Correio da Cidadania

Licença para hidrelétricas do rio Madeira

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Os cientistas Bruce Forsberg e Philip Fearnside, do Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (Inpa), apontaram problemas para a implementação das hidrelétricas do rio Madeira (Jirau e Santo Antônio).  Os dados foram publicados por Raul Valle, do Instituto Socioambiental (ISA).  De acordo com os pesquisadores, a grita em torno do Estudo de Impacto Ambiental (EIA-Rima), pressuposto para o licenciamento ambiental das usinas, é justificável por conta da contaminação das águas e dos males à reprodução do pirarucu.

Forsberg indica que “os estudos teriam se utilizado de uma metodologia equivocada para avaliar a área alagada (com a barragem), o que poderia ter subestimado o resultado final de seu cálculo”, conforme detalhamento de Valle, em artigo publicado no http://www.isa.org.br.

Forsberg ainda explicou que a região é, há muitos anos, alvo de intensa exploração clandestina de ouro, e, por essa razão, já existem nas águas do Madeira e de seus afluentes grandes quantidades de mercúrio acumulado, apontando para o perigo de o represamento potencializar a contaminação.

No mesmo endereço é veiculada a opinião de Fearnside, que também possui estudos sobre a temática.  Segundo aponta o ISA, no parecer do cientista, entregue ao Ministério Público Estadual de Rondônia, ele afirma que “são necessários estudos para estimar as mudanças sobre o suprimento de sedimentos e nutrientes aos lagos de várzea”.

Segundo Fearnside, o empreendimento pode afetar a principal fonte do peixe pirarucu para Porto Velho, pois a retenção dos sedimentos pode implicar na “desnutrição” de vários lagos de várzea a montante.


A opinião dos cientistas foi divulgada pouco depois de oficializada a divisão do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama).  Com a implantação do Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade, a disputa está mais acirrada no que concerne a quem tem razão e melhores estudos para subsidiar o EIA-Rima de Jirau e Santo Antônio.


Entretanto, com as posições recém-publicadas dos dois cientistas do Inpa, mais uma vez ressurge a polêmica da composição físico-química do rio Madeira, um dos principais alimentadores do rio Amazonas.


Outro dado importante é que o tema de controvérsia pode se deslocar da questão dos bagres (cara ao presidente Lula) para a questão do pirarucu.

Impactos continentais

A Bacia Hidrográfica do rio Madeira representa 23% de toda a Bacia Amazônica, contribuindo com cerca de 15% do volume de água despejado continuamente pelo rio Amazonas no Oceano Atlântico.  Por ter suas cabeceiras situadas aos pés dos Andes, na Bolívia e no Peru, região de relevo geologicamente recente e em processo milenar de erosão, tem uma característica bastante peculiar que é a grande quantidade de sedimentos que carrega.

 

 

Fonte: Renan Albuquerque, Amazonas Em Tempo  - http://www.emtempo.com.br/

 

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