A Teologia da Libertação não morreu
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- Castel Romero
- 02/05/2007
Em entrevista à Folha de S. Paulo, Dom Odilo, recém nomeado cardeal da Arquidiocese de São Paulo, falou que a Teologia da Libertação acabou!
Sou católico, leigo, não estudei em Roma, França ou Alemanha, mas permita-me discordar de Dom Odilo. Faço-o com muita liberdade, pois minhas opiniões refletem as de outros leigos, leigas, religiosas e religiosos, cardeais e bispos.
A Teologia da Libertação não morreu, como não morreu Jesus na Cruz...
As lutas contras as cruzes de nossos povos continuam e sempre haverá teólogos e teólogas que farão a relação entre estas lutas, a Bíblica e a tradição profética.
A Teologia da Libertação não acabou. Tentaram destruí-la por todos os modos, pois ela é uma teologia de esperança, sobretudo para nossas maiorias excluídas. Tentaram destruí-la para colocar em seu lugar teologias da "tranqüilidade", para dizer que Deus abençoa o que aí está consagrado pela mercantilização dos corpos e espíritos.
Mas vou dizer, com muita humildade, o que é a Teologia da Libertação e como ela é também universal e se assenta na tradição apostólica:
A Teologia da Libertação é...
Lázaro saindo do túmulo após três dias sepultado...
É a pecadora regando os pés do mestre com suas lágrimas.
É o leproso liberto da exclusão.
É a cabeça de João Batista em uma bandeja, clamando aos céus!
É a alegria da viúva vendo seu filho único ressuscitado!
É o mestre ordenando ao vento e à tempestade para que cessem!
É o pão que se multiplica para as multidões.
É a angústia de Jesus na perseguição.
É o chicote na mão do Mestre, expulsando os vendilhões do templo.
É o menino do povo, de 12 anos de idade, ensinando os doutores.
É Jesus chamando Herodes de raposa.
É Jesus pedindo água à Samaritana.
É o discípulo de Emáus sofrido com a execução do Mestre!
É o pão e o vinho.
É o Mestre andarilho anunciando a chegada do Reino
É o grito incômodo e aflito de Jesus na Cruz
É tudo isso, na América Latina e Caribe, vivido por tanta gente apaixonada pelo Mestre e seu Reino.
Vocês que foram consagrados e consagradas para levarem a Boa Notícia aos Pobres.
Discípulos e discípulas, acusados de subversivos, torturados, presos, difamados, silenciados, cuja voz libertadora nunca parou de ecoar por estes lados periféricos de Nazaré.
Vocês que emergiram dos pobres.
Vocês, discípulos e discípulas de Emaús destas terras: não morreu a prática de libertação.
Refaçam o caminho de Emaús, e então perceberão que não morreu a Teologia da Libertação!