Correio da Cidadania

Desemprego de longa duração aumenta 37% em um ano nos EUA

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A desaceleração econômica nos EUA trouxe não apenas consistentes perdas de emprego, mas também uma brusca elevação na proporção dos desempregados por períodos prolongados. O número de pessoas sem trabalho por mais de seis meses disparou para 37% desde junho de 2007, segundo o Bureau do Labor Statistics.

 

No último mês, 1,5 milhão de pessoas estava sem emprego há meio ano ou mais. Muitos desses trabalhadores, sem salários ou seguro-saúde e tendo já esgotado o auxílio-desemprego, encontram-se frente a frente com ações de retomada de suas casas, despejos e ameaças de falência.

 

O número de desempregados de longa duração aumentou de 1,1 milhão desde junho de 2007. A duração média do desemprego subiu de 15,1 para 15,9 semanas em junho, na comparação com o mesmo período do ano passado. O aumento no número de desempregados de longa duração foi duas vezes maior que o aumento no número total de desempregados no mesmo período.

 

Estes dados são do mais recente relatório do Bureau of Labor Statistics, que mostrou que a economia norte-americana gerou 62.000 empregos em junho, após ter perdido 62.000 empregos em maio. A taxa de desemprego, que disparou em maio para o maior valor em 20 anos, permaneceu estável em 5,5%, comparada com 4,6% um ano atrás.

 

Junho marcou o sexto mês seguido de diminuição nas folhas de pagamento, com a economia dos EUA perdendo 438.000 empregos desde o início do ano. O número total de desempregados atingiu 8,5 milhões em maio e era de 7 milhões um ano atrás.

 

A taxa de desemprego para trabalhadores acima de 25 anos subiu de 4,1 para 4,3%. Este aumento foi compensado por um declínio no desemprego entre os jovens, deixando a taxa global de desemprego nominalmente inalterada.

Estes dados não consideram 1,6 milhão de pessoas que estão "ligadas marginalmente" à força de trabalho, aqueles que procuraram por trabalho nos últimos 12 meses, mas não no último mês. Este dado inclui aproximadamente 420.000 "trabalhadores desencorajados", que desistiram de procurar emprego porque pensam não haver disponível.

 

Os resultados se seguiram a anúncios de demissões da American Airlines, Goldman Sachs e Starbucks, que anunciou na última semana planos para fechar 600 lojas e demitir 12.000 trabalhadores.

 

Uma porção significativa da diminuição na folha de pagamento de junho foi atribuída ao setor de construção, onde o emprego diminuiu em 43.000. O setor perdeu cerca de 528.000 empregos desde o pico da bolha imobiliária em 2006.

A manufatura não vai muito melhor, com cerca de 33.000 empregos perdidos no último mês, tendo criado 353.000 empregos nos últimos doze meses.

 

Enquanto seis meses consecutivos de diminuição nas folhas de pagamento sempre significaram recessões nos últimos 50 anos, estimativas correntes indicam que a economia norte-americana conseguiu crescer no primeiro e segundo trimestres. "Nunca tivemos uma redução como esta em que perdemos empregos mês após mês, mas a economia de alguma forma continua a crescer," disse Nigel Gault, economista-chefe para assuntos internos do Global Insight, em entrevista ao New York Times.

O fato de que a economia tem continuado a crescer enquanto o desemprego disparou é uma indicação de que as condições econômicas ainda não foram plenamente sentidas no gasto dos consumidores. Isto é provavelmente efeito dos US$ 78 bilhões em devoluções de impostos feitos recentemente pelo governo, que podem ter impulsionado temporariamente o consumo. Uma vez que essas devoluções tenham sido gastas, no entanto, é provável que a economia comece a contrair-se e a atual hemorragia de empregos apenas acelere. De acordo com uma projeção recente, a confiança do consumidor afundou para seu nível mais baixo em 16 anos.

 

Ao mesmo tempo, os salários reais continuaram a afundar. Os salários médios aumentaram de 2,8% no ano passado; o Índice de Preços ao Consumidor aumentou de mais de 4% durante o mesmo período. Isto significa uma diminuição nos salários médios reais de mais de 1,2%, enquanto os trabalhadores perderam poder de barganha devido ao enfraquecimento do mercado de trabalho.

 

O Congresso respondeu a esses fatos na última semana aprovando uma lei para estender em todo o país a duração dos benefícios aos desempregados. A lei adiciona 13 semanas às 26 semanas de benefícios aos desempregados, já garantidas pelos governos estaduais. A extensão vai somente até março. Além disso, para poder participar da extensão, os trabalhadores devem ter estado empregados por 20 meses antes da demissão, uma medida que exclui 10% dos desempregados de longa duração.

 

A medida tem custo estimado de US$ 8 bilhões e foi incluída numa lei de financiamento das guerras no Iraque e no Afeganistão em 2009. Em comparação com a provisão orçamentária para a guerra, estimada em US$162 bilhões, a ajuda aos milhões de desempregados parece uma ninharia.

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