Jornada de luta pela reforma agrária e em defesa dos recursos minerais
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- 19/10/2007
Sobre a ocupação da estrada de ferro Carajás
Na manhã de hoje, dia 17 de outubro de 2007, cerca de 2600 famílias do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra do Estado do Pará, das organizações de Garimpeiros, pequenos produtores e juventude urbana reunidos em torno da Jornada de lutas pela Reforma Agrária e dos recursos naturais do povo brasileiro, ocuparam parte do eixo ferroviário que corta o Projeto de Assentamento Palmares II (município de Parauapebas), da Companhia Vale do Rio Doce -CVRD.
Desde o dia 15 de outubro, data que marca o início desta Jornada, as famílias do MST do Pará, dos garimpeiros, dos pequenos produtores e da juventude urbana têm demonstrado para a sociedade paraense inúmeras informações acerca das contradições do desenvolvimento do Estado baseado num modelo “agrário, mineral e exportador” que pouco ou nada trouxe ou trará benefícios para o conjunto da população do Estado, pois nos moldes como vem sendo implementado, tem na verdade intensificado a exploração até o limite do intolerável a biodiversidade e a população da nossa região
A principal motivação que desencadeou a ocupação dos trilhos de ferro que a CVRD tem concessão de uso por parte dos trabalhadores que estão participando na jornada se dá pelo fato de que essa empresa privada de exploração mineral tem assumido uma postura de determinar a lógica de organização do Estado e da sociedade e, sobretudo da região de influência da exploração mineral, na perspectiva de acumular e enriquecer um patrimônio privado, mas negam-se em discutir com as esferas políticas e com a sociedade civil as conseqüências ambientais e sociais que é a exploração mineral predatória intensificado nesse último período.
A ocupação dos trilhos, a paralisação das atividades de tráfego de minério da CVRD é a forma de responsabilizar o Governo Federal, o Governo Estadual e a própria CVRD pela incapacidade de resolver o grave problema agrário, mineral e ambiental que vivem os trabalhadores do Campo e das cidades. Afirmamos que só sairemos dos trilhos quando a nossa pauta for atendida e negociada, diante disso façamos saber para a sociedade e todas as instituições do estado que queremos de forma imediata, a presença dos Governos Federal e Estadual e da Direção executiva da empresa no assentamento Palmares II, local onde nos encontramos mobilizados para que se abra um processo de negociação.
A pauta reivindicada é intensa e representa os interesses das famílias mobilizadas e, para negociá-la queremos a presença do Ministro do Desenvolvimento Agrário - MDA, do Presidente Nacional do INCRA, do Ministro de Minas e Energia - MME, do Ministro da Educação - MEC. Também reivindicamos a presença do governo do Estado, na pessoa da governadora Ana Júlia Carepa, do Secretario de Meio Ambiente do Estado, Instituto de Terras do Pará - ITERPA. Secretaria de Educação do Estado. E da direção executiva da Companhia Vale do Rio Doce.
Assim como queremos responsabilizar o governo Federal e Estadual pelo que vier acontecer ás famílias que agora interditam a Estrada de Ferro Carajás, pois a presença do Exército Brasileiro; da Polícia Federal e Polícia Militar não resolverá e nem encaminhará a pauta dos trabalhadores.
Essa luta representa os interesses do povo Brasileiro, na luta por soberania, por reforma agrária e por justiça social.
Assentamento Palmares,
17 de outubro de 2007.