Licença para hidrelétricas do rio Madeira
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- 09/05/2007
Os cientistas Bruce Forsberg e Philip Fearnside, do
Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (Inpa), apontaram problemas para a
implementação das hidrelétricas do rio Madeira (Jirau e Santo Antônio).
Os dados foram publicados por Raul Valle, do Instituto Socioambiental
(ISA). De acordo com os pesquisadores, a grita em torno do Estudo de
Impacto Ambiental (EIA-Rima), pressuposto para o licenciamento ambiental das
usinas, é justificável por conta da contaminação das águas e dos males à
reprodução do pirarucu.
Forsberg indica que “os estudos teriam se utilizado de uma
metodologia equivocada para avaliar a área alagada (com a barragem), o que
poderia ter subestimado o resultado final de seu cálculo”, conforme
detalhamento de Valle, em artigo publicado no http://www.isa.org.br.
Forsberg ainda explicou que a região é, há muitos anos, alvo
de intensa exploração clandestina de ouro, e, por essa razão, já existem nas
águas do Madeira e de seus afluentes grandes quantidades de mercúrio acumulado,
apontando para o perigo de o represamento potencializar a contaminação.
No mesmo endereço é veiculada a opinião de Fearnside, que
também possui estudos sobre a temática. Segundo aponta o ISA, no parecer
do cientista, entregue ao Ministério Público Estadual de Rondônia, ele afirma
que “são necessários estudos para estimar as mudanças sobre o suprimento de
sedimentos e nutrientes aos lagos de várzea”.
Segundo Fearnside, o empreendimento pode afetar a principal fonte do peixe pirarucu para Porto Velho, pois a retenção dos sedimentos pode implicar na “desnutrição” de vários lagos de várzea a montante.
A opinião dos cientistas foi divulgada pouco depois de oficializada a divisão
do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis
(Ibama). Com a implantação do Instituto Chico Mendes de Conservação da
Biodiversidade, a disputa está mais acirrada no que concerne a quem tem razão e
melhores estudos para subsidiar o EIA-Rima de Jirau e Santo Antônio.
Entretanto, com as posições recém-publicadas dos dois cientistas do Inpa, mais
uma vez ressurge a polêmica da composição físico-química do rio Madeira, um dos
principais alimentadores do rio Amazonas.
Outro dado importante é que o tema de controvérsia pode se deslocar da questão
dos bagres (cara ao presidente Lula) para a questão do pirarucu.
Impactos continentais
A Bacia Hidrográfica do rio Madeira representa 23% de toda a Bacia Amazônica, contribuindo com cerca de 15% do volume de água despejado continuamente pelo rio Amazonas no Oceano Atlântico. Por ter suas cabeceiras situadas aos pés dos Andes, na Bolívia e no Peru, região de relevo geologicamente recente e em processo milenar de erosão, tem uma característica bastante peculiar que é a grande quantidade de sedimentos que carrega.
Fonte: Renan Albuquerque, Amazonas Em Tempo - http://www.emtempo.com.br/