Correio da Cidadania

Funcionários de arrozeiros ameaçam de morte indígenas em Raposa Serra do Sol

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Dois jovens indígenas, Clenildo Conceição André e Cassiano Filho, foram ameaçados de morte por Rubilar Jesus e Edmundo Viriato Amaro, funcionários da Fazenda Depósito do arrozeiro Paulo César Quartiero, na terra indígena Raposa Serra do Sol, em Roraima. Na sexta-feira passada (4) os jovens foram surpreendidos nas proximidades da comunidade Dez Irmãos, a mesma em que um grupo de indígenas foi atacado pelos invasores de suas terras no dia 5 de maio. Os agressores estavam embriagados, armados e forçaram os jovens a entrar no carro que conduziam.

 

"Enquanto viajavam, com um revólver na mão, Rubilar perguntava se os rapazes queriam morrer, se eram a favor de Paulo César ou se eram ligados aos índios do CIR (Conselho Indígena de Roraima), forçava-os a beber cachaça mesmo não querendo", relata o documento enviado pela Comunidade Indígena do Barro ao administrador regional da Funai em Roraima, Gonçalo Teixeira dos Santos.

 

Os rapazes, com medo, negavam as acusações e ingeriam forçadamente bebida alcoólica. "Por não acreditar nos indígenas, Edmundo mandava matá-los imediatamente", diz o documento. De tão bêbados que se encontravam os agressores, os dois rapazes conseguiram fugir do carro quando o motorista parou para falar com pessoas na estrada.

 

Segundo o CIR, a denúncia também foi encaminhada ao coordenador da operação de desintrusão de Raposa Serra do Sol da Polícia Federal, mas não obteve resposta. "Nem Funai nem a Polícia Federal, ninguém tomou nenhuma providência. Eles continuam soltos e ameaçando os índios da região", afirmou Dionito Makuxi, coordenador do CIR.

 

Histórico

 

As comunidades indígenas de Raposa Serra do Sol têm sido constantemente agredidas e ameaçadas por funcionários de Paulo César Quartiero, arrozeiro invasor da terra indígena. Apenas este ano, os invasores já destruíram pontes de acesso a comunidades, lançaram bombas caseiras e dispararam tiros em diversas aldeias, armaram barricadas, queimaram casas e fizeram indígenas reféns. Cerca de onze mil alunos das mais de 200 escolas localizadas nas terras indígenas ficaram sem aula por causa dos ataques. No dia 5 de maio, jagunços da Fazenda Depósito investiram contra um grupo de indígenas que construíam casas, lançando bombas e tiros contra eles. Dez indígenas foram baleados. As comunidades indígenas de Raposa Serra do Sol seguem sob constante ameaça.

 

Publicado originalmente no site do CIMI (Conselho Indigenista Missionário).

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