Milícias privadas atacam acampamento em Redenção-PA
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- Andrea
- 20/10/2008
No dia 16 de outubro último, cerca de oito pistoleiros atacaram o Acampamento Sardinha, organizado na Fazenda Vaca Branca, conhecida também por Fazenda Santa Maria, no Município de Redenção, no sul do Pará.
Eles estavam encapuzados e fortemente armados, com pistolas, revólveres e espingardas, dispararam vários tiros, humilharam, ameaçaram as pessoas de morte, incendiaram os barracos com tudo o que tinham dentro, inclusive mantimentos, e expulsaram as 27 famílias ali presentes. Apavoradas, elas se refugiaram na cidade de Redenção, na casa de familiares e amigos.
O crime foi comunicado à DECA (Delegacia de Conflitos Agrários), que lamentavelmente limitou-se a registrá-lo como ameaça, quando está configurado o porte ilegal de arma, disparos de arma de fogo, incêndio e formação de quadrilha ou bando.
É escandalosa a forma com que a policia do Pará continua a tratar os crimes praticados pelas milícias privadas contra os trabalhadores rurais sem terra. Agindo assim, o Delegado da DECA, Newton Brabo, já decretou a impunidade dos pistoleiros.
Crimes dessa natureza são feitos sempre por encomenda. Neste caso a fazendeira chama-se Maria de Fátima Gomes Ferreira Marques, que já obteve na justiça uma decisão liminar de manutenção de posse, desde o dia 17.09.07. Pergunta-se: será que o Delegado Newton Brabo vai cumprir o seu dever legal de indiciar a proprietária como mandante do crime? É com a certeza da impunidade que os fazendeiros do Pará preferem lançar mão das milícias privadas a optar pelo regular cumprimento de ordem judicial.
Ressalte-se que os trabalhadores rurais já vinham sofrendo ameaças constantes desde o início de setembro de 2008 e já haviam comunicado o fato à DECA. O acampamento é formado por aproximadamente 70 famílias, que há mais de um ano ocupam a área para pressionar o INCRA a realizar vistoria do imóvel a fim de verificar o cumprimento de sua função social.
Camponeses são assassinados na Bahia
Três camponeses foram assassinados, no dia 15 de outubro, em uma emboscada preparada por pistoleiros no interior baiano. Suspeita-se que o crime teria sido encomendado por grileiros de terras da região do município de Monte Santo (BA), próximo a fazenda Capivara. No momento do assassinato, os trabalhadores caminhavam até o Assentamento Santa Luzia da Bela Vista, onde acontecia uma reunião com servidores do Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra), que tinha o objetivo de cadastrar as famílias para a construção de cisternas. O clima é de tensão na região e os trabalhadores temem novos ataques. Desde o ano passado foram mortos seis camponeses em decorrência de conflitos fundiários envolvendo grileiros e posseiros.
Fonte: CPT (Comissão Pastoral da Terra).