anos, fizeram com que os serviços públicos chegassem à crise em que vivem hoje. Esses PLs do Prefeito Kassab, se não corrigidos ou, em alguns casos, rejeitados, aceleram esse desgaste.

Em muitos lugares a situação ficou insustentável, como ilustram as reportagens sobre hospitais com doentes no chão dos corredores, prédios públicos em estado precário, as dificuldades em diversos setores, como no de segurança pública, tudo isso redundando também em greves, que se generalizam cada vez mais. Com toda essa demanda, não há qualquer sinal de novos concursos para suprir as necessidades da população. Como sabemos, as greves acontecem quando há más condições de trabalho, faltam os recursos materiais, os recursos humanos, além de insuficientes, não estão tendo o tratamento adequado, quando os salários são insatisfatórios e quando os direitos trabalhistas estão sendo desrespeitados.

Quando, infelizmente, os recursos públicos não tomam o destino das obras em infra-estrutura e da melhoria dos serviços públicos, só vamos ouvir falar deles nos escândalos de corrupção e de má aplicação de verbas. Por isso, num momento de debate sobre a situação atual dos servidores, é preciso falar em definição de níveis salariais adequados. Nesse sentido, como sabem as Srªs. Vereadoras e os Srs. Vereadores, o edital do concurso de maio/07, ocorrido ma Câmara, oferecia o salário inicial para funcionários de nível universitário de R$5.137,00, enquanto o Prefeito Kassab oferece R$1.837,93 para 40 horas semanais e a reivindicação dos servidores é de R$3.065,88 para a mesma jornada. Para o restante da categoria, o reajuste proposto no pacote, para 2006 e 2007 foi de 0,1%.

Assim, temos na Câmara Municipal, nas mãos das vereadoras e vereadores, a oportunidade de corrigir os rumos das políticas públicas, que não afetam apenas o universo do funcionalismo municipal, mas é claro, trazem conseqüências sérias para a vida de toda a população da maior cidade do país.

EXORTAMOS, PORTANTO, AS SRªS. VEREADORAS E OS SENHORES VEREADORES A APROVAREM AS EMENDAS, APRESENTADAS PELOS SERVIDORES PÚBLICOS, AOS REFERIDOS PROJETOS DE LEI EM CURSO, DAS QUAIS DESTACAMOS:

§ PL 578/07 - Vale Alimentação - extensão aos aposentados, pensionistas e trabalhadores das autarquias;

§ PL 579/07 - HSPM - continuidade das contribuições de 3% ao Hospital com reposição da Administração em forma de Abono, nos moldes do "Abono de Permanência";

§ PL 580/07 - Gratificação por produtividade - extensão a todos os profissionais do nível superior, aposentados e admitidos;

§ PL 581/07 - Reestruturação do Nível Superior - redefinição dos "cargos largos", piso salarial de R$ 3.065,88 e contagem do tempo de admitido no enquadramento de todos os servidores do NS;

§ PL 582/07 - Reforma Administrativa - completa rejeição aos conteúdos do projeto que pode voltar, apesar do governo ter retirado o projeto mediante a pressão dos trabalhadores e dos movimentos sociais;

§ PL 608/07 - Prêmio Desempenho e Bônus Especial - pagamento dos valores totais, já em 2007, incluindo os trabalhadores das autarquias, aposentados e pensionistas;

§ PL 609/07 - Abono (de Natal) - pagamento já em 2007 do valor total, reajustado pelo salário mínimo, incluindo os trabalhadores das autarquias;

Sindicato dos Trabalhadores na Administração Públicas e Autarquias do Município de São Paulo

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