Correio da Cidadania

O dilema da esquerda brasileira

0
0
0
s2sdefault

 

Todo fato político de primeira grandeza é sempre o desfecho natural de um longo processo. Nessa condição, constitui um resultado pré-determinado, independentemente de circunstâncias fortuitas ou da ação política dos atores que nele intervém.

 

Sem dúvida, é sempre possível que surjam acidentes capazes de impedir ou mudar momentaneamente o desfecho natural de um processo em curso.

 

O episódio da morte de Vargas, em 1954, poderia ser visto como negação da tese aqui exposta, pois, como se sabe, a notícia do suicídio do presidente fez os tanques de guerra, já nas ruas para depô-lo, retornarem rapidamente aos quartéis, temerosos da reação popular, e que a UDN, líder da conspiração golpista, visse a vitória esvair-se entre seus dedos no curso daquele mesmo 24 de agosto de 1954.

 

Mas se a análise desse episódio for além do meramente factual e entrar no exame do processo que o mesmo integra verá que o gesto de Vargas apenas atrasou o resultado que se obteria com sua deposição. Em outras palavras: em 24 de agosto de 1954, o desfecho do processo adiado com o suicídio de Vargas já estava traçado inexoravelmente. Com Juscelino Kubitschek, eleito alguns meses depois, o processo de industrialização prosseguiu sob o comando do capital estrangeiro e não, como queria Vargas, sob o comando do Estado brasileiro.

 

Por que a esquerda não pôde evitar esse desfecho, apesar de o gesto de Vargas tê-la colocado momentaneamente na ofensiva? Porque, desde a reabertura democrática de 1945, não foi capaz de fazer uma leitura correta da conjuntura, não estudou suficientemente a dialética da industrialização brasileira, não formou militantes e dirigentes em número suficiente - enfim, não se preparou com a indispensável antecedência para um confronto que a própria teoria dizia ser inevitável.

 

O mesmo se diga do fato-golpe de 1964 e de outros dois grandes processos que se lhe seguiram: o retorno dos civis à presidência da República (1974-1985) e a liberalização da economia brasileira (1985-2002).

 

O primeiro processo terminou com a substituição de uma facção da burguesia por outra facção da mesma burguesia no exercício do poder do Estado. Nada do que a esquerda pudesse ter feito após o "acórdão" entre as duas facções em disputa no interior da burguesia (centro e direita) teria o efeito de alterar o resultado.

 

Aliás, a tentativa petista de manter a massa na rua e radicalizar a campanha das "Diretas-Já" terminou com o fracassado comício na praça do Pacaembu, em São Paulo, que não reuniu mais do que umas cinco mil pessoas. O acidente da morte de Tancredo não teria igualmente alterado o resultado, mesmo que o empossado tivesse sido, como se cogitou na época, o Ulysses Guimarães, pois, com ele ou com Sarney, o conteúdo político da Aliança Democrática estava selado.

 

Se Lula tivesse vencido a eleição para a presidência, em 1989 (o que não aconteceu por uma diferença de menos de 2%), o processo de liberalização da economia (1985-2002) poderia ter sido interrompido por algum tempo (embora não se possa ter nenhuma certeza disso), mas não a impediria, porque Lula e o PT não tinham recursos de poder suficientes para evitar o desfecho de um processo impulsionado por uma força muito superior à deles: o imperialismo e a burguesia brasileira unidos no propósito de alterar a posição da economia brasileira no sistema capitalista.

 

A melhor prova disso é a vitória de Lula em 2002, cujo resultado consistiu unicamente em pôr em prática a mesma política de seu antecessor. Se quisesse mudar, Lula seria deposto, e isto apenas atrasaria um resultado que, em 1989, já estava determinado.

 

Esta análise é crucial para definir os objetivos dos partidos de esquerda em 2010. Nem que, contra toda e qualquer expectativa, der a maior "zebra" na eleição presidencial, a vitória de um candidato da esquerda não terá o condão de alterar o processo de reversão neocolonial posto em marcha com o neoliberalismo e concretizado com a vitória de Collor em 1989. A maioria de votos e o apoio da massa popular que o governo de esquerda teria – como tinha Allende e não foi suficiente para manter-se no poder, nos anos setenta – não seriam força suficiente para alterar o curso de um processo comandado pelos setores que detêm hegemonicamente todo o instrumental requerido para o exercício do poder (a burguesia brasileira e o imperialismo). Nesse sentido, a vitória de Lula em 1989, com um programa anti-capitalista, interromperia por um tempo (e poderia até mesmo dar origem a um outro processo que provavelmente até nem seria revolucionário, como se viu na "Concertación" chilena), mas não alteraria uma trajetória nacional inexorável.

 

Portanto, o objetivo de qualquer candidatura de esquerda à presidência da República, em 2010, só terá sentido se objetivar o reinício, expurgado de seus defeitos, de um processo que vem se desenvolvendo muito lenta e sincopadamente, desde os anos trinta: o processo de amadurecimento da luta de classes no Brasil – processo este que se encontra, neste momento, provavelmente no seu nível mais baixo.

 

O erro a ser expurgado consiste em acreditar ser possível reformar o capitalismo brasileiro e dar-lhe uma cara mais humana – erro este que acompanha a esquerda desde os anos quarenta e que a tem impedido de expressar realmente (e não ilusoriamente) a luta concreta (embora difusa, dispersa, confusa e contraditória) que o proletariado brasileiro vem travando contra a dominação burguesa.

 

Não é fácil mostrar essa realidade a uma massa popular alienada, pouco instruída, presa nas malhas da "cultura do favor"; menos ainda, formular uma estratégia de longo prazo da qual derive diretamente uma tática coerente (coisa que não aconteceu até hoje) de execução.

 

No quadro básico da dependência externa do país, inalterado desde sua independência política, a nova divisão do trabalho criou uma situação inteiramente inédita para o Brasil – inédita e paradoxal.

 

Por um lado, a substituição do modelo industrial por um modelo primário-exportador aprofunda a dependência e provoca, além de permanente instabilidade econômica, um forte movimento de regressão neocolonial, que se expressa, maiormente, no plano da cultura das elites e do povo; por outro lado, a evidente viabilidade do modelo primário-exportador (tanto pelo lado da demanda externa como das potencialidades de oferta da economia nacional) traduz-se na possibilidade de um ritmo de crescimento econômico, insuficiente para assegurar a justiça social, porém suficiente para incorporar crescentemente alguns setores da massa num nível de consumo baixo, mas superior ao que estavam acostumados. O resultado óbvio desse processo é a legitimação do modelo e do regime.

 

A instabilidade econômica constitui, sem dúvida, uma característica inerente ao modelo posto em prática, mas não afetará sua legitimidade, enquanto não houver uma força de esquerda coerente e suficientemente forte para capitalizar politicamente os momentos de oscilação.

 

Todo paradoxo consiste, em essência, numa perplexidade diante do choque gerado pela presença de duas verdades incompatíveis entre si: é verdade que o país caminha para um desastre social e ecológico de proporções monumentais; mas é igualmente verdade que, após ter conseguido gerar sua dívida externa, depois de 25 anos de marginalização do sistema financeiro, está de volta a uma prosperidade, que, embora medíocre e inferior à de outros países emergentes, permite o simulacro de um processo de incorporação da população na economia de massas, e, conseqüentemente, lhe confere um certo grau de legitimação.

 

Rendendo-se à evidência deste paradoxo – e procurando conhecer a fundo a realidade dos dois processos contraditórios e simultâneos –, possivelmente a esquerda encontrará formas de atuar no interior de ambos e, desse modo, articular suas ações com uma estratégia revolucionária.

 

O problema que precisa ser imediatamente resolvido para dar início a este processo de renascimento consiste em montar uma campanha capaz de fazer um discurso inteligível, senão para toda a massa (o que é impossível), pelo menos para uma pequena parte dela, a fim de galgar um patamar de diálogo social que lhe permita estruturar-se, no curso das próximas décadas, como uma força política real.

 

{moscomment}

Comentários   

0 #23 Concreta!Henrique Cignachi 12-10-2009 00:27
É como posso chamar a estupenda lucidez desta análise, de um dos militantes com maior acúmulo que os socialistas brasileiros já puderam ter em suas fileiras.

Quanto as críticas, por mais bonitas, redondas e intelectualmente corretas possam parecer, não conseguem superar uma realidade complexa e contraditória que

vai muito mais além, mas muito mesmo, que nossas vontades individuais ou do que gostariamos que fosse ou tivesse acontecido. A maior prova disso é a própria

revolução russa e suas consequencias, tanto positivas pela experiência e acúmulo organizacional e ideológico obtido, tanto negativas pela derrota em terem na

guerra civil perdido 90% dos quadros revolucionários (o que possibilitou o avanço da burocracia stalinista sobre a massa despolitizada da Russia feudal).

Me parece que nenhum "bom marxista" da academia pode aceitar aquilo que chamam de "estruturalista", ou melhor falando, esta necessária, incisiva e dissecante

interpretação histórica, pois seu dever é para com a academia e não com a necessária e objetiva luta política - não que eu queira imputar este conceito "academico" a todos os camaradas daqui. A questão é que quem não entender dos impasses e propostas de que Plínio está falando só pode estar míope e não reconhecendo os ardilosos caminhos da luta de classes, que chegam ao ponto de infrigir derrotas profundas em nosso próprio campo teórico e prático. De forma alguma ele está propondo um caminho reformista, como se isto significasse "acumular forças"; pelo contrário, apenas no radicalismo e com um centralização democraticamente poderemos dar consequencia na organização e avanço das lutas - o que de forma alguma significa nos reibaixarmos a uma luz guiadora - pelo contrário. E alí entra a resposta concreta de "sujeitos históricos" que precisamos dar. Ele nos pede para levantar nossas cabeças para além de nossa organizações "iluminadas" - que na verdade andam cada vez mais débeis, cansadas, fragmentadas e deslegitimadas na luta de classes (digo isso citando todas as correntes da esquerda socialista revolucionária) - para olhar e organizar objetivamente a luta de classes, construindo a ou as organizações revolucionárias, ao invés de ficar esperando que por algum milagre haja um momento de ruptura que nos leve a revolução.

E aí cai por terra a tese que tentaram imputar, que esta é uma análise "estruturalista", "sem sujeitos históricos", buscando pejorativar essa bela intervenção do camarada Plínio: se nós não nos organizarmos e analisarmos a realidade objetivamente, dissecando-a e enfrentando nossos defeitos, como este texto nos propõe, entendo profundamente nossos limites e opções, continuaremos fazendo história sem saber que somos nós - homens e mulheres de carne e osso - que a fazemos e que podemos sim modificá-la!
Citar
0 #22 PCBAzarias 05-10-2009 14:17
O PCB primou pela negligência na formação de quadros e deslizou como uma pluma em fantasiosos estudos sobre conjuntura; o que ocasionou fiasco em 35,46 e 64. A deturpação dos fatos e a irreal visão que tinha sobre como se dava o embate das classes sociais no Brasil, levou Prestes a uma verborragia em suas explanações na URSS, as mesmas que ouvia-se internamente; a tal ponto isso se deu que Brezhnev virou-lhe as costas e não o recebeu mais.
Citar
0 #21 UniversalidadeAlexandre Dornelles 05-10-2009 14:06
Bom, fiquei sabendo da polêmica em torno desse editorial e resolvi comenta. Algumas pessoas, penso, não entenderam ou, talvez, se aproveitam por se tratar de artigo e não um livro, logo sem aprofundar nenhum ponto, para fazer \"interpretações\" a respeito do editorial.

Na minha opinião, e por já ter escutando no mínimo uma dúzia de vezes o Plinio nos últimos meses, a análise parte da mais pura lógica e método marxista.
Ou seja, a partir de uma visão do todo que se partiu para as conclusões, as particularidades que alguns concluiram se tratar de uma visão linear.
Veja, há uma caracterização da esquerda no texto, apontada na sua tragetória histórica e acumulos desde a \"era Vargas\", passando pelas diretas - em que é lembrado o abandono do PT do enfrentamento e opção pela classe já naquele momento - até o atual momento.

Porém, as vezes as leituras de determinadas opiniões não são bem compreendidas por não partirem do mesmo ponto arquimédico. E, talvez aí, esteja o problema de quem lê e de quem escreveu. Como é um texto de \"tiro curto\" fica difícil acertar \"a mão\", mas é preciso fazer um esforço, sem preconceitos, de se tentar compreender cada ponto, exemplo, argumento levantado.
Num todo, o que se quer dizer, é que a esquerda - e aqui com peso maior para o PT, por ser sua maior expressão - não acumulou em toda sua tragetória nem mesmo o que se conseguiu na Venezuela, Bolívia e Equador.

Sobre 1989, ou mesmo hoje, é preciso, também, analisar a própria democracia burguesa existente no país. Entre outras coisas, o legislativo não representa a maioria da vontade do povo no seu voto ao executivo. É ingovernável, nos marcos da democracia burguesa, qualquer projeto minimamente de esquerda como foi Allende e hoje nos referidos países da A.L já mensionados.
Sendo assim, mesmo que em 1989 Lula tivesse ganho, qual seriam suas condições concretas de um governo que conseguisse avançar contra o capitalismo?
Não tenho bola de cristal, mas, os fatores levantados - não dirigido pelos trabalhadores de fato, com minoria no legislativo e conjuntura totalmente desfavorável em termos de aliados em toda A.L - fazem acreditarmos de que a TENDÊNCIA era de que acontecesse justamente no máximo o que o Plinio falou: retardar os ataques.
Evidente que com a eleição de Lula, talvez, as massas voltassem as ruas, aliados na A.L surgissem e com isso iniciasse um processo de radicalização completa no país.
Todavia, até mesmo na URSS, após a revolução de outubro de 1917, a história nos mostra que ao ser eleito a tendência é a de haver refluxo nas mobilizações.

Temos, enquanto militantes socialistas, deixar de lado a ideia de querer resolver tudo o quanto antes e pensarmos a longo prazo. Nesse sentido, as eleições deve servir no momento não para fazer votos, e sim, mesmo que num primeiro momento a grande maioria da população não entende o defendido/proposto, para reorganziar o conjunto dos movimentos sociais, lutadoras e lutadores, assimo como apresentar um polo, uma alternativa para a classe.

Abs
Alexandre
Citar
0 #20 LUIZ CARMO 03-10-2009 07:43
Caro Ronaldo Oliveira,
O pior cego é aquele que não quer ver. Ou por ignorancia ou por esperteza.
Veja o que o Renato falou.
\" Concordo com o Luiz Carmo. A visão do autor é extremamente estruturalista. A história parece não ser feita por homens reais em circunstâncias reais, mas é guiada por desígnios intangíveis e definidos para uma realidade acima da ação humana. É certo que os homens não fazem a história como a querem, mas a fazem. A visão de história explicitamente definida no texto é a de uma história sem sujeitos, com todos os atos humanos (caso do suicídio de Vargas), não passando de gestos trágicos incapazes de alterar os rumos pré-definidos da história. O texto é muito ruim e, além de não apontar caminhos que resultam das contradições da vida como nos ensina a boa e velha dialética, trabalha com uma visão pessimista e muito rebaixada diante das enormes tarefas que a esquerda anticapitalista brasileira possui\". Há liberais mais avançados que você, meu caro.
Se esse é o PSOL que você defende, fiz bem em nunca me filiar a ele. Não acho que o PSOL seja tão diferente do PT.
Aliás, não me surpreende discursos como o seu em querer ciar turbulências onde não existem com o objetivo de esconder o debate principal. Pedi autocrítica como qualquer camarada pediria a mim. Mas, você é craque em dissimulações. Qualquer resposta que você me der não terá resposta, até porque, como já disse, esse debate se tornou um debate de surdos.Tinha decidido não mais participar deste tópico. Respondi apenas para dizer que a arrogância é propria daqueles que se escondem atrás de subterfúgios. Esse comportamento é próprios dos pequenos tiranetes que esperam apenas a hora certa para se revelar.
Para mim, este assunto está morto. Vamos debater outros assuntos.
Desculpem-me uma certa aspereza.
Citar
0 #19 Politica no sentido partidáriol.conor 02-10-2009 10:20
Não é exstsmrntr minha orimeira ou segunda área de interesse, contudo não vivcemos sem "esta"ou c/endeusamento do Lula e seus pés de barro e anuência a forças dominantes e sobretudo ao capital estrangeiro; contudo vai ficar bem na "História do país" e
dentro do panorama política mundial, ao ponto de complicar a nova escolha presidencial. L.C.
Citar
0 #18 Fermentar da massaEdmilson Matins de Oliveira 01-10-2009 18:40
Edi, o seu comentário está "porreta". É isso mesmo. É preciso sair dos sites e blogs e ir ao encontro das massas. Aliás, ficar distante da massa e aboletada na máquina do Estado tem sido o erro das esquerdas. Excelente o seu comentário.
Citar
0 #17 Estrutura, Governo e Luta de ClassesProf. Édi Augusto Benini 01-10-2009 13:56
Creio que as questões apontadas por Plínio são cruciais e decisivas sim, mas não posso deixar de compreender as preocupações do colega Luiz.
Acho que podemos encarar estruturas como condicionantes, mas não como determinantes de tudo. Afinal, se tudo está determinado, de fato não há muito a se fazer, e sem dúvida esse não era o argumento do editorial, apesar de induzido pelos exemplos. Também não podemos cair no idealismo voluntarista que acha que tudo é possível, basta “querer”!
As estruturas existem, e condicionam e pautam grande parte das nossas ações, entretanto existem ações defensivas a esta estrutura (como a luta por direitos sociais, pleno emprego), ações que buscam blindar ou manter tal estrutura (como a propaganda ideológica conservadora dos grandes meios), como também ações que podem afetar o coração e a lógica que mantém as estruturas de dominação e exploração.
Obviamente que um governo, isolado de uma base social ampla, não transforma nada, mas não deixa também de ser um personagem especial na luta de classes, atuando ou para fortalecer o capital e enfraquecer lutas populares, ou vice versa.
Acho importante que todos nós, pessoas e forças sociais consciente da necessidade histórica de superar o capital, aprendemos muito e muito com a história e o embate.... as lutas, reflexões e sangue de outros bravos companheiros não foram em vão... existe sim um acúmulo enorme de experiências e conhecimentos nada desprezível, é um grande erro encarar as várias tentativas de superação do estabelecido como fracassos... cabe sem dúvida intensificar a formação popular, troca intensiva de conhecimentos, debates, teoria e prática, prática e teoria, práxis, aglutinar lutas e forças, combater a falsificação e manipulação ideológica, não ceder as tentações reformistas ou conciliatórias com o capital, não cair na armadilha da luta eleitoreira e personalista, mas sim na conscientização e construção coletiva de projetos e alternativas de implantes socialistas, usando o aparelho estatal, que é do povo, efetivamente para o povo...
Citar
0 #16 o dilema da esquerda brasileiraédi 01-10-2009 09:53
Um forte abraço ao Plínio.

Certa época participei de um seminário que o Plínio coordenou onde o prof. Konder fez uma brilhante análise do Brasil, estavamos no final dos anos 80, com todo aquele entusiasmo com o PT, etc. A história acabou nesse governo meia-boca a que estamos assistindo, de braços com os coronéis do nordeste. Agora temos a MARINA como novidade. E ela pode emplacar com seu discurso ecológico classe média, ainda mais com seu histórico a la chico mendes. Precisamos criar um movimento nacional de discussão de nosso passado, nosso presente e nossos projetos para o futuro do Brasil e da América Latina, chamando todos os personagens. Creio que algum acerto o pt trouxe, senão não teríamos tanta gente vinda de baixo participando da vida política nacional. Precisamos, também, que os intelectuais de esquerda, como o Plínio, o Konder Comparato, o frei Betto, Dallari e tanta gente (ainda viva), saiam de seus sites e vão ao encontro dos estudantes, trabalhadores, donas-de-casa, num novo movimento de massas como o que originou o pt. O mal é que os intelectuais ficaram meio que distantes da massa, e muita gente está meio que aboletada na máquina do estado, toda tranquila enquanto o povo continua ralando e escolhendo mal seus representantes. O resto será conseqüencia. Se não partirmos para um fermentar da massa, daqui a cinqüenta anos irão continuar brilhantes análises de um país ainda nas mãos das burgueslites...
Citar
0 #15 O dilema da Esquerda brasileiraEdmilson Martins de Oliveira 28-09-2009 19:27
Ronaldo, o que eu quis dizer, em resumo, é que a Esquerda, em nome da revolução, preferiu fazer aliança com a burguesia, ao invés de fazer aliança com o povo. Esse foi e está sendo o grande equívoco. O Plínio convida à retomada do proceso de amadurecimento da luta de classe, processo esse, abafado, por causa das equivocadas tomadas de posição, por parte das esquerdas, ao longo dos últimos 70 anos.
Como dizia o Gonzãgão: 'Não esquecer o povão".
Citar
0 #14 Só fazem aucríticas os que veem erros emRonaldo Oliveira 25-09-2009 20:07
Calma com o andor, Luiz.
Querer forçar autocrítica a alguém que não percebe seu erro beira a arrogância. Já passou pela sua cabeça tentar fazer a sua autocrítica?
Digo isso por que olhando daqui não percebi grandes diferenças nas proposições. Por não ter visto estruturalismo no editorial, por vê-lo contrário ao "reformismo", percebo que há acordos em todos que aqui se colocaram.
Talvez haja uma discordância, não tão evidenciada, mas apontada genericamente por Edmilson: a visão de muitos que, olhando somente a poucos metros de si mesmos, acreditam que as condições objetivas para a revolução está posta, basta que joguemos a primeira pedra.
Edmilson, chamou de "fazer a revolução sem o povo", mas apontando para a outra direção possível, as alianças com a burguesia.
O pessimismo na avaliação não significa deixar de ser otimista na ação, e foi o inverso disso que Plinio sugere.
Faz uma leitura pessimista da realidade atual e, otimista que é, sugere que comecemos já, hoje, o processo de mudança da história segundo nossos interesses. Construíndo bases concretas para a constituição de um Povo organizado, das condições subjetivas para a revolução. Que poderia, sim, se iniciar até mesmo num processo eleitoral, como nos países visinhos.
Mas discordo de Plínio quando fala de 1989. Naquele momento haviam outras condições, lembrando que foi o ano que mais houve greves e ocupações no Brasil. Talvez o PT não estivesse pronto para, ou não quisesse, governar sob pressão popular (será que isso levou ao Lula frouxo do debate com Collor??), pois já tinham escolhido a institucionalidade burguesa como meio para ... sabe lá o quê.
Saudações Ecossocialistas, logo, Libertárias
Axé
BAguinha
Citar
0
0
0
s2sdefault