Correio da Cidadania

Guerra da Ucrânia: de volta ao noticiário em breve

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Presidência da Ucrânia / Divulgação

A concentração de boa parte do globo localiza-se no Catar, o primeiro governo médio-oriental a sediar a Copa do Mundo, competição de trinta e duas seleções na qual nem Rússia, nem Ucrânia participaram:

Moscou por ter sido suspensa de associações futebolísticas por causa da invasão à vizinha no final de fevereiro e Kiev por não ter-se classificada em junho na repescagem das eliminatórias do torneio ao jogar contra Gales - https://www.fifa.com/tournaments/mens/worldcup/qatar2022/media-releases/bureau-of-the-fifa-council-takes-initial-measures-with-regard-to-war-in.

Durante a Guerra Fria, a Grã-Bretanha (GB) desfrutava da possibilidade de ter até quatro times na maior disputa mundial do futebol ao passo que a União Soviética (URSS), embora composta por vasto número de nações, não.

Chama também a atenção a ausência de realização do aclamado evento esportivo naquela época no leste europeu – região identificada por Winston Churchill em março de 1946 de Cortina de Ferro – enquanto no oeste houve seis – da Suíça em 1954 à Itália em 1990 sem esquecer-se de mencionar a Suécia em 1958, marco da primeira vitória brasileira.

Com o desaparecimento do bloco soviético no início da década de 90, a Rússia seria o representante de destaque a datar de 1994 dos países oriundos dele, conquanto o modesto desempenho se comparada ela com partícipes como Brasil, Argentina ou Alemanha.

Apesar da importância política e econômica do certame quatrienal, onde figuram trinta e duas equipes em solo catarense observadas por centenas de milhões de pessoas de modo simultâneo, ele não foi capaz de provocar uma interrupção das tensões diplomáticas ou dos conflitos militares ao redor do planeta, como o russo-ucraniano, agravado em seus desdobramentos junto à população civil pela chegada do inverno.

Ataques recíprocos continuam em ritmo similar, malgrado a impossibilidade de anexações mais extensas ou de recuperações definitivas, de sorte que há custoso impasse. O Kremlin mantém a retórica, mesmo sem entusiasmo: a mobilização ocorre em decorrência da liberação de territórios e das respectivas comunidades russófilas do jugo opressor.

Na outra ponta, Mariyinsky firma o enunciado da necessária resistência em virtude da perspectiva de perder cerca de um quinto do próprio país, já abalado pela perda da Crimeia em março de 2014. Contudo, Washington, aliado incondicional, avaliou até o momento comprometer-se apenas com a devolução das áreas conquistadas no corrente ano - Donetsk e Lugansk em essência - não a de período anterior.

A fundada justificativa é o receio de ocasional reação de uma Rússia humilhada por meses, algo a assombrar os Estados Unidos, França e Alemanha, não só por causa do poderio nuclear do adversário, mas pela vontade de empregá-lo.

Por fim de contas, estender a recomposição da Ucrânia à absorção da Crimeia não os arrebata, a despeito da expectativa diferente dos antigos componentes da aliança soviética como Polônia, Letônia, Lituânia e Estônia, desejosas do enfraquecimento castrense e, por conseguinte, político do líder de outrora.

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Virgílio Arraes

Doutor em História das Relações Internacionais pela Universidade de Brasília e professor colaborador do Instituto de Relações Internacionais da mesma instituição.

Virgílio Arraes
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