Organizações divulgam relatórios sobre objetivos do milênio da ONU, ainda distantes
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- Andrea
- 24/09/2008
Por ocasião da Reunião de Alto Nível da Organização das Nações Unidas (ONU) sobre os Objetivos do Milênio, que ocorre dia 24 em Nova York, organizações sociais divulgaram relatórios sobre o tema. A Social Watch, uma rede de 400 organizações da sociedade civil em 70 países, publicou o Índice de Capacidades Básicas. Já a Plataforma 2015 e Mais, do Observatório de Políticas de Desenvolvimento, lançou o relatório "Estado de cumprimento dos Objetivos de Desenvolvimento do Milênio".
Na sua publicação, a Social Watch mostra que, desde que a Declaração do Milênio da ONU foi adotada no ano de 2000, a satisfação das necessidades sociais básicas que caracterizam as situações de pobreza não progride o suficiente ou inclusive retrocede na maioria dos países. O Índice de Capacidades Básicas proporciona um panorama geral sobre a situação da saúde e do desempenho educativo básico de cada país.
Dos 176 países para os que se pode computar uma cifra ICB, somente 21 apresentam avanços notórios em relação à situação que exibiam em 2000. Outros 55 apresentam alguns progressos, mas a um ritmo lento, enquanto 77 países estão estacionados no mesmo patamar em que se encontravam. A Social Watch lembra que a maioria dos países em desenvolvimento não conta com dados exatos ou atualizados a respeito de indicadores, que são muito difíceis de ser compreendidos por leigos. A linha de pobreza definida pelo Banco Mundial em US$ 1,00 ao dia se converteu no critério de fato para medir os avanços.
A entidade discorda das estimativas do Banco Mundial que, em agosto de 2008, anunciou a revisão do número de pessoas que vivem na pobreza em 2005 para 1,4 bilhão. Essa revisão fez que o ritmo de redução da pobreza se tornasse mais elevado. Segundo o Banco Mundial, depois de revisar os números a partir de 1981, a proporção de pessoas pobres havia diminuído pela metade nos últimos 25 anos, o que significa que a meta deste ODM poderia ser cumprida até o ano de 2015. A Social Watch acredita que esse indicador do Banco não está correto.
O relatório da Plataforma 2015 e Mais analisa o grau de consecução dos ODMs. Sobre o objetivo de erradicar a pobreza extrema e a fome, o relatório aponta que a pobreza extrema segue sendo uma realidade cotidiana para mais bilhões de pessoas. Dados da FAO indicam que o número de pessoas famintas aumentou em 50 milhões durante 2007. Segundo o levantamento, em 2015 mais de 1 bilhão de pessoas continuariam em situação de fome.
Em relação à educação primária universal, o informe revela que existem 115 milhões de crianças em idade escolar fora dos bancos estudantis, de acordo com dados da Unesco. Desse total, 94% são habitantes de países em desenvolvimento. Outro número expressivo é a quantidade de jovens que não sabem ler nem escrever: 133 milhões. Apenas 37 dos 155 países em desenvolvimento alcançaram o ensino escolar universal de ciclo completo.
Quanto à promoção da igualdade entre os gêneros e o emparelhamento da mulher, o informe afirma que dos 113 países que ainda não alcançaram a paridade de gênero na matrícula de ensino primário e secundário, somente 18 têm a probabilidade de alcança-la em 2015. Ressalta que as disparidades de gênero tendem a aumentar nos níveis mais elevados de educação. Em um terço dos países em desenvolvimento, as mulheres representam menos de 10% do parlamento.
O objetivo de garantir a sustentabilidade e o meio ambiente também está longe de ser atingido em 2015. O relatório traz dados do Informe 2008 sobre os ODM das Nações Unidas, que embora mostre que as emissões per capita de CO² nos países desenvolvidos em seu conjunto continuam sendo as mais altas, em 2004 os países em desenvolvimento ultrapassaram os países ricos em emissão total de dióxido de carbono, devido à participação da China. Avanço do desmatamento, falta de saneamento básico e de acesso à água potável são alguns dos problemas a serem enfrentados.
Publicado originalmente em Adital.