Correio da Cidadania

Pescadores fecham porto de exportação da Aracruz Celulose

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Na última sexta-feira, dia 10 de outubro de 2008, mais de 100 pescadores da Associação dos Pescadores da Barra do Riacho e Barra do Sahy (ASPEBR) fecharam durante todo o dia o acesso por terra ao porto privado da Aracruz Celulose S.A. (ARCEL) – Portocel –, impedindo a entrada da celulose destinada à exportação.

 

Os pescadores apresentaram uma lista extensa de reivindicações à ARCEL e à Prefeitura de Aracruz. Dentro delas, a principal reivindicação é a "abertura imediata das quatro comportas construídas (pela ARCEL) no rio (Riacho) para aumentar o seu volume d´água, pois o seu fechamento vem diminuindo a quantidade de água, causando o assoreamento do rio e o fechamento da boca da barra".

 

O fechamento da boca da barra deixa as famílias pescadoras em uma situação desesperadora, porque impede a saída dos seus barcos para o alto mar (e a volta), dificultando cada vez mais a subsistência das pessoas que dependem da pesca. Por outro lado, os navios – que utilizam o mar - carregados com celulose para produzir papéis descartáveis na Europa, Estados Unidos e Ásia nunca param de sair do Portocel.

 

O problema do fechamento da saída do Rio Riacho para o mar é causado pela ARCEL, que desviou, além do Rio Riacho, mais quatro rios na região para garantir água suficiente para o reservatório da fábrica, devido ao consumo exorbitante para a produção de celulose: trata-se de uma demanda por água equivalente ao consumo de uma cidade de mais de 2 milhões de habitantes. Por isso, o Rio Riacho perdeu totalmente a sua força, causando o seu assoreamento.

 

Os pescadores exigiram a presença do prefeito da cidade, Ademar Devens, que apareceu e, ao ver a situação da boca da barra, resolveu levar as reivindicações dos pescadores à direção da empresa. Esta, por sua vez, veio informar, às 16 horas, aos pescadores que a empresa está disposta a abrir as quatro comportas no Rio Riacho sempre quando a maré baixar, supondo que isso facilite o processo de abertura da boca da barra. A empresa pediu também a ‘compreensão’ dos pescadores das dificuldades que vem enfrentando: primeiro, a falta de água na fábrica em função de uma seca prolongada na região – situação sobre a qual ela tem muita responsabilidade; segundo, a ‘situação financeira difícil’ da empresa em função da alta do dólar – é de conhecimento público que a ARCEL realizou operações financeiras cambiais de caráter especulativo que resultaram num prejuízo bilionário.

 

Com a promessa da abertura das comportas, os pescadores resolveram encerrar o protesto. Na próxima terça-feira, haverá uma reunião entre os pescadores, a prefeitura e a ARCEL para avaliar a situação e discutir outras reivindicações.

 

É bom lembrar que os pescadores já pediram muitas vezes a compreensão da ARCEL para atender as suas legítimas reivindicações, insistentemente ignoradas pela empresa. Resta saber se a solução apresentada pela empresa vai resolver o problema dos pescadores. Caso contrário, os mesmos prometeram novas ações. Eles estão cansados de promessas e medidas que não resolvem o problema.

 

Fonte: Rede Alerta contra o Deserto Verde

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