Correio da Cidadania

Mataram mais de 45 mil e ninguém faz nada

A limpeza étnica da Palestina nunca terminou
Quando o Tribunal Criminal Internacional expediu um mandado de prisão de Bibi Netanyahu por crimes de guerra e crimes contra a humanidade, quase todos os países civilizados aceitaram. Decisão da justiça não se discute, se cumpre, diz o ditado. Mas os EUA rejeitaram. Israel é seu principal aliado e o americano lhe garante proteção total e absoluta.

A Hungria do autocrata presidente Orban, que concentra nas mãos todos os três poderes – executivo, legislativo e judiciário – fez o mesmo. A Alemanha ficou numa saia justa: não queria abandonar um parceiro tão antigo, mas ficaria mal desrespeitar um mandado da mais alta autoridade judicial do mundo. Sua saída foi falar muito e não dizer nada.

Os governos direitistas da Itália e da Áustria não gostariam de prender seu correligionário Bibi, caso ele pisasse nos seus respetivos países, mas se sentiam obrigados a isso por serem signatários do Tratado de Roma, que criou o Tribunal Criminal Internacional.

A França, apesar de sua posição um tanto dúbia, deixava entrever uma devoção ao império das leis. Só que a validade de suas nevoentas palavras durou apenas um dia. Passadas 24 horas, o ministro do Exterior de Macron, Jean Noel Barr, doutorou: Netanyahu não pode ser julgado pelo TPI porque Israel não é membro dessa organização.

Corre em Paris que esta virada gaulesa se deveu a um telefonema de Biden a Macron, no qual o norte-americano contou que o bélico Netanyahu ficara furioso com a suposta traição do chefe do governo da França.

Biden somou sua pressão à do líder israelense. Como se sabe, o premier francês acabou cedendo, pois os EUA são muito fortes e a França passa por situações desconfortáveis na política e na economia.

Seja como for, o argumento pró-Bibi, que encantou Biden, não vai funcionar. O tribunal já o desqualificou em casos semelhantes ao atual.

No processo contra Putin, o TPI reafirmou que tinha jurisdição sobre indivíduos acusados de crimes humanitários ou crime de guerra, mesmo que seu país não fosse membro do TPI desde que o país onde os crimes foram cometidos integrasse o tribunal.

Israel não era membro do TPI, mas a Palestina era. Biden repetiu críticas aos fundamentos dessa decisão pró-Palestina, porém se contradisse ao considerá-los juridicamente corretos no caso de Putin.

Como se sabe, perante a lei, a situação dos dois estadistas era igual. Na verdade, havia uma diferença.

Biden é um dos maiores inimigos de Putin, tendo até o mimoseado com palavras de baixo calão num comício na Polônia. Como ele declarou inúmeras vezes, apoia Israel de modo incondicional e eterno, comprometendo indevidamente seus futuros sucessores.

E assim modificou de fato uma lei que vigora no mundo civilizado desde a Revolução Francesa: a lei é igual para todos.

No governo Biden, pelo menos, essa lei é aplicada de modo especial. Havendo interesses estadunidenses em jogo, as leis não são iguais para todos.

Se Bibi, como Gallant – anterior ministro da Defesa de Telavive, ou Ibrain al-Maasri, comandante do Hamas (que compartilham o mandado de prisão com o premiê de Israel), viajarem para um dos países que fundaram o TPI arriscam-se a acabar numa cela.

Biden taxou como ultrajante o mandado de prisão atingindo o governo supremo de Israel, por ele celebrado como uma democracia –a única no Oriente Médio, o que, aliás, é discutível.

O Líbano também é um país democrático, coisa que Israel não seria, conforme surpreendente declaração do general reformado Yalon, ex-ministro de Defesa: “Israel não é mais uma democracia. Nem seu Judiciário é independente (+972, Magazine, 7/10/2024)”.

Seja como for, a descarada interpretação de Biden é um evidente desrespeito à ordem jurídica internacional. Justamente ele que exalta o sonho de um mundo regido por regras, baseadas nos valores universais.

Na verdade, os EUA e Israel (principalmente), além de muitos países europeus contribuem para afastar esse sonho da realidade ao ignorar as leis humanitárias internacionais. Ninguém mais do que Israel tem feito uso desse descaminho.

Para os governos sionistas, vale tudo, até cometer crimes de guerra, violar direitos humanos ou princípios morais sempre que lhes convém. Mas, e os EUA e as potências europeias, que se autoproclamam guardiães da civilização e do respeito às leis internacionais?

Washington apoia Israel em todas as suas façanhas; 49 resoluções contra o país sionista, aprovadas pelo Conselho de Segurança da ONU foram vetadas pelos norte-americanos.

A Europa algumas vezes (poucas) ergueu sua voz contra o sobrinho dileto de Tio Sam, pedindo obediência às leis que os países civilizados fizeram para regular as relações entre eles.

Mas não passa de retórica, jamais apelam para ações coercitivas concretas para forçar Israel a respeitar os direitos humanitários internacionais. Se o fizessem estariam confrontando Washington.

Os EUA são por demais poderosos e ninguém no Ocidente tem coragem de prender sininhos no rabo do gato. Só resta à culta Europa admitir o governo de Telavive no seleto grupo das nações respeitáveis e receber Bibi e seus hierarcas como hóspedes de honra.

Atualmente, a maioria das nações da Europa fazem negócios lucrativos com Israel. Elas vêm o país sionista como um parceiro, um aliado, alguém com quem compartilham valores, como afirmou o primeiro-ministro Scholz, da Alemanha (devia estar de brincadeira).

Natural que o violento atentado terrorista que matou 1.200 militares e civis e sequestrou 250 civis de Israel, em 7 de outubro de 2023, provocasse demonstrações generalizadas de solidariedade a Israel e de ódio aos membros do Hamas.

Rishi Sunak, então premiê do Reino Unido, não se contentou em apoiar Israel pelo telefone, viajou para Telavive onde levou pessoalmente palavras confortadoras às autoridades locais.

Sunak sequer mencionou os 3.400 inocentes palestinos que os bombardeios israelenses quase diários já tinham massacrado em apenas 12 dias da guerra de Gaza.

A vingança de Israel é mais bárbara do que se poderia esperar, lembrando as atrocidades levadas a cabo pelos tártaros e mongóis, na Idade Média, e pelo nazismo, mais recentemente.

Desde 7 de outubro aviões, drones e lança-mísseis bombardeiam Gaza implacavelmente, trucidando palestinos inocentes e transformando suas casas em pilhas de escombros; 85% dos palestinos já ficaram sem teto, buscando proteção em abrigos, escolas, hospitais e campos de refugiados. Mas nunca estão seguros, os aviões e drones de Israel os perseguem em toda a parte.

Atendendo ao premiê sionista, Biden lhe envia quase diariamente bombas de 1 e 2 toneladas em grande quantidade, o que representa 70% do total lançado pelos bombardeios do IDF (Forças de Defesa de Israel) sobre palestinos civis indefesos.

Os chefes sionistas sabem que bombardeando Gaza indiscriminadamente, pensando em matar terroristas irão fatalmente matar civis palestinos em número imensamente maior.

E daí?

Conforme Isaac Herzog, presidente de Israel: “não há inocentes na Palestina. Toda a nação é responsável pelos ataques do Hamas”. Gallant, então ministro da Defesa, rugiu: “estamos lutando contra animais humanos e os tratamos como tal”.

E explicou o que constituiria esse “tratamento”; “Estamos impondo um cerco total à Gaza. Nem eletricidade, nem comida, nem água, nem gás, nem tudo”.

Para cumprir essa sinistra promessa, Israel usa até a fome como tática de guerra, privando os palestinos dos bens essenciais para a vida.

Em poucos dias de guerra, Gaza interrompeu sua produção de alimentos. Com bombardeios aéreos e ataques de tanques e misseis, os armazéns e plantações do enclave foram destruídos pelos israelenses, forçando os palestinos a depender exclusivamente de ajuda externa para se alimentar e beber água.

O que é quase impossível, pois o bloqueio imposto por Israel só concede sinal verde a um número mínimo e insuficiente de caminhões com víveres, obrigando os palestinos a passarem fome quotidianamente. O que os enfraquece profundamente, eliminando sua resistência a doenças, até letais.

Israel vem aplicando toda a sorte de proibições para impedir a entrada de caminhões com suprimentos em Gaza. Os que chegam, enviados por ONGs humanitárias internacionais, precisam atender a inúmeras e complexas exigências burocráticas que os deixam parados por horas, dias, semanas e até meses.

Muitos não são sequer admitidos. Os inspetores rejeitam os bens do chamado uso dual, que os terroristas empregariam nos seus atentados.

Por exemplo: tesourinhas de unhas e brinquedos infantis foram vetados várias vezes por se classificarem como objetos de uso dual (The Washington Post, 3/3/2024).

Nos primeiros meses da guerra, Israel era radical na sua decisão de bloquear a entrada de caminhões trazendo alimentos e outros produtos exigidos pelo bem estar das famílias.

Só por esse meio de transporte os alimentos poderiam ser entregues em quantidade suficiente ao povo do enclave.

A agricultura de Gaza não teria como supri-lo, pois foi devastada pela guerra, pela artilharia de Israel, principalmente; 90% do gado foi morto e 70% da área para plantação de grãos, destruída ou danificada, de acordo com análise da ONU, baseada em imagens do satélite.

Diante de pressões internacionais, Telavive prometeu suspender a proibição da entrada dos tão necessários caminhões.

Mas não era para valer. Apenas entre 50 a 98 caminhões chegaram ao povo de Gaza, quando eram necessários pelo menos 500, como acontecia antes do início da guerra.

E mais: diz o Lancet que 2.300 estruturas agrícolas foram total ou parcialmente destruídas.
A inevitável e profunda escassez de alimentos, consequente da vertiginosa queda da produção, trouxe uma elevada carestia.

Outro efeito da paralisação da entrada de caminhões é a falta crescente de medicamentos, o que não aborreceu nem um pouco Bibi e sua corte.

Essa dura realidade colabora com o plano israelense de destruir o sistema de saúde de Gaza, executado pelo autoproclamado “exército mais moral do mundo”.

Atingindo progressivamente todos os hospitais e clínicas do enclave, esse autêntico plano terrorista se desenvolve através de bombardeios ou incêndio das instalações hospitalares; invasões da maioria delas, com destruição de equipamentos; evacuação, prisão e/ou interrogatórios brutais de médicos e demais profissionais de saúde, além dos civis palestinos que, desalojados pelas bombas do democrático Israel, buscam refúgio nos hospitais.

Nos primeiros meses, havia em Gaza 35 hospitais, sendo que 23 não funcionavam e 12 estavam parcialmente fechados, por obra e graça do IDF. Hoje esses números devem estar bem mais sombrios.

Os três únicos hospitais do Norte de Gaza cerraram suas portas em dezembro deste ano de 2024.

No último desses hospitais, o Kamal Adwan, Israel levou um mês destruindo as vizinhanças.
Em seguida, soldados invadiram o hospital, desligando o oxigênio e forçando médicos e pacientes a se despirem, para em seguida, irem para a rua, onde enfrentaram um frígido inverno, pouco adequado especialmente aos mais doentes.

A eles foi recomendado que se abrigassem no hospital indonésio. Não poderia dar certo pois esse hospital estava fechando sob ataques israelense.

Antes dos militares deixarem o hospital invadido, trataram de incendiá-lo, no que tiveram êxito, deixando mais um conjunto de ruínas como lembrança de sua passagem pela região. Tais ações foram inspiradas pela famosa frase do general Gallant (objeto de um mandado de prisão por crimes de guerra), que clamou serem os palestinos animais humanos, portanto, merecedores de maus tratos.

Desde os primeiros ataques a hospitais, entidades de direitos humanos, jornais e sites sociais protestaram contra essa barbaridade, condenada pelos direitos internacionais de guerra. Como resposta, o governo Netanyahu veio com seu mantra: Israel tem o direito de se defender de ataques do Hamas, que teria seus centros de comando localizados nos hospitais de Gaza, o que legitimaria as ações bélicas israelenses.

Não apresentou nenhuma evidência, e assim sua argumentação tornou-se um tanto irrelevante. Para ajudar seu protegé, os EUA disseram que tinham “dados de inteligência” que comprovavam serem verdadeiras as acusações do governo Netanyahu.

Novamente não havia fatos incriminatórios concretos, a não ser a palavra do setor de “inteligência” do governo dos EUA. Ou seja, da CIA, os mesmos rapazes que garantiram que Saddam Hussein desenvolvia um programa militar nuclear...

As principais vítimas da liquidação do sistema de saúde de Gaza pelos líderes de Israel são as crianças. Números e fatos atestam esse ponto de vista.

As crianças, devido à natural fragilidade do seu organismo, são quem mais sofre com o desmantelamento do sistema de saúde, falta de medicamentos, fome, sede... Com até ataques israelenses à bala.

Em dezembro de 2023, um dirigente da Organização Mundial da Saúde (World Health Organization) informou que as forças de Israel matam, em média, uma criança palestina por dia.

Parte das vítimas infantis foi atingida por balas de fuzil, disparadas por snipers (atiradores de elite) do exército de Telavive.

Testemunhos de médicos e enfermeiros voluntários revelam que muitas crianças chegam mortas aos hospitais, com um orifício na testa mostrando que foram alvo de tiros, disparados por alguém de invulgar precisão o que, normalmente, só existe entre os snipers.

No entanto, o problema mais grave que atinge os pequenos palestinos é a desnutrição. Diz Michael Fakhiri, relator especial da ONU, em Direito à Alimentação: “A velocidade da desnutrição de crianças pequenas é terrível. Os bombardeios de pessoas mortas diretamente são brutais, mas a morte pela fome – e a desnutrição e retardamento do desenvolvimento das crianças é tortuoso e vil (The Guardian, 19/3/2024)”.

Conforme a UNICEF, 4,5% das crianças que vivem em abrigos ou centros de saúde no norte de Gaza estão sofrendo de “extrema desnutrição”, a forma mais mortal de má nutrição que ainda expõe a criança a outras doenças.

Esse trágico quadro completa-se com números igualmente trágicos. De acordo com a organização Save The Children, cerca de 17 mil crianças palestinas foram mortas por Israel (até 2/1/2025) – o que representa mais de 40% de todas as perdas humanas, havendo ainda 34 mil crianças feridas e 21 mil desaparecidas, provavelmente soterradas sob os escombros dos edifícios destruídos pelas bombas, misseis e drones israelenses ( (+972 Magazine).

Grande parte, se não a maioria dessas vítimas infantis tombaram sob bombas de 1 ou 2 toneladas fornecidas pelos EUA a Israel, na guerra de Gaza; 70% de todas as bombas lançadas contra palestinos de todas as idades vêm do magnânimo governo de Joe Biden.

Bibi Netanyahu e seu amigo incondicional, o morador atual da Casa Branca, não temem que suas violências gerem punições.

Desde sua fundação em 1948, o Estado de Israel desafia as leis de guerra e do direito humanitário internacional e os valores dos países democráticos. E nada acontece.

Os países do Ocidente limitam-se a, vez por outra, reprovar ações condenáveis de Telavive e solicitar que seu governo se comporte, interrompendo ações ilegais e/ou imorais.

Mas os israelenses não se tocam e, contando com o braço forte de Tio Sam, reafirmam que “Israel tem o direito de se defender” e praticam o que considerar necessário para a sobrevivência do Estado sionista.

Sendo mais claro: os interesses do Estado sionista são colocados acima de todos os valores morais e leis internacionais.

E os demais países, inclusive da Europa, onde os princípios democráticos e os valores humanos floriram e desabrocharam em sábios e nobres preceitos, não reagem. Continuam a manter boas relações econômicas e políticas com Israel como se nada tivesse acontecido, tomando imenso cuidado para que suas críticas a Telavive não irritem os chefes sionistas.

Durante seus 76 anos, Israel praticou graves crimes contra as leis internacionais. Citemos alguns deles.

A tomada e anexação de Jerusalém Oriental e da região síria das colinas de Golã; a tomada da Cisjordânia aos palestinos e a ocupa militarmente desde 1967; instalação de mais de 100 assentamentos judaicos, hoje com uma população de cerca de 600 mil habitantes; invasão e devastação do Líbano em três guerras e em seis contra Gaza; demolição de dezenas de milhares de habitações palestinas, entre muitas outras transgressões das leis internacionais e dos direitos humanos.

Na sua impressionante e truculenta história internacional, nunca Israel foi tão longe quanto agora. Nunca país algum destruiu sistematicamente todos os hospitais e clínicas de outro país, matando centenas de profissionais de saúde, inclusive médicos, usando a fome para enfraquecer os palestinos, tornando-os vítimas de graves doenças.

Raros países, além de Israel, reduziram cidades inteiras a escombros e pó. Neste século, no mundo inteiro, foi a guerra de Gaza que vitimizou mais crianças.

Para atingir cada “terrorista” do Hamas, a força aérea israelense não hesita em assassinar até 100 civis inocentes, que se achavam nas proximidades. Em consequência deste comportamento ilegal e criminoso, foram mortos mais de 45 mil civis (até 3/2/2025). Israel fez e continua fazendo tudo isso. E o mundo declara-se impotentes para frear essa horrível escalada.

Não é verdade.

Para conseguir um cessar fogo justo, que leve a uma sólida paz em Gaza e, os EUA (principalmente) mais a Alemanha e o Reino Unido poderiam pressionar Israel, negando-se a continuar lhe enviando armamentos e munições.

Generais israelenses declararam recentemente: “os EUA estariam em condições de pressionar Telavive a aceitar um acordo equânime já que sem o enorme fornecimento de armas e munições do país amigo, Israel dificilmente poderia continuar sua guerra por mais uns poucos meses” (Haaretz, 2/2/2024).

Caso não desse certo, a comunidade internacional teria a opção de interromper suas exportações a Israel, o que causaria danos severos à economia do país, obrigando Telavive a moderar sua agressividade, firmando um cessar fogo em termos humanos.

Há ainda outros meios para a comunidade internacional pressionar Netanyahu em favor da paz. Mas têm de agir rápido. Cada dia que demora, mais algumas dezenas de palestinos perderão sua vida nos bombardeios do IDF.

*Gostou do texto? Sim? Então entre na nossa Rede de Apoio e ajude a manter o Correio da Cidadania. Ou faça um PIX em qualquer valor para a Sociedade para o Progresso da Comunicação Democrática; a chave é o CNPJ: 01435529000109. Sua contribuição é fundamental para a existência e independência do Correio.

*Siga o Correio nas redes sociais e inscreva-se nas newsletters dos aplicativos de mensagens: 
Facebook / Twitter / Youtube / Instagram / WhatsApp / Telegram  

Luiz Eça

Começou sua vida profissional como jornalista e redator de propaganda. Escreve sobre política internacional.

Luiz Eça