Correio da Cidadania

O péssimo e o pior

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Manda o princípio mais elementar do bom senso que, na contingência de termos unicamente de escolher entre o péssimo e o pior, escolha-se o péssimo. Essa orientação de conduta se aplica à vida diária e não são poucas as vezes que se apresenta no mundo político.

 

O exemplo maior dessa opção deu-se por ocasião da Segunda Grande Guerra mundial. Naquele cenário, uma vez que o socialismo (no caso, o bom) não se apresentava como saída viável, ficamos com o dilema: ou o imperialismo nazi-fascista ou o imperialismo anglo-norte-americano. O mais radical de todos os socialistas não vacilou, um minuto, em aliar-se ao imperialismo anglo-norte-americano contra a extrema-direita exacerbada representada pelo nazi-fascismo. Essa era a posição mais sensata diante daquele imperativo histórico.

 

Em noventa anos de hegemonia stalinista, o anticapitalismo não foi a bandeira central de luta. O povo, os trabalhadores ao redor do mundo não foram estimulados a abominar esse vil sistema. O mundo, segundo o stalinismo, não tinha como contradição maior os interesses das classes e camadas sociais distintas. Para eles, a contradição principal estava no choque de interesses entre nações opressoras e nações oprimidas. O nacionalismo, que sempre foi a bandeira maior da extrema-direita, converteu-se na principal postulação dos partidos ditos socialistas e comunistas de maiores relevâncias.

 

O anti-americanismo universalizou-se para se transformar em bandeira única de luta diante desse vesgo olhar. Em conseqüência de tão estreito raciocínio, toda postura de natureza antiamericana deveria ser festejada, jogando-se na cesta do lixo o princípio básico de distinguir o péssimo do pior. Assim, o fascismo do Irã, da Síria, do Talibã e até do facínora fundamentalista Bin Laden passou a ser visto com simpatia por uma certa esquerda de matriz stalinista.

Por razões ainda menores, o presidente Lula não se furtou de vir a público para apoiar a fraude dessa excrescência que é o governo teocrático do Irã, no último embate eleitoral ali havido. Isso é lastimável!

 

Gilvan Rocha é presidente do Centro de Atividade e Estudos Políticos (CAEP).

 

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Comentários   

0 #4 AMIGO...Gilvan 04-07-2009 07:47
É ELEMENTAR... INIMIGO DO MEU INIMIGO, MEU AMIGO É
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0 #3 Outro EnfoqueRaymundo Araujo Filho 03-07-2009 15:41
Prezado Gilvan. Desta vez venho discordar de ti, mesmo sem precisar estar alinhado com o governo iraniano.

Aliás, normalmente não sou aliados a governos, mas sim de processos populares que, às vezes, elegem governantes e os querem manter. E às vezes os destituem.

A questão prá mim, é que boa parte deste estardalhaço todo se dá, não por causa de alguma defesa dos direitos humanos no Irã (não se sua parte, é lógico). Mas sim pelas suas reservas de Petróleo, o Anti israelismo e anti imperialismo ocidental, no mundo árabe. Além da auto inclusão unilateral e sem convite no Clube Atômico,

Sem estes pontos, não há como não discutir a questão iraniana. Muitos outros países estão sob regimes facínoras e não populares, sem que nos ocupemos deles, pois estão "esquecidos" pela mídia.

Depois, o Irã teve suas eleições, e não poso afirmar de houve fraude a ponto de fraudar 12% dos votos que o presidsente de lá teve.

Assim, ficaremos ao sabor do que quer a mídia internacional quer, em qualquer país, ora aventando fraudes e outras mentiras. Não tenho como afirmar peremptoriamente a fraude lá. Aqui no Brasil, nem papeleta da urna eletrônica nos dão, e ninguém pensa em destutuir o Lula (bem que ele meracia...mas pelo Povo).

Outra coisa, é que o Irã é um país autodeterminado, isto é, não é teleguiado de fora, portanto pertence a seu Povo, dentro de sua história e de sua dominação de classes. Mas é o Povo que terá de fazer história por lá. E não os "gendarmes da humanidade", em geral a ssrviço de interesses comerciais inominados.

Os índices de desenvolvimnento das pessoas do Irã, e suas perspectivas de saúde, educação e outros básicos, segundo nos mostram dados insuspeitos da própria ONU, indicam sensíveis melhoras, sob o ponto de vista estrutural, e não apenas cosmético. Da mesma forma que a Venezuala, com o "coronel que não brinca em seviço" Hugo Chávez. A mídia adora atacá-los.

Depois, o nível de radicalização dos acontecimentos, não me pareceu de grande adesão popular, como disse um insuspeito entrevistado por lá, é uma luta entre Pobres, contra a classe média e os ricos. È o legado de séculos de dominação, rompido pela primeira vez, com a derrubada do Xá Rheza Pahlev.

Qual é a solução para o Irã? Chamar a Sétima Cavalaria ou a VI Frota Naval para "dar um jeito naquilo?". Ou termos paciência, mostrarmos que é o Povo Iraniano que tem suas responsabilidades à prova, e tratar de fomentar, através de opiniões que não se aliem ao Imperialismo Ocidental e Sionista, mesmo involuntariamente.

Um abraço

Raymundo

P.S. - Obama já iniciou a sua prim eira guerra, contra o Afeganistão. Aliás como anunciou em sua campanha, faça-se (in)justiça. Minhas barbas estão de molho.
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0 #2 parabenslucio 02-07-2009 15:18
bom artigo .Resta porem , falar a respeito das alternativas (social democracia , trotskismo , democracia popular ) , etc
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0 #1 Reto e direto, honesto e competenteMaria Josefina Suzy Leuba Sa 02-07-2009 11:44
Reto e direto, como convém a um articulista honesto e competente intelectualmente. Em tempos de hipervalorização da subjetividade (o que é lamentável já que, intencionalmente, embaça e distorce a compreensão da realidade social), Gilvan Rocha reafirma em sua análise o princípio da totalidade, referência inequívoca para a crítica e, assim sendo, instrumentalizar a ação revolucionária.
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