Correio da Cidadania

Carta aberta da Aliança Social Continental aos presidentes de UNASUL

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A democracia é para todos e todas

 

Por ocasião da reunião de Quito do dia 10 de agosto de 2009, enviamos aos senhores uma carta na qual manifestamos nossas inquietações sobre os acontecimentos que atingem a estabilidade do continente e as perspectivas de integração materializadas em processos como o da Unasul.

 

De fato, entre a reunião de Quito e a de Bariloche, o governo da Colômbia assinou com os Estados Unidos a outorga com a permissão de operação sobre 7 bases militares às tropas dos EUA, em um acordo cujo texto final tem sido mantido em segredo; porém, presumivelmente, autoriza todo tipo de operações no interior e no exterior do país.

 

Isso significa, juntamente com o deslocamento da IV Frota, o incremento da presença militar dos EUA em uma região estratégica a partir da qual podem ser lançadas operações em todo o continente. A Colômbia, ao assinar esse acordo, dá imunidade aos militares e contratistas estadunidenses, além de garantir-lhes impunidade, colocando-os fora do alcance dos controles judiciais nacionais e internacionais. Ao mesmo tempo, o uso das bases militares significa uma intervenção nos assuntos internos da Colômbia e uma ameaça contra os processos democráticos em toda a região. Por exemplo, a base militar Soto Cano, em Honduras, tem sido um espaço para o novo apoio estadunidense aos golpistas desse país.

 

Essa utilização, que dá amplas facilidades ao exército estadunidense, constitui-se em uma interferência nos processos de integração, um estímulo às correntes que querem desestabilizar os processos democráticos e uma fonte de conflitos em uma região que tem avançado para alcançar sua autonomia e na busca de caminhos próprios para seu desenvolvimento. As declarações do assessor de segurança da Casa Branca, no Brasil, de que "nossa missão é ajudar no treinamento de suas forças de fronteira" e sobre que o governo da Venezuela não fez muito para combater a presença das FARC em dito país, demonstram o propósito dos Estados Unidos de arbitrar as diferenças e contradições entre os países da região. Nesse sentido, a Secretária de Estado, Hillary Clinton reconheceu no ato de assinatura do Acordo que o objetivo do mesmo é a "segurança regional".

 

A presença dessas bases tem sido justificada sob o pretexto da luta contra o terrorismo e o narcotráfico; porém, na realidade, representam uma peça do dispositivo militar global dos Estados Unidos e patrocinam um enfoque militar e unilateral desses problemas, impedindo o tratamento regional, social, político, autônomo e multilateral de tais problemas. Enfoques, que com o Plano Colômbia e a Iniciativa Mérida, têm demonstrado sua ineficácia e seu alto potencial de desestabilização regional e cuja aplicação na Colômbia e nas zonas fronteiriças tem contribuído para agravar a crise humanitária, ambiental e social de vastas regiões.

 

Essas bases, juntamente com os Tratados de Livre Comércio, se constituem em novos obstáculos para avançar na integração sul-americana tão apreciada pelos povos da região. Apesar de ser uma vitória dos esforços integracionistas que a Unasul seja o fórum no qual este tema seja debatido, a posição do governo colombiano quer tirar dessa organização toda a capacidade de definir ações em matéria de segurança e facilitar a interferência dos Estados Unidos nos processos da região.

 

Consideramos que a reunião da Unasul em Bariloche deveria pronunciar-se a respeito, rechaçar a instalação dessas e de qualquer base militar na América do Sul, condenar a interferência nos assuntos da integração regional e avançar na busca de soluções políticas através do diálogo sobre os diferentes assuntos de controvérsia entre os países dentro do espírito de convivência pacífica, ajuda mútua e respeito à soberania, que são vulnerados ao se entregar o território colombiano às operações militares estadunidenses e não como a discussão fraternal no seio da Unasul.

 

Acompanhamos a mobilização em rechaço às bases militares e à presença militar estadunidense no continente.

 

Aliança Social Continental, Secretaria Operativa: Campanha; Aliança Social Continental.

 

Publicado originalmente e traduzido por Adital.

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