Correio da Cidadania

Eleições na Venezuela

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Maduro encerra campanha com 1 milhão de pessoas na | Internacional
Os venezuelanos já estão preparados para as eleições presidenciais que acontecem em 28 de julho deste ano. O eleito governará por um mandato de seis anos. Dez candidatos disputam o cargo, mas a eleição está bastante polarizada entre Nicolas Maduro, que é o atual presidente, e Edmundo González, o candidato escolhido pelos mais fortes partidos de oposição. Ele entrou no páreo no lugar da conhecida opositora María Corina Machado que foi inabilitada pela justiça em razão de não ter apresentado prestação de contas de auxílios que recebeu quando deputada da Assembleia Nacional.

Nicolás Maduro não vai bem nas pesquisas, que dão vantagem ao candidato da oposição. A mídia local tem feito intensa campanha contra o atual governo, louvando a oposição que é financiada e apoiada, como sempre, pelas potências que seguem de olho no petróleo da nação bolivariana, em especial os Estados Unidos. Durante longos anos os EUA promoveram uma intensa guerra econômica contra a Venezuela, inclusive com roubo dos recursos do país que estão em bancos estrangeiros e com bloqueio de produtos, como foi o caso das vacinas em plena pandemia. Um verdadeiro crime contra o povo venezuelano que foi olimpicamente ignorado pelo mundo, salvo raras exceções. Não fosse a ajuda da Rússia e Cuba que enviaram vacinas, teria sido bem mais difícil o enfrentamento da Covid-19.

Por conta da guerra econômica, a Venezuela enfrentou desabastecimento e inflação altíssima durante bastante tempo, o que levou muita gente a sair do país em busca de vida melhor. Mas, apesar de todos os ataques, o governo de Nicolas Maduro conseguiu virar o jogo e hoje a Venezuela está com a inflação controlada, conseguiu garantir crescimento econômico, além de ter promovido o plano “Vuelta a Pátria”, trazendo de volta milhares de famílias que migraram nos anos mais duros. Ainda assim, o enfrentamento do bloqueio não tem sido fácil. Muitas das conquistas populares conseguidas durante o governo de Hugo Chávez tiveram de ser reavaliadas e hoje a moeda que manda na economia local é o dólar. Ainda assim a ideia do bolivarianismo segue forte e isso se pode ver nas significativas manifestações de apoio ao presidente Maduro em vários pontos do país.

A oposição, que por muito tempo tentou criar a ideia de um governo paralelo com a figura patética de Juan Guaidó precisou mudar de estratégia. A única coisa que Guaidó conseguiu foi empobrecer ainda mais a Venezuela e provocar a guerra econômica que tanto prejuízo deu à população. Por outro lado, como obviamente os problemas econômicos seguem sendo grandes, a oposição encontra campo fértil para plantar a ideia de que, com eles, as coisas podem melhorar, porque afinal, são amigos dos Estados Unidos. As redes sociais têm atuado bastante nesse diapasão.

Para quem conhece a história isso é bem fácil de rebater, afinal, nas décadas e décadas de governo da elite conservadora a amizade com os Estados Unidos só serviu para enriquecer empresas estadunidenses e alguns poucos graúdos locais. É fato que Maduro não é Chávez e o bolivarianismo enfrenta problemas de corrupção e emagrecimento das políticas. Mas, ainda assim, a população organizada ainda tem algum poder. De qualquer forma, não dá para subestimar o poder das velhas aves de rapina que apostam no descontentamento de parte dos venezuelanos. O discurso de que “com os Estados Unidos” é melhor tem feito seus estragos.

Edmundo González Urrutia tem centrado sua campanha com a promessa de colocar um fim no chavismo o que, na prática, significa voltar a vida a como era antes de 1998, de novo de joelhos diante do império.

No próximo dia 28 de julho, o país que tanto chamam de “ditadura”, vai às urnas outra vez, democraticamente como sempre foi após 1998, depois de virar o leme do país com Hugo Chávez. E, de novo, é o povo quem vai decidir.

Mais de 635 observadores internacionais estarão na Venezuela para acompanhar as eleições que comprovadamente, apesar de todas as mentiras e falsas denúncias, têm sido limpas e livres.

Conheça os candidatos:

Nicolás Maduro

O atual presidente do país busca sua reeleição. Passou por grandes turbulências provocadas por uma guerra econômica contra a Venezuela, mas já colocou os país de volta nos trilhos.

Edmundo González

Candidato da oposição mais à direita, pela Plataforma Unitária Democrática (PUD). Disputa no lugar de María Corina, que foi inabilitada pela justiça.

José Brito

Atual deputado na Assembleia Nacional, representa os partidos de oposição Primero Venezuela, Venezuela Unida y Unidad Visión Venezuela

Luis Eduardo Martínez

Candidato pelo Partido Acción Democrática, atualmente deputado na Assembleia Nacional.
Javier Bertucci

Pastor evangélico ligado a vários escândalos de corrupção. Também deputado na Assembleia Nacional é candidato pelo partido El Cambio.

Daniel Ceballos

Ex – prefeito de San Cristobal, sempre foi opositor a Chávez. É candidato pelo partido Asamblea de Renovación y Esperanza País (Arepa).

Benjamín Rausseo

É um conhecido comediante da televisão, sem experiência na função pública. Concorre pelo partido Conde.

Antonio Ecarri
Advogado candidato pelo partido Alianza Lápiz. Apresenta-se como candidato do centro.
Enrique Márquez

Candidato do partido Centrados en la Gente.

Claudio Fermín

Candidato do partido Soluciones por Venezuela. É a terceira vez que concorre e está na política desde 1984.

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Elaine Tavares

Elaine Tavares é jornalista e colaboradora do Instituto de Estudos Latino-Americanos da UFSC

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