Correio da Cidadania

Assassinato do sem terra Keno completa um ano de impunidade no Paraná

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Oitocentos integrantes da Via Campesina do Paraná e organizações sociais realizaram nesta terça-feira (21/10) uma caminhada e um ato ecumênico para lembrar um ano do assassinato do sem terra Valmir Mota de Oliveira, o Keno. Neste mesmo dia em 2007, funcionários da suposta empresa de segurança NF tentaram despejar à força agricultores que ocupavam a área de pesquisa da transnacional Syngenta Seeds, na cidade de Santa Tereza do Oeste. Keno foi assassinado e um segurança, Fábio Ferreira de Souza, acabou sendo morto durante o ataque.

 

O integrante da coordenação estadual da Via Campesina, Roberto Baggio, conta que além de homenagear o trabalhador sem terra, as atividades serviram para cobrar a responsabilização dos culpados pelo assassinato e para comemorar a vitória sobre a transnacional.

 

Na semana passada, a Syngenta doou a fazenda ao governo paranaense, depois do desgaste com as mortes e com a denúncia de plantio ilegal de milho e soja transgênicos próximo ao Parque Nacional do Iguaçu. "E em segundo, comemoramos a presença de Keno, que foi um grande escudeiro nesse processo. Dedicou sua vida nas batalhas contra as milícias armadas aqui na região", diz.

 

Depois de um ano do episódio, o processo pouco andou no Ministério Público de Cascavel. O órgão colheu apenas os depoimentos dos 19 réus e de parte das testemunhas de acusação. A advogada Gisele Cassano, da organização não-governamental Terra de Direitos, que cuida do caso pelos sem terra, afirma que não há prazo para o fim do processo, já que o MP deve ouvir entre cem testemunhas de acusação e de defesa.

 

No entanto, ela considera o processo injusto, já que não estão sendo julgados alguns dos mandantes. Cassano afirma que evidências do inquérito apontam a participação do presidente da Sociedade Rural do Oeste, Alessandro Meneghel, que acabou não respondendo pelos dois homicídios.

 

"O processo, primeiro, não denuncia os mandantes do crime, o que é ruim. E a segunda coisa é que ele criminaliza os integrantes do MST, que de vítimas do ataque passaram a ser réus do processo. São oito militantes que estão sendo acusados", diz.

 

Às 10h da manhã desta terça-feira, os manifestantes saíram em caminhada do Acampamento Terra Livre, localizado no Assentamento Olga Benário, na BR-277, e foram até a frente da antiga área da Syngenta, onde realizaram um ato público. Instalaram uma cruz de cedro em frente ao local para lembrar da morte do sem terra.

 

Depois entraram na fazenda e realizaram um ato ecumênico no local em que Keno foi morto, com a participação do integrante do Conselho Indigenista Missionário (Cimi), Padre Diego Pelizzari, e do reverendo da Igreja Episcopal Anglicana de Cascavel, Luiz Carlos Gabas, que também já sofreu ameaças das milícias armadas na região. As atividades encerraram perto das 13h.

 

Fonte: Agência Chasque

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