Correio da Cidadania

Os patrioteiros

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No dia 6 de outubro passado, tivemos um evento digno de júbilo. Depois de 37 anos, conseguimos sepultar os restos mortais do guerrilheiro Bergson Gurjão. Foram anos de torturas e de ansiedade. Não sabíamos o paradeiro daquele que se imaginara ter se sacrificado por uma boa causa, a libertação nacional.

 

Ora, para os comunistas, a grande causa é a libertação da humanidade dos grilhões do capitalismo. Pátria é um truque usado pela burguesia para enganar o povo. O que ela nos costuma chamar de nossa pátria é a pátria deles, pois as terras são deles, assim como as fábricas, as minas, os grandes transportes, os grandes comércios, os bancos, enfim, a vida fácil de privilégios e segurança. O que resta ao povo é uma pátria sem emprego, de baixa renda, com a fome, transportes carentes, isto é, quando os tem.

 

E eles nos induzem a amar a "nossa" pátria que só merece ser amada por eles que se locupletam de suas vantagens e submetem o povo às mais dantescas necessidades.

 

O pior é que esse truque sempre vem dando certo, sobretudo nas guerras. Eles colocam pobres, trabalhadores para se matar entre si, em defesa da pátria que é deles, dos ricos, esquecendo a grande lição do Manifesto Comunista de que "o proletariado não tem pátria".

 

O pior, o mais grave, é que a burguesia faz com que, num triste gesto, os patrioteiros de ontem sejam cooptados pelo grande capital, com festas e charangas, convertendo-os em ilustres senadores da República – deles. Modestos professores convertidos em deputados federais, na Câmara Federal. Quase governadores de São Paulo, diletos representantes do mensalão, cujo objetivo era se perpetuar no governo como porta estandarte da patriotada.

 

Tranqüilize-se a burguesia. Que durma em paz. O capitalismo com uma esquerda dessa natureza deverá dormir o sono plácido da eternidade deitado em berço esplêndido.

 

Correm nos olhos revolucionários as lágrimas de desespero em ver a hegemonia absoluta do capitalismo reinar sobre a face da terra com o empenho sagrado desses patrioteiros que, equivocados ou não, são cúmplices de tão dramático espetáculo.

 

Gilvan Rocha é presidente do CAEP - Centro da Atividades e Estudos Políticos.

Contato: Este endereço de email está sendo protegido de spambots. Você precisa do JavaScript ativado para vê-lo.

 

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Comentários   

0 #3 Patriotismo é imprescindívelAntõnio Augusto 20-10-2009 15:42
O falso patriotismo, oco, vazio, do "Brasil, ame-o ou deixe-o", da ditadura, responsável por escancarar a dependência econômica do país ao criar uma dívida externa fabulosa, foi o contrário do autêntico patriotismo.

Para os patriotas, e demais opositores populares, a ditadura impunha a tortura e o "deixe-o" do "slogan" infame.

Patrioteiro, como a ditadura, foi também FHC, que se enrolava na bandeira do Brasil no estúdio, na campanha eleitoral televisiva, e no governo entregou nosso patrimônio público no criminoso, gigantesco e entreguista programa de privatizações de venda da pátria.

O Brasil precisa do patriotismo dos brasileiros, necessidade atestada agora, entre outros exemplos, na defesa do pré-sal e do nosso petróleo.

Bergson e tantos outros patriotas e comunistas deram a vida na luta contra a tirania; foram o contrário dos patrioteiros da ditadura, dos vende-pátria como FHC.

Os comunistas podem se orgulhar de terem defendido o Brasil, o nosso povo, terem levado adiante a luta pelo socialismo, mesmo sob uma ditadura das mais cruéis.

A atitude revolucionária é também a mais consequente atitude patriótica. Não por acaso a revolução socialista cubana tem por bandeira "Pátria ou morte!".

Ao contrário do expressado da maneira mais infeliz, e equivocada, pelo artigo, o internacionalismo e o patriotismo dos comunistas são aspectos indissolúveis da mesma grande luta, a libertação da humanidade da sujeição ao capitalismo.
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0 #2 Pátria ou morte!Augusto Buonicore 19-10-2009 15:37
Caro Gilvan

Essa tese não é correta. A grande contribuição dos comunistas foi, seguindo a tradição iniciada por Marx e Engels, saber colocar-se à frente das lutas democráticas e de libertação nacional. Nesse sentido Lênin, Sandino, Mao, Fidel, Ho Chi-minh foram grandes patriotas.

Os revolucionários chineses, cubanos, vietnamitas lutaram como gigantes para garantir a liberdade de suas pátrias ameaçadas pelo imperialismo. Assim, quem não tem pátria é a burguesia.
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0 #1 gostaria de saber mais sobre o assuntorosa maria marques 19-10-2009 12:17
Prezado senhor
Pela leitura de seu artigo, fique sem saber das circustâncias da morte de Bergson Gurjão, bem como da localização de seus restos mortais. Pediria, dentro do possível, que essas circustâncias fossem tornadas públicas.
Abraços
Rosa Maria Marques
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