O Pior Ano de Nossas Vidas – Volume 2: Retrospectiva 2021
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- Gabriel Brito e Raphael Sanz, da Redação
- 22/12/2022
Foto: Editora Terra Sem Amos
Exaustão, esgotamento, esgarçamento. Se tais palavras foram largamente usadas para definir 2020, parecem ainda mais válidas para sintetizar um 2021 que mais pareceu uma segunda parte do ano anterior do que um período próprio do calendário. No ano em que o mundo conheceu a vacina, único meio de controlar a mortalidade do vírus, o Brasil mais que dobrou o numero de óbitos em relação ao ano anterior. No tecido social, um tremendo mal estar que combina exaustão física e psíquica com um mundo que se recusa a rever suas relações socioeconômicas e o insustentável produtivismo delas decorrentes.
Nesta presente edição Retrospectiva de 2022, o Correio da Cidadania lança “O pior ano de nossas vidas – Volume 2”, com uma análise retrospectiva do ano anterior, considerado por aqui de grande importância para a compreensão também do presente ano – que apresentou diversas sequelas da contaminação não apenas em nossos corpos, mas em nossa sociedade. Tal como 2021 acabou por ser mera extensão de 2020, e não um ano propriamente novo, o mesmo pareceu se desenhar neste 2022, e o exemplo mais palpável e recente são as sandices bolsonaristas, que representam os piores episódios da nossa história recente, e continuam a todo vapor mesmo após a vitória eleitoral de Lula (PT).
Abre-se um período de novas expectativas. Anseia-se, senão pelo mundo perfeito, ao menos por um mundo que aparente alguma normalidade e organização. Mas a fratura social prossegue, como deixa evidente o golpismo, ora canalha, ora delirante, de uma direita saudosa da ditadura militar e um séquito de pessoas que habita um impenetrável mundo cognitivo. Como se não bastasse, os verdadeiros chantagistas e usurpadores da democracia mantém o cerco sob qualquer iniciativa política que vise a redução das desigualdades. Partidos fisiológicos, mercado financeiro, militares e mídia comercial continuarão a apresentar sua violenta agenda de interesses corporativos e particulares como se não fosse disso que o mundo estivesse – literalmente – cansado.
Na obra convidamos diversos autores, jornalistas, intelectuais militantes, professores e interlocutores em geral, com produções de relevância no debate público, para comentar o segundo ano pandêmico que passou, assim como o anterior e o atual, de maneira devastadora sobre nossas cabeças.
A primeira parte, intitulada “Mais um ano de pandemia, bolsonarismo, capitalismo e ataques ao meio ambiente”, traz quatro entrevistas de fôlego e um excelente ensaio que buscam nos auxiliar na compreensão desses dois anos completos de pandemia e do momento do capitalismo que atravessamos – ‘virótico’, como definiu o sociólogo Ricardo Antunes, um dos maiores intérpretes da relação capital-trabalho no Brasil, na conversa que abre o livro.
“Quando se tem 5 milhões de mortos [em todo o planeta até então], além da taxa de mortalidade 'normal' de cada ano, por doenças e questões diversas, é porque o sistema chegou num nível completo de destruição, no qual a letalidade começa a se tornar normalidade. A pandemia não causou a tragédia, ela desnudou, acentuou e exasperou o que já vinha em andamento. Basta citar três pontos que são anteriores à pandemia: 1) a destruição humana do trabalho atinge níveis inimagináveis, certamente muito superior ao que se reconhece oficialmente; 2) sobre a natureza, dizíamos há 15 anos que o futuro estava comprometido. Agora não faz mais sentido dizer isso, pois é o presente que está comprometido; 3) a igualdade substantiva entre gêneros, raças, etnias, nunca esteve tão longe”, resumiu Antunes.
Na sequência, o filósofo Douglas Rodrigues Barros nos traz uma dimensão histórico-política do desastre atual, enquanto o famoso economista Ladislau Dowbor explica como a pandemia, em simbiose com a (des)organização social capitalista, gerou uma porção de novos bilionários às custas do empobrecimento de muitos, da volta da fome, que hoje atinge 33 milhões de brasileiros, e da falta generalizada de recursos que não deveria ocorrer.
Outra questão, das mais importantes em 2020, 2021, agora em 2022 e também a partir de 2023, é o julgamento da tese do Marco Temporal das Terras Indígenas no STF. No esforço de compreensão da questão, trouxemos uma entrevista com o filósofo e indigenista Nuno Nunes, que ofereceu uma aula de história e política a respeito do que está em jogo. Para encerrar a primeira parte, agradecemos ao sociólogo Luiz Felipe de Farias, que nos cedeu um ensaio sobre inquietação social, conservadorismo popular e os sentidos do bolsonarismo, que julgamos indispensável na reflexão acerca da atual conjuntura nacional.
Na segunda parte, intitulada “Retrospectiva 2021”, você poderá ler 19 artigos com as mais variadas autorias comentando aquele ano e relembrar de episódios que se refletem ainda hoje.
Para fechar, a última parte dessa obra, intitulada “Prospectiva 2022”, traz duas entrevistas e quatro artigos que buscaram, em seu momento, adiantar algumas reflexões e debates importantes que estiveram em pauta durante esse ano de 2022. E certamente seguirão na ordem do dia, afinal, estamos falando de processos históricos e não meras passagens cronológicas. A primeira é com Ludmila Costhek Abilio, socióloga e autora de importante estudo sobre as mulheres revendedoras de produtos da Natura, atualmente uma das principais especialistas daquilo que já se populariza como “uberização do trabalho”. Em seguida, no bojo do fracasso da COP26 e do acirramento das mudanças climáticas, trazemos uma entrevista com Paulo Horta, biólogo e professor da UFSC, que diz com todas as letras ser mais do que necessário cessar o desmatamento já e trabalhar no reflorestamento imediato do planeta. Fecham a obra um artigo da professora Maria Orlanda Pinassi, que faz uma reflexão sobre o momento que atravessamos, seguido por um artigo espetacular de Casé Angatu, para a Coluna Imbaú (espaço do nosso jornal eletrônico reservado ao movimento indígena), a respeito das inundações que atingiram a Bahia e o norte de Minas na virada de ano passada.
Para adquirir a obra, disponível somente no formato físico, acesse a página da Editora Terra Sem Amos, clicando AQUI.
Ficha Técnica
O Pior Ano de Nossas Vidas – Volume 2: Retrospectiva 2021
Organização de Gabriel Brito e Raphael Sanz – Correio da Cidadania
Editora Terra Sem Amos, 2022
276 páginas
Preço: R$50,00
Promoção - O Pior Ano de Nossas Vidas, Volumes 1 e 2: R$ 70
Gabriel Brito e Raphael Sanz, organizadores do livro, são jornalistas e editores do Correio da Cidadania.