Correio da Cidadania

Desagregação familiar e criminalidade

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Há muito se discutem os fatores criminógenos em razão da incessante violência que vem assustando a sociedade.

 

Dentre os inúmeros fatores, destaca-se aquele que aponta para o desmoronamento da família, entendida como união de dois seres humanos, com projeto de vida em comum e que permita a ambos crescimento pessoal e superação das dificuldades que advirão certamente. Tendo como objetivo também um processo educacional, o papel parental costuma ser atendido com a óbvia divisão entre os papéis materno e paterno, sendo o primeiro centrado na nutrição, acalanto, enquanto o outro secularmente se revela como proteção em relação à mulher e à prole, surgindo como provedor das necessidades básicas do núcleo familiar.

 

Entretanto, as transformações sociais exigem mudanças radicais, com intercâmbio de funções, e os casais, aturdidos com as modificações, não conseguem superar as dificuldades, provocando insatisfações e críticas recíprocas, refletindo diretamente na educação da prole com as conhecidas conseqüências que deságuam, em regra, na criminalidade.

 

O conflito familiar, com a somatória de insatisfações, provoca desatenções constantes, em prejuízo do processo de educação, fator que aliado ao tabu do "é proibido proibir" faz com que os pais se descuidem da tarefa educativa, identificando-se, ambos, com o papel de meros supridores das carências materiais. Entrega-se a tarefa de educação à televisão, vídeo game, Internet.

 

É colocado no ostracismo o dever eminentemente ético que impõe aos pais o papel de educadores, prescindindo-se de pais travestidos de amigos que, em momento algum, podem abdicar da tarefa educativa, com outorga a terceiros. Já se disse que pais são educadores, orientadores e não predominantemente amigos, não sendo desejável, contudo, que sejam inimigos.

 

Nota-se inquietante crescimento da criminalidade na camada jovem da sociedade, em busca da satisfação de bens de ordem material, mas também se vislumbra nesse setor uma carência afetiva que empurra o adolescente para a compensação através da droga. Num encadeamento diabólico, percorre-se perigoso itinerário até a criminalidade mais violenta, consistente num primeiro momento, no furto, direcionando-se para o roubo, normalmente em busca do numerário necessário para a aquisição da droga, passando muitas vezes pelo caminho da prostituição.

 

Anestesiada pelo comodismo e pela hipocrisia, a sociedade finge não notar, fechando os olhos para a situação, às vezes bem próxima, agindo feito avestruz com o rosto enterrado na areia, esquecendo-se, porém, de que a areia esquenta, tornando-se, em razão disso, insuportável, tal e qual a onda de violência.

 

Claudionor Mendonça dos Santos é Promotor de Justiça e Associado do Movimento do Ministério Público Democrático.

 

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Comentários   

0 #5 nao seicarla andrade silva 27-09-2012 12:00
adorei esse site amei foi tudo que eu precisava
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0 #4 Superei o desprezo e arrogância na famílenoé eliane branco ribeiro 10-03-2010 11:44
Sofri por toda a minha infância, adolescência e juventude com o desprezo de meu irção mais velho e minha irmâ também, mas bem menos intenso do que meu irmão que morava na mesma cidade e era tão próximo e na verdade parecia sempre se distanciar da gente e quando meu pai faleceu colocou minha mãe num asilo e nunca me deu apoio emocional parecendo que eu não existia, a solidão era enorme e eu sendo 14 anos mais nova e a caçula da família não pude salvar meus dois velhos queridos, ele mandava em tudo e era como um ditador, mas hoje o pesadelo acabou e não morri por causa disso, lutei e estou viva e consegui uma maneira de salvar a minha vida, feliz por estar viva!!!!
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0 #3 Família, escola e mídias...Rodrigo Luiz 18-08-2009 07:12
Realmente o papel educativo da família transformou-se muito rapidamente em tempos recentes e a sua função educativa foi abafada pelas necessidades econômicas e de sobrevivência básicas que levam os pais a ficaram afastados praticamente o dia todo para sustentar a casa, enfrentando é claro os deslocamentos grandes e intransitáveis de nossas grandes cidades. Junta-se a isso a ausência ou omissão da função paterna nessa família, pois basta vermos a enorme quantidade de crianças que os pais não assumem e deixam toda a prole a Deus dará para a mãe. A escola enfrenta problemas parecidos diante das transformações e da complexidade do mundo atual, e não está conseguindo encontrar caminhos adequados para dar a respostas e soluções a tudo isso, deixando a grande mídia, em especial a televisiva, criar as subjetividades e desejos desses jovens brasileiros.
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0 #2 A questâo é social, política e históricaJoventino Silva 16-08-2009 19:35
Um Dos principais fatores que induz a tal situação se encontra na maneira como a sociedade brasileira se conformou. Essa formação patrimonialista impede que uma significativa parcela da população tenha acesso ao mínimo de direitos tais como educação, saude, emprego, moradia etc... POr isso, fica difício pra muitas famílias em acompanhar seu membros de maneira ativa e efetiva. Até porque, essas famílias precisam ser acompanhadas uma vez que foram criadas nos mesmo moldes e muito parecido.
Sem uma justa distribuição de riqueza, poder e responsabilidade a situação continuará a mesma ou pior...
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0 #1 Rui Leite 13-08-2009 20:03
Nesse imbróglio da violência familiar, no Brasil, em que a ausência da presença dos pais, como educadores, juntamente com a carência afetiva e a busca incessante por uma condição econômica satisfatória, sendo esta última precaríssima, a meu ver tem relação direta, com um mundo disforme socialmente, onde as categorias capital social, econômico e cultural, são inalcansáveis para a maioria das famílias, que certamente trariam mais discernimento para uma formação educacional consistente em termos de valores humanos. Com isso, corroborando para certa amenização de problemas dessa natureza, abordados pelo autor.
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