Entidades de direitos civis cobram apuração de assassinato de angolana em SP
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- 11/06/2012
Angolana Zulmira de Souza Borges foi morta a tiros em um bar quando comemorava aniversário com amigos.
Mais de 30 entidades de direitos civis e de africanos estão se mobilizando para cobrar a devida apuração do assassinato da jovem angolana Zulmira de Souza Borges. Ela foi morta a tiros em um bar na região central de São Paulo enquanto comemorava um aniversário com amigos. Mais quatro pessoas também ficaram feridas. Zulmira fazia mestrado no Brasil.
“O crime nos deixou perplexos não só pelo fator racial, mas porque vem se repetindo. Zulmira não pode ser tratada como caso único. O estrangeiro é perseguido no Brasil e o problema se agrava quando são negros. Queremos a apuração do caso e uma reparação para as vitimas”, disse o advogado do Centro de Direitos Humanos e Cidadania do Imigrante, o CDHIC, Cleyton Wenceslau Borges.
Antes do assassinato teria havido uma discussão entre um grupo de brasileiros e o de angolanos. Os brasileiros teriam saído do local em um Golf Prata, retornado com uma arma e atirado contra o grupo.
Para Borges, o crime mostra que o Brasil não está preparado para todas as questões migratórias.
“Nosso estatuto do estrangeiro é de 1980, da época da ditadura. Ele é punitivo e restritivo e quer que o imigrante seja vigiado e controlado. O Brasil é um dos últimos países a ver isso, aqui o estrangeiro ainda não pode, por exemplo, votar ou se sindicalizar. É preciso uma revisão constitucional”, argumenta.
Borges adiantou que já está sendo preparada uma manifestação pública, ainda sem data prevista para acontecer. Além disso, o CDHIC e as demais entidades estão elaborando um documento cobrando o Estado por explicações. “Apenas com a pressão pública é que conseguiremos resultados”, desabafou.
Na Assembleia Legislativa de São Paulo, o deputado Adriano Diogo (PT) tenta na Comissão de Direitos Humanos marcar uma audiência pública sobre o tema. “Os estudantes angolanos estão indignados e assustados com o caso”, disse ele.
O parlamentar também informou que entrará com pedidos junto à Secretaria de Segurança Pública e ao delegado-geral de polícia para que a investigação do caso tenha andamento, pois de acordo com ele, sequer foram requisitadas fitas de segurança de prédios perto do bar e nem ouvidas as testemunhas do crime.
Por Mario Henrique de Oliveira, SpressoSP.