Correio da Cidadania

Hoje, viva Lula!

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Fora do anarquismo, na prática, há expectativa e frustração. De forma alguma há salvação.

É bom deixar claro que falei de mim, do que vivi nos últimos dez anos, das experiências que tive é da conclusão a que cheguei. Acredito em quem vive os processos e soma na construção de projetos que visam transformar para além do Estado, mesmo que tenham pontos de contato. Isso, para mim, é anarquismo na prática. Nunca li teoria anarquista. Admiro quem o fez, ainda tenho tempo.

Dito isso, o mundo em que vivíamos até a pandemia dará, está dando, lugar a um novo mundo, novas instituições e perspectivas, que serão boas e ruins dependendo de quem esteja vendo.

O que temos no Brasil é um campo de concentração de vírus de forma descontrolada incentivada pelo governo federal atual. Em um momento crucial, o Estado brasileiro está sob controle de um arranjo que não possibilita sequer a sobrevivência da maioria da população.

Até agora o contraponto é feito pelas ações “menores”, cotidianas, de solidariedade. Também por instituições públicas de ensino, pesquisa e extensão que resistem como podem e contribuem para atenuar a tragédia que atravessa o país. Outros exemplos mais podem se somar a essa lista de exemplos, não pretendo ser exaustivo.

A oposição se virtualizou e nesta quarta, 11, teve com Lula uma possibilidade de se concretizar. Possibilidade que surgiu de uma decisão do judiciário poderoso. O discurso de Lula é importante. Traz um sopro de vida em meio a um cenário que até então era apenas de celebração da morte.

É a isso que quero louvar. Aprendi a ter e vou continuar tendo diferenças em relação à tática eleitoral, mas no cenário atual deixaria claro meu voto por Lula.
Ainda é cedo, ele nem é candidato. Ele também não foi tão enfático quanto eu gostaria para pedir o impeachment, mas isso não importa hoje.

O que importa é que o presidente passa a temer. Ainda não teme o povo que morre a cada dia mais pela pandemia, mas teme um adversário que não tem cacife para enfrentar e, melhor ainda, que não esperava enfrentar.

Lula é esperança, expectativa ou frustração, mas não é morte. Portanto, vivo um viva Lula hoje, que pode ser renovado amanhã!

Marcelo Castañeda é sociólogo e professor da UERJ.

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