Invasores de aldeia indígena assassinam criança de cinco anos no Maranhão
- Detalhes
- Andrea
- 07/05/2008
Na noite de ontem, 5 de maio, por volta das 21 horas, dois homens armados invadiram a aldeia Anajá, do povo Guajajara, na terra indígena Araribóia, próxima ao município de Arame, no centro-oeste do Maranhão. Segundo os indígenas, os criminosos chegaram em uma moto e sem falar começaram a atirar. No meio da correria, a menina M.S., de cinco anos de idade, levou um tiro na cabeça e morreu na hora.
Os Guajajara também informaram que os assassinos seriam os mesmos que, no início de 2007, assassinaram Timóteo Guajajara. Desde então, eles ameaçam os indígenas, provocando um clima de terror na região. Com medo das ameaças, muitas famílias indígenas se mudaram para o interior da terra indígena. Dizem que não é mais possível viver com tranqüilidade, pois nunca sabem de onde e nem quando virá o próximo ataque.
A região de Arame concentra a maioria dos casos de violência contra os povos indígenas no Maranhão. Em 2007, cinco indígenas foram assassinados nesta área. Em 2008 já ocorreu pelo menos um assassinato na região. Em fevereiro deste ano, dois indígenas foram agredidos a pauladas quando saíam de uma seresta na cidade de Arame. Um deles morreu e outro ficou gravemente ferido.
A invasão de aldeias indígenas tem se tornado comum no Maranhão. Em 2007, duas aldeias da terra indígena Araribóia sofreram ataques deste tipo. No dia 16 de abril, a aldeia Cururu foi invadida por comerciantes e moradores da área urbana de Arame. Eles queimaram casas, destruíram parte da aldeia e ao sair deixaram dois indígenas feridos a tiros. Em 15 de outubro do mesmo ano, 20 homens fortemente armados invadiram a aldeia Lagoa Comprida, no município de Amarante do Maranhão, e mataram a tiros Tomé Guajajara, de 69 anos.
Os indígenas da região dizem não suportar mais essa situação e exigem providência das autoridades em relação a esses crimes. Porém o clima entre eles é de descrédito em relação à punição dos responsáveis. Para se ter uma idéia, até o final da manhã de hoje os indígenas ainda não haviam registrado boletim de ocorrência com medo de represálias. Eles exigem a presença da Fundação Nacional do Índio e da Polícia Federal na área.
Publicado no site da CPT – Comissão Pastoral da Terra.