Correio da Cidadania

72% dos moradores de rua dizem que nada mudou na Cracolândia

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Operação Sufoco completa 5 meses no próximo domingo (10), sem melhorias para a população da região.

 

A maioria dos moradores de rua da região central de São Paulo afirma que a Operação Sufoco da Polícia Militar na região da Cracolândia não mudou em nada as suas vidas.

 

Uma pesquisa inédita da Secretaria Municipal de Assistência Social, obtida com exclusividade pelo jornal O Estado de S. Paulo, apontou que 72,3% dos moradores de rua afirmam que a intervenção policial, que completará cinco meses no próximo domingo (10), não acarretou mudanças em suas vidas.

 

Outros 17,2% afirmam que a situação piorou, principalmente pela violência dos agentes de segurança, e o restante vê melhorias ou optou por não responder.

 

A pesquisa utilizou uma amostra de 380 pessoas, retirada do universo de 6.675 pessoas que moram nas ruas e não são atendidas pelos albergues municipais. Entre os moradores de rua que presenciaram a Operação Sufoco, 14,2% disseram ter sofrido agressão por parte da polícia, e 23,5% criticaram a operação, uma vez que, para eles, a Cracolândia mudou apenas de endereço.

 

O Ministério Público de São Paulo está com inquérito aberto para investigar a operação policial na Cracolândia. Os promotores Arthur Pinto Filho e Eduardo Ferreira Valério, ambos da Promotoria de Justiça de Direitos Humanos, Luciana Bergamo Tchorbadjian, da Promotoria de Defesa dos Interesses Difusos e Coletivos da Infância e Juventude, e Maurício Antonio Ribeiro Lopes, da Promotoria de Justiça de Habitação e Urbanismo, afirmaram que a operação impôs dor e sofrimento aos ocupantes da região. Além disso, eles acreditam que a ação espalhou o problema para toda a cidade e tornou esses dependentes inacessíveis ao trabalho de criação de vínculo e convencimento que vinha sendo feito por agentes sociais.

 

A presidente da Associação Amoaluz, Paula Ribas, afirmou que houve uma mudança para pior, as pessoas não tem assistência, estão jogadas, e são punidas por não ter ajuda. O grupo localizado facilitava a abordagem por parte de ações de agentes sociais. No início diziam que a operação policial era o primeiro passo de uma série de ações para ajudar usuários, mas tudo aquilo que foi prometido sobre ajuda consistente a estas pessoas não chegou até agora”.

 

Paula disse ainda que depois da operação policial, antigos pontos de venda de drogas foram reativados. “Com a concentração de usuários na Rua Helvétia, outros pontos mais distantes foram esquecidos. Com a dispersão dos usuários estes pontos foram reativados”, denunciou.

 

Por Felipe Rousselet, SpressoSP.

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