Em ato, organizações sociais criticam concentração dos meios de comunicação
- Detalhes
- Andrea
- 17/10/2008
Movimentos sociais, sindicatos, estudantes e outras organizações populares realizaram na terça-feira (14), no centro de São Paulo, um ato político contra a concentração dos meios de comunicação e a falta de diálogo dos empresários da mídia com a população. A ação faz parte da 6ª Semana Nacional pela Democratização da Comunicação, que acontece em diversas regiões do país.
Segundo João Brant, da coordenação-executiva do Coletivo de Comunicação Intervozes, as atividades na rua são fundamentais para o objetivo principal da Semana, que é levar o debate sobre a democratização da comunicação junto ao povo. "Não há como fazer uma defesa da democratização sem democratizar também a palavra, trazer o microfone para a praça pública e ampliar o número de pessoas e entidades que possam discutir o tema", afirma.
Durante o ato, os manifestantes recolheram assinaturas de quem passava pelo cruzamento das avenidas São Bento e São João, na capital paulista, em favor da convocação da 1ª Conferência Nacional de Comunicação, um dos pilares dessa 6ª edição da Semana. O texto pede que o Executivo federal forme um Grupo de Trabalho entre governo, empresários e sociedade civil para preparar a conferência, que tem o apoio Legislativo.
As discussões da Semana envolvem ainda a outorga e a renovação das concessões de rádio e televisão e a criminalização e invisibilidade dos movimentos sociais imposta pela mídia corporativa. Na avaliação do membro da executiva nacional da Central Única dos Trabalhadores (CUT), Antonio Carlos Spis, a conquista de novas formas de comunicação deve ser uma das prioridades das organizações populares.
Ele argumenta que, apesar de contar hoje com seus próprios meios, como portais na internet e outros informativos, esses grupos ainda carecem de canais para atingir mais pessoas. "Se não houver um sinal aberto para disputar com as grandes emissoras, nossos panfletos seguramente não chegarão ao conjunto da sociedade brasileira", alerta.
O sindicalista lembra que, mesmo com a conversão do sinal analógico para digital, com a inserção de vários novos canais no rádio e na televisão, nenhum foi concedido a movimentos sociais, sindicais e estudantis. Para ele, é prova de que o modelo de concessões atual serve para aumentar o lucro de grandes grupos econômicos. "Não se cobra nada sobre uma fortuna acumulada a partir de um sinal público de televisão. Deveria ter uma taxação em cima disso para a família Marinho, família Silvio Santos e outras famílias", defende.
As atividades da Semana Nacional pela Democratização da Comunicação prosseguem até o dia 18 de outubro, Dia Mundial pela Democracia na Mídia, com debates, seminários, manifestações e atrações culturais.
Fonte: Brasil de Fato.