Correio da Cidadania

Menos hipocrisia e mais solidariedade

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O suicídio do dissidente cubano causou, sem dúvida, estragos na esquerda de todo o mundo. Não se entende como uma proposta socialista, voltada a proporcionar a todos uma vida de respeito, liberdade e conforto, veja-se diante de uma contestação tão radical como a do homem que entregou conscientemente sua vida para protestar contra a falta de liberdade.

 

O mal estar é maior ainda diante da evidência de que a derrocada do regime soviético deu-se precisamente pela sua incapacidade de conjugar igualdade com liberdade.

 

É fácil condenar Cuba por falta de liberdade política. De fato, o regime cubano reprime dissidentes políticos. Contudo, para não cair na hipocrisia, é preciso examinar atentamente a causa dessa repressão.

 

Estando a cento e poucos quilômetros do seu inimigo jurado – a maior potência militar do planeta –, sofrendo há mais de quarenta anos um bloqueio econômico absolutamente cruel, e vendo, em Miami, um exército de cubanos exilados ensandecidos e permanentemente mobilizados para invadir o território do país, obviamente o regime cubano não pode se permitir o luxo de abrir o regime de uma vez. Se o fizer, provocará um verdadeiro banho de sangue, pois nem a mais ingênua das pessoas acredita que, havendo uma fresta, os Estados Unidos deixarão de desembarcar seus "mariners" na costa cubana em menos de vinte e quatro horas.

 

A tragédia cubana consiste unicamente nisto: não pode haver sequer uma fresta de liberdade política porque os Estados Unidos não permitem.

 

Ora, todos sabemos que só existe ato moral quando o sujeito pode optar entre alternativas. Não havendo alternativas, não pode haver ato moral, mas apenas ato de necessidade. O governo cubano está agindo em estado de necessidade.

 

Quem deseja, de fato, que haja plena liberdade política em Cuba precisa deixar a hipocrisia de lado e colocar-se ativamente ao lado daqueles que pressionam o governo norte americano para levantar o bloqueio contra a população da ilha. O resto é pura guerra ideológica.

 

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Comentários   

0 #1 Cuba somos nósPaulo de Carvalho 10-03-2010 10:31
Falou e disse: não há como analisar o caso cubano de forma isolada, como quer a direita e alguns desavisados. A única forma de se falar sobre a questão cubana é contextualizá-la, lembrar o perigoso "irmão do norte", e a única bandeira é o fim do bloqueio. A partir daí poderemos, então, debater a pauta da "liberdade".
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