Uma barriga monumental
- Detalhes
- Luiz Antonio Magalhães
- 26/09/2009
No último sábado (19/9), fez dois meses que a Folha de S. Paulo publicou, em edição de domingo e na primeira página, um dos maiores absurdos da história do jornalismo brasileiro, que pode ser conferido abaixo, na reprodução da capa daquele fatídico dia: "Gripe suína deve atingir pelo menos 35 milhões no país em dois meses", vaticinou o jornal.
Este observador já escreveu sobre o assunto (aqui e aqui), o próprio ombudsman do jornal repreendeu a Redação, mas é preciso voltar ao tema para que os leitores tenham a exata dimensão da barbaridade publicada pela Folha em 19 de julho. Se de fato 35 milhões de brasileiros tivessem sido contaminados pela gripe suína – Influenza A (H1N1), no nome científico –, pela estimativa de letalidade publicada na imprensa (0,6%, em média), 210 mil brasileiros já deveriam ter morrido da doença. Até domingo (20/9), porém, foram notificadas exatas 1.031 mortes em decorrência da gripe suína. A cada ano morrem, da gripe "normal", cerca de 4,5 mil brasileiros, especialmente no inverno.
Sem limites
A verdade é que a Folha cometeu terrorismo ao levar para primeira página um título irresponsável e jornalisticamente inaceitável, como deu a entender o ombudsman do jornal. Uma reportagem como a que saiu no jornal que se arvora o mais importante do país serve apenas para disseminar o pânico, deixar a população amedrontada.
Agora, dois meses após o vaticínio, terá a Folha a coragem necessária para reconhecer o erro? Ou será que vai tudo passar em brancas nuvens, sem maiores esclarecimentos. Os leitores do Correio e do jornal já sabem: a gripe suína nem de longe infectou 35 milhões de brasileiros. E nem vai infectar, até porque a vacina já está praticamente pronta para ser aplicada em larga escala no país. O mínimo que o leitor do jornal merecia, portanto, é uma reportagem explicando por que o jornal cometeu um erro de avaliação tão grotesco. Uma notinha escondida na coluna "Erramos" não é suficiente para reparar o que saiu na primeira página de uma edição dominical.
No fundo, a tal gripe suína foi mais uma grande cascata da imprensa, como o Ebola e certas "crises políticas" geradas no conforto das redações. A irresponsabilidade deveria ter limites. Na Folha, ao que parece, não há limites.
Luiz Antonio Magalhães é jornalista e Editor Executivo do Observatório da Imprensa, onde este texto foi originalmente publicado.
{moscomment}
Comentários
Portanto acho que pode não ser uma \"barriga\" mas muita gente enche a barriga.
Petronílio Cedraz
Demorou-se muito para tudo. Os 22 pontos de fronteira seca entre a Argentina (grande emanadora de contágio) e o RS, só passarm a ser fiscalizados (são totalmente abertos), já com andamento de mais de duas dezena de mortes no Estado gaúcho.
No Rio, embora esteja em vigor ainda, aquele Ato Presidencial, considerando a Saúde da cidade do Rio em Intervenção Federal, foi o que se viu. Um descalabro, onde sequer aquelas lonas e mobilização dos profissionais de saúde Forças Armadas foram armadas, senão quando a histeria e desgastes com deslocamentos penosos, desnecessários e perigosos se faziam da periferia para os Centros de Referência, isto é, os Grandes Hospitais, estes combalidos, mas ao menos abertos, ao contrário da Rede de Atendimento Básico da periferia QUE SEQUER FUNCIONA.
Isso associado ao regime de terceirização dos plantões e atendimento médico deu no que deu. Médicos terceirizados, simplesmente não iam ao trabalho (pela exposição real a riscos pessoais, pelo caos formado) e simplesmente têm (ou não) seus contratos reincindidos, com a Cooperativa (empresa contratante, sem penalizações,.
A ENSP e a FioCRUZ (no Rio) e os Centros de Excelência das Universidades tiveram papel muito pequeno, senão nulo, na questão. Em Niterói, por exemplo, a discussão era se a emergência do principal hospital e tradicional da cidade, o Antônio Pedro (coitado do homenageado pelo nome) era se a emergência devia continuar fechada ou não...continua fechada.
A mentira governamental e de alguns tecnocratas da Saúde Pública Brasileira, de que esta gripe \\\"é como outra qualquer\\\", fez com que se demorasse a detectar que as grávidas e crianças de de pouca idade têm um índice de morbidade e mortalidade mais alto. Ceifaram-se muitas vidas, por esta estupideses.
E, para terminar, a incapacidade do Sistema em adotar o aconselhamento da População adotar medidas popularmente conhecida, como o uso da própolis, geléia real (esta para os ricos), guaco, agrião, acerola e cítricos em geral, suco de couve com cítricos, a popular banana, Capim limão (riquíssimos também em vit. C), e o ANIZ Estrelado (matéria prima do TAMIFLU - aniz este que a ROCHE compra 90% da produção mundial), ou o brasileirissimo e farta por aqui ERVA DOCE, como forma de manter PARTE da população mais protegida, o que em números estatísticos, ajudaria a diminuir os sinistros pessoais. Ao contrário, ouvi de muitos médicos \\\"doutores em academicismo da saúde pública\\\", mas pouco de saúde pública, que \\\"não recomendamos o que não é Cientificamente Comprovado\\\". É o que dá só ler as revistas dos laboratórios Internacionais...
E não é pouca coisa termos sido o quaro ou quinto país em mortes (em ralação a população) e o maior em mortes absolutas com a Gripe Suína.
Assim, reafirmando que devemos denunciar o besteirol reacionário da mídia, penso que não devemos perder de vista as análises REAIS do desenmpenho de um governo, o Federal que gasta MENOS de 5% do orçamento Público na saúde, enquanto Mais de 30% para o pagamento de uma Dívida Pública, a Rainha do pagode da Especulação Financeira.
Nem tanto ao mar....
Assine o RSS dos comentários