MST mobiliza 10 estados pelo assentamento das 150 mil famílias acampadas
- Detalhes
- Daniela
- 25/09/2007
A jornada
nacional de lutas do MST pede o assentamento das 150 mil famílias acampadas em
todo o país e denuncia a lentidão da Reforma Agrária, que não avança com falta
de recursos disponíveis dentro modelo econômico vigente, e o apoio do
governo federal às grandes empresas do agronegócio.
"A reforma agrária está parada em todo o país. A política econômica do
governo corta os recursos previstos no orçamento para a Reforma Agrária e não
tem dado apoio aos assentamentos, como crédito para produção, além de obras de
infra-estrutura, como habitação e escolas", afirma Vanderlei Martini, da
coordenação nacional do MST. "Por outro lado, gasta dinheiro na
renegociação das dívidas dos latifundiários e nas grandes
empresas do agronegócio, que concentram a terra e expulsam os trabalhadores do
campo", completa.
Foram ocupadas superintendências do Incra (Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária) em seis estados e realizados protestos em órgãos ligados ao Ministério da Fazenda em quatro estados.
Em São Paulo, 500 Sem
Terra ocuparam o Incra para cobrar o assentamento imediato das 3 mil famílias
acampadas nas estradas paulistas.
Além disso, cerca de 500 trabalhadores rurais fizeram protesto em frente à
Secretaria de Justiça do Estado contra o PL 578/2007, que legaliza a grilagem
de terras na região do Pontal do Paranapanema.
Em Belo Horizonte,
em Minas Gerais, cerca
de 400 trabalhadores Sem Terra ocuparam o Incra em defesa do assentamento
imediato das 3.200 famílias acampadas em Minas Gerais. As
negociações não avançaram e a ocupação deve permanecer até amanhã
Em São Luiz,
no Maranhão, 400
trabalhadores ocuparam a superintendência do Incra exigindo o assentamento
imediato das 4.000 famílias que permanecem acampadas no estado.
Em Santa Catarina,
mais 400 Sem Terra ocuparam a sede Incra em Chapecó e cerca de 350
trabalhadores fizeram ato em frente à Delegacia Regional do Ministério da
Fazenda, em
Florianópolis. Cerca de 1.200 famílias estão acampadas à
beira das estradas em todo o estado.
Em Alagoas, cerca de
2.000 trabalhadores Sem Terra montam acampamento na Praça Sinimbu, na região
central de Maceió, para exigir o cumprimento do processo de Reforma Agrária no
Estado. No ano passado, o Incra tinha como meta o assentamento de 3.000 mil
famílias, mas apenas 500 receberam seus lotes.
Mais de 1.500 trabalhadores do MST ocuparam os quatro andares do prédio da
superintendência estadual do Incra (Instituto Nacional de Colonização e Reforma
Agrária), em Fortaleza, para cobrar o assentamento das 1.700 famílias acampadas
no Ceará.
O Movimento fez atos em órgãos do Ministério da Fazenda para denunciar que o
modelo econômico vigente inviabiliza a realização da Reforma Agrária e
incentiva a expansão do agronegócio, que está baseado na concentração de terras
para a produção de monocultura para exportação.
A jornada de lutas pretende denunciar também o abandono em que se encontra a
agricultura familiar, já que o poder público investe cada vez mais dinheiro no
agronegócio. Para a safra 2006/2007, foram repassados R$ 50 bilhões para os
grandes produtores, enquanto apenas R$ 10 bilhões ficaram disponíveis para a
agricultura camponesa (via Pronaf).
O MST ocupou com 300 famílias o prédio da superintendência estadual do Incra,
na capital do Rio de Janeiro,
para cobrar o assentamento das 1.200 famílias acampadas.
Depois, as famílias fizeram marcha pelo centro e montaram acampamento em frente
ao BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social), onde
reivindicaram investimentos nos assentamentos e denunciam os empréstimos para
grandes empresas do agronegócio.
Cerca de 300 Sem Terra protestaram em frente à Delegacia Estadual do Ministério
da Fazenda, em Cuiabá, para cobrar o assentamento das 3.500 famílias acampadas
no Mato Grosso.
Em Goiás, 300 Sem Terra
fizeram manifestação em frente ao prédio da Receita Federal, em Goiânia, e
pediram o assentamento imediato das cerca de 4 mil famílias acampadas.
Na Paraíba, Cerca de
1000 famílias do Sem Terra ocuparam, na manhã desta segunda-feira (24), o
prédio da Secretaria da Fazenda, em João Pessoa, para cobrar o assentamento das 3.700
famílias acampadas na Paraíba e pedir mudanças na política econômica.
Panorama
Os protestos pretendem denunciar que a Reforma Agrária está parada em todo o
país e denunciar que os trabalhadores e trabalhadoras rurais sofrem com o
aumento da concentração de terras, com o avanço do agronegócio no Brasil. Isso
tende a se agravar com a expansão dos biocombustíveis.
O MST defende um modelo agrícola baseado nas pequenas propriedades para a
produção de alimentos e geração de empregos. Dessa maneira, reivindica o
assentamento imediato das 150 mil famílias que permanecem acampadas. Além de
promover a desconcentração da terra, movimentaria a economia gerando 750 mil
empregos diretos e outros inúmeros indiretos.
O MST denuncia também a compra de terra por empresas estrangeiras, que vão
apenas desenvolver um modelo de produção atrasado, baseado na monocultura, na
destruição do meio ambiente e na exploração do trabalhador.
Os Sem Terra defendem um modelo de Reforma Agrária que dê condições reais ao
trabalhador de produzir alimentos saudáveis para a população, a partir da
viabilização de crédito para infra-estrutura, moradia digna, assistência
técnica, educação e saúde.
Fonte: MST