Correio da Cidadania

É contra a direita bandida, estúpido!

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Tarcísio, Ricardo Nunes e Bolsonaro
Bastava uma análise objetiva da situação da luta de classes baseando-se no arsenal teórico acumulado pelo movimento operário para prever uma disputa acirradíssima e desleal contra o Boulos. A Faria Lima e a especulação imobiliária encabeçaram uma frente ampla que unificou o centro, a direita, o bolsonarismo e até o crime organizado contra o candidato do PSOL. Nenhum setor burguês ou do aparato do Estado, incluindo o judiciário que nada fez contra os desmandos do Marçal, ficou de fora.

A Faria Lima e a especulação imobiliária encabeçaram uma frente ampla que unificou o centro, a direita, o bolsonarismo e até o crime organizado contra o candidato do PSOL. Nenhum setor burguês ou do aparato do Estado, incluindo o judiciário que nada fez contra os desmandos do Marçal, ficou de fora.

O objetivo maior é impedir o crescimento de uma liderança nova e combativa na esquerda brasileira. Vale tudo. Vale a utilização sem o menor constrangimento da máquinas do estado e município, obras eleitoreiras, apoio financeiro e de estrutura do capital aos dois bolsonaristas, parcialidade descarada da mídia hegemônica, debates montados, difamação, prontuário falso e todo tipo de fakes divulgados na redes sociais sem qualquer atitude da justiça eleitoral.

Porém, graças à trajetória de Boulos, construída durante anos “amassando barro” nas ocupações organizadas pelo MTST e liderando mobilizações de rua contra Bolsonaro, sua capacidade política, a dedicação da militância dos partidos que compõem a frente e o apoio do Lula chegamos ao segundo turno.

A esquerda precisa sair da defensiva, apresentar um projeto anticapitalista que dê esperança às pessoas.

Muito se discute sobre ser antissistema. Para nós ser antissistema significa agregar direitos e poder político para o nosso povo, numa perspectiva revolucionária. Para a extrema-direita é a antipolítica, antissistema de direitos trabalhistas e previdenciários, antissistema público de saúde, antissistema público de educação etc.

Este mesmo sentimento desilusão “com tudo que está aí” foi estimulado pelo capital contra a esquerda e galvanizado pela extrema-direita para dar o golpe em 2016 e prender Lula. Não é coincidência o fato de que muitos dos que acham que devemos ser “antissistema”, sem qualificar o conteúdo desta expressão e a forma concreta e realista de se acumular contra o sistema capitalista , flertaram com os atos da extrema-direita com a proposta “radical” de “Fora Todos”.

Debatendo o conteúdo e não a forma, a rejeição a Boulos se deve a sua postura firme contra o verdadeiro sistema, expressado nas ocupações, na defesa dos sem-teto nas ações de reintegração (como na simbólica Pinheirinho em São José dos Campos), nas mobilizações mais contundentes contra Bolsonaro e das posições corretas do PSOL. Posições que as igrejas evangélicas utilizam contra o conjunto da esquerda.

Muitos camaradas de esquerda preferem se omitir do processo eleitoral de São Paulo ou, pior ainda, se somar à campanha que tenta desmoralizar Boulos. Não pensam no contexto geral da luta contra a extrema-direita, preferem fortalecer suas posições na disputa interna da esquerda.

Virar votos no segundo turno

Há muito aprendemos como proceder nos períodos adversos. Estamos acostumados a “tirar leite de pedras” em situações difíceis, e despertar os trabalhadores, trabalhadoras e a juventude em toda sua diversidade para fortalecer suas reivindicações e organização.

Mas como dizia Lênin: “Não é difícil ser revolucionário quando a revolução já rebentou e se inflamou, quando todos aderem à revolução por simples entusiasmo, por moda e por vezes até por interesse numa carreira pessoal. Mas ‘libertar-se’ de tais revolucionários de meia tigela custa ao proletariado, após a sua vitória, os esforços mais duros, dolorosos, poder-se-ia dizer torturantes. É muitíssimo mais difícil — e muitíssimo mais valioso — saber ser revolucionário quando ainda não existem as condições para a luta direta, aberta, autenticamente de massas, autenticamente revolucionária, saber defender os interesses da revolução (mediante a propaganda, a agitação e a organização) em instituições não revolucionárias e muitas vezes francamente reacionárias, numa situação não revolucionária, entre massas incapazes de compreender imediatamente a necessidade de um método revolucionário de ação”.

A nossa paciência revolucionária nos faz ampliar o diálogo, compreender as dificuldades que a ultradireita tenta nos impor, aprofundar depois do segundo turno os balanços eleitorais mais conclusivos.

É hora de arregacar as mangas e ir para o segundo turno com confiança de que estamos numa disputa política. As prefeituras e vereanças que conquistamos, as novas figuras públicas projetadas e os valores divulgados no período eleitoral serão pontos de apoio para continuidade da luta de massas contra o fascismo no terreno eleitoral e na ação direta.

O momento é agora.

Paulo Pasin é metroviário aposentado do Metrô de São Paulo (SP) e ex-presidente da Fenametro (Federação Nacional dos Metroviários).

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