Correio da Cidadania

A armadilha eleitoral

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Com oito candidatos para escolher, o eleitor paulistano não tem por que reclamar de falta de alternativas para dar seu voto na eleição para prefeito de São Paulo. No Rio de Janeiro, em Porto Alegre, na maioria das cidades grandes e em grande número das médias e pequenas, os números são parecidos.

 

No entanto, uma análise rigorosa mostrará que, de fato, só existem duas propostas na praça: de um lado, as propostas dos "partidos da ordem", talhadas para não entrar em choque com os interesses do grande capital monopolista; de outro lado, as propostas dos partidos de esquerda, cujas soluções balizam-se pelos interesses da classe trabalhadora.

 

Contudo, o eleitor encontrará grande dificuldade para discernir entre umas e outras porque a burguesia dispõe de um aparato de mídia que dificulta a percepção das diferenças.

 

O formato dos programas de debates entre os candidatos faz com que o confronto entre as propostas dos candidatos gire exclusivamente em torno de soluções ditas "técnicas". O propósito evidente é fazer o eleitor crer que não pode haver soluções para seus problemas fora da ordem capitalista.

 

Presos nessa camisa de força e dispondo de um minuto para responder às questões, os candidatos da esquerda correm o risco de não se diferenciarem dos candidatos da direita.

 

Os primeiros debates demonstraram que, diante dessa dificuldade, alguns candidatos da esquerda preferiram concentrar-se no discurso-denúncia. Outros se dedicaram a expor propostas técnicas mais corretas. Eleitoralmente, esses discursos podem render algum resultado, porém não conseguem fazer com que o eleitor perceba o caráter alternativo da candidatura.

 

Enquanto não for eliminada a ordem econômica, social e política que oprime o povo, o combate à corrupção e as soluções "técnicas" pouco farão para melhorar a vida do povo. Por isso, se a questão central não for a substituição dessa ordem opressora por uma ordem que possibilite construir uma cidade compatível a uma sociedade de seres humanos livres, o objetivo de oferecer uma alternativa real aos eleitores frustra-se completamente.

 

As inserções no horário obrigatório também não facilitam a diferenciação entre os candidatos, pois mais de 90% do tempo é monopolizado pelos partidos da ordem.

 

Espremidos em frações de minuto, os candidatos da esquerda não têm a menor possibilidade de explicar as premissas em que se baseiam suas propostas, o que é essencial, pois se baseiam em uma lógica desconhecida pelo eleitor.

 

Os três partidos de esquerda precisam fazer um sério esforço para, sem cair no discurso doutrinário abstrato, livrar-se dessa camisa de força. Caso contrário, não conseguirão apresentar uma verdadeira alternativa aos eleitores - único objetivo que justifica sua participação nesta eleição.

 

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Comentários   

0 #3 E resume-se a isso mesmo...Raylthon Alves 25-08-2008 14:07
Política, mesmo nos tempos atuais, ainda tem um significado muito deturpado. E é exatamente na época de eleições que mais se escuta a exclamação de tanto malgrado: “odeio política”. Isso não só é uma falta de informação, como também um pouco de manipulação exercida pela mídia burguesa: a população não DEVE gostar mesmo da política, da qual, sequer, tem conhecimento. Poucos, ou quase nenhum, candidatos têm realmente ideologia – e isso é o que se faz questão de passar. Este episódio pode perfeitamente ser comparado ao que ocorria no Brasil no final do século XIX, onde liberais e conservadores disputavam o poder, sem ideologia alguma, sendo nada mais que governantes e oposição. E, ainda nessa ressaca, a população, descrente, é levada a não querer discutir política de fato, ideologicamente fundada, com critérios e argumentos.
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0 #2 Democracia para quem?josé ernesto grisa 20-08-2008 12:14
Acho que o autor do texto, deveria elucidar, quais os 3 partidos que considera esquerda, já que a mídia burguesa não faz esta identificação, aliás para ela, no Brasil existe democratas e a esquerda, direita não existe.
O texto reforça que a idéia que a democracia que é utilizada pelo capital tem como objetivo se legitimar no poder, pois o refrão republicano que à fantasiou não se consolidou. Igualdade, fratenidade e solidariedade só foi um refrão para cooptação. A democracia é uma palavra patenteada pela burguesia, temos que construir outra palavra de ordem.
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0 #1 Eleitor espectadorAmauri Recife 20-08-2008 11:20
É isso, que é eleições no Brasil,lamentavelmente. Se transformou em uma novela, ao qual o eleitor só serve para ver e ouvir as mesmas promessas vazias, sem nenhum conteúdo; ganha o candidato que representar o melhor papel de ator. Só assim o eleitor vai decidir no dia 5 de Outubro, quem será o mocinho e o bandido. O candidato que desejar se o mocinho, contrate o Manoel Carlos da Globo.
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