Esclarecimento sobre artigo de Leonardo Attuch na revista IstoÉ
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- Andrea
- 08/10/2008
O colunista Leonardo Attuch, da Revista IstoÉ, demonstrou ser um jornalista mal informado ou uma pessoa de má fé em seu artigo intitulado "Stedile, o moto-serra", publicado nesta semana. A coluna mistura assuntos de naturezas diferentes, organizados para atacar a reforma agrária e o MST.
1- Em primeiro lugar, nenhum dos oito assentamentos da lista dos maiores devastadores da Amazônia, divulgada pelo Ministério do Meio Ambiente, localizados no Mato Grosso, é coordenado pelo MST. Além disso, nenhuma das matérias publicadas nos jornais considerados mais importantes do país fez qualquer referência à responsabilidade do MST sobre esses casos de desmatamento. Ou seja, o sr. Attuch demonstra uma profunda ignorância sobre a questão agrária, quando omite os processos de legalização da grilagem e da pilhagem da madeira da Amazônia, associando mecanicamente assentamentos à reforma agrária e sem-terras ao MST.
2- A presença de área do Incra nessa lista é conseqüência da criação de assentamentos ilegais em benefício de madeireiras na Amazônia Legal. Investigações do MPF (Ministério Público Federal) e do Greenpeace identificaram a falta de laudos e licenciamento ambiental, além de cadastros adulterados, para criação formal dos chamados "assentamentos fantasmas", destinados ao desmatamento de áreas florestais para extração de madeira. A responsabilidade é da política agrária do governo federal, tanto na gestão do presidente Fernando Henrique Cardoso quanto do presidente Lula, de regularizar a posse de áreas sem critérios adequados, a fim de inflar os números da reforma agrária.
3- O sr. Attuch faz uma grande confusão e mistura com o tema do desmatamento uma crítica sobre "o Estado financiar, com dinheiro dos contribuintes, organizações que invadem fazendas". O MST nunca precisou de recursos do Estado para fazer ocupações de fazendas para pressionar pela Reforma Agrária. Todos os protestos são financiados pelas famílias sem-terra e por amigos, entidades, ONGs e sindicatos que apóiam a luta pela reforma agrária. Os projetos que são realizados em parceria de entidades da reforma agrária com os governos são dirigidos para áreas de educação e saúde no campo, além de produção e assistência técnica dos assentamentos, responsabilidades do Estado de acordo com a Constituição.
4- O sr. Attuch simplifica questões complexas quando sugere que assentados cortam "madeira muito acima do limite de 20% permitido pela lei". Oras, é a bancada ruralista no Congresso que tenta aprovar o projeto de lei 6.424/05, do senador Flexa Ribeiro (PSDB), que autoriza a derrubada de até 50% da vegetação nativa em propriedades privadas na Amazônia. Participamos, ao lado do Greenpeace, da campanha "Desmatamento Zero", em defesa da Amazônia, ao lado de diversas entidades da sociedade civil, que exige a rejeição desse projeto, apelidado de "PAG (Plano de Aceleração da Grilagem)".
5- A nossa análise da agricultura não cai no maniqueísmo, no entanto, o que esse artigo faz é justamente o que se critica, mas mudando os sinais: o agronegócio é herói e os camponeses são vilões. Para isso, o artigo do sr. Attuch, por trás de uma isenção dantesca que sabidamente não possui, lança mão de malabarismos, misturando questões que não tem sentido, senão atacar a reforma agrária e o MST.
Divulgamos uma nota à imprensa com esses esclarecimentos. Se houve omissão, foi uma questão ética; caso não tenha tomado conhecimento, o problema é profissional, porque fazer acusações sem uma pesquisa básica sobre o assunto é irresponsabilidade.
A imprensa precisa tratar de forma honesta, séria e cuidadosa de temas fundamentais para o futuro do país, como a Amazônia e a agricultura, para que a sociedade tenha elementos para fazer seu julgamento e compreender os interesses que estão por trás de determinadas análises e pontos de vista.
Assessoria de imprensa do MST
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