Correio da Cidadania

Povos indígenas do Peru, em paralisação, pedem revogação de decretos

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Desde a terça-feira (19), quatro províncias onde ocorre a paralisação indígena encontram-se em Estado de Emergência declarado pelo governo peruano. As medidas estão sendo aplicadas em Bagua e Utcubamba, no departamento de Amazonas; em Datem Del Marañon, no departamento de Loreto; e no distrito de Echarate, na Província La Convención, no departamento de Cuzco. Durante o período de 30 dias, ficam suspensos os direitos à liberdade e à segurança, a inviolabilidade de domicílio e a liberdade de reunião e trânsito no território.

 

A paralisação convocada pelas organizações indígenas começou no dia 9 de agosto, Dia Internacional dos Povos Indígenas. Eles bloqueiam estradas e ocupam instalações energéticas. As 65 etnias amazônicas exigem a revogação de mais de 30 decretos que, segundo elas, configuram-se em um atentado contra suas vidas e um incentivo a venda indiscriminada de terras da Amazônia.

 

Fontes policiais informaram que nove pessoas ficaram feridas nos confrontos entre índios e policias. O conflito ocorreu em Aramango, na região amazônica, no último domingo. Dois dos sete policiais feridos se encontram em estado grave e foram levados a um hospital próximo a Bagua. O estado dos dois índios feridos ainda é desconhecido. A situação nessa região é tensa porque os índios continuam impedindo o trânsito pela estrada Fernando Belaúnde Terry, fundamental para a ligação entre a floresta amazônica do norte do Peru e a costa pacífica.

 

Na segunda-feira (18), a Conferência de Superiores Maiores Religiosos do Peru demonstrou, em comunicado, uma preocupação acerca do envio de militares para zonas onde ocorrem os protestos indígenas. Os religiosos chamam atenção para o sentido pacífico dos protestos indígenas: "As concentrações de milhares de comuneros amazônicos em diferentes pontos da Amazônia foram e querem seguir pacíficas, não parece necessário o envio de forças armadas a tais zonas que podem gerar conflitos graves com a população".

 

Os religiosos pediram que as duas partes se mostrem propensas ao diálogo para que ponham fim ao conflito. "Urgimos que os dirigentes das organizações amazônicas e os representantes do governo retomem imediatamente o diálogo buscando soluções concretas para as demandas colocadas. Pedimos que, com vontade de diálogo de ambas as partes, se leve em conta os direitos das comunidades nativas, que se cumpra com o Convênio 169 da OIT, firmado pelo Estado peruano, que reconhece os povos indígenas como interlocutores válidos", completam.

 

Publicado originalmente em Adital.

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