Congresso do MST
- Detalhes
- 31/05/2007
Mais de 17 mil delegados e delegadas de
assentamentos e acampamentos de 24 estados participam do 5º Congresso do
MST, o maior da história do Movimento, sob o lema “Reforma Agrária: por Justiça
Social e Soberania Popular”, no Ginásio Nilson Nelson, em Brasília, entre 11 e
15 de junho.
O evento será uma grande festa para comemorar as conquistas dos
trabalhadores Sem Terra nos últimos 23 anos, demonstrando a unidade dos
integrantes do movimento e apoio da sociedade à luta pela Reforma Agrária. “É um
momento de fortalecimento e consolidação do Movimento, trabalhando a mística e
valores”, afirma o integrante da coordenação nacional do MST, Gilmar Mauro.
Durantes os cinco dias, os trabalhadores e trabalhadoras rurais ficam acampados
em torno do ginásio, onde acontecem os debates sobre o atual estágio da questão
agrária, o papel do Estado sob a presidência de Luiz Inácio Lula da Silva e a
conjuntura política internacional.
“O Congresso é um espaço de confraternização interna, onde temos a possibilidade
de encontrar toda a companheirada que faz a luta de norte a sul do país. É um
momento impar onde podemos fazer as discussões, estudos e estabelecer as
táticas”, define.
O país apresenta uma nova conjuntura da questão agrária, que passou por
mudanças na década de 90, quando o mundo passou por um processo de globalização
capitalista, que impôs aos países periféricos no meio rural o chamado
agronegócio.
O modelo agroexportador é caracterizado pela produção em grandes extensões de
terra de monocultura para exportação, de forma mecanizada e com a expulsão de
mão-de-obra do campo. O avanço do agronegócio e das empresas transnacionais,
sob a hegemonia do capital financeiro, mudou a questão agrária no país.
Por outro lado, a pobreza, superexploração do trabalho dos camponeses e a
concentração de terra continuam sem solução. Mais de 230 mil famílias estão
acampadas pelo país, das quais 140 mil integram o MST.
Programa agrário
Diante disso, os movimentos sociais tiveram que criar novas formas de luta para
fazer o enfrentamento com esses setores, que se constituem como obstáculos para
a democratização do acesso à terra e produção agrícola.
“No Congresso, queremos fortalecer o MST e o nosso projeto para a sociedade
brasileira, em particular em relação à luta pela Reforma Agrária, que significa
hoje enfrentar as grandes corporações ligadas ao capital financeiro, enfrentar
o agronegócio e, acima de tudo, discutir com a sociedade um novo modelo de
agricultura”, afirma Mauro.
Diante das mudanças, o MST vai concluir e apresentar à sociedade uma proposta
alternativa para o campo brasileiro, intitulada “A Reforma Agrária necessária:
Por um projeto popular para a agricultura brasileira”.
O programa agrário apresenta objetivos e propostas concretas para a resolução
da questão agrária, com a garantia de boa qualidade de vida e trabalho aos Sem
Terra e a superação da brutal desigualdade social no campo.
Além disso, propõe o modelo da soberania alimentar, com a produção de alimentos
a toda a população, e a preservação da natureza. Segundo Mauro, o lema do
Congresso surgiu da compreensão do Movimento de que o combate às desigualdades
e a garantia da efetiva participação política da população dependem da mudança
da estrutura fundiária no país.
“A luta por Reforma Agrária está casada com a busca por Justiça Social e
Soberania Popular, dentro de um conjunto de lutas da classe trabalhadora para
alterar as condições de trabalho, o modelo econômico e agrícola, para
caminharmos na perspectiva de discutir com a sociedade brasileira um novo
projeto para o Brasil”.
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