“Não vou me adaptar” vence eleições no diretório dos estudantes da USP
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- 11/04/2012
Chapa é crítica à gestão do reitor João Grandino Rodas e defende a democratização da universidade.
A chapa “Não vou me adaptar” (NVMA) venceu as eleições para o Diretório Central dos Estudantes (DCE), da Universidade de São Paulo, realizada na última semana. A chapa obteve 53% dos votos de uma eleição histórica, que bateu recorde de participação, tendo no total 13.134 votos. Em segundo lugar ficou a chapa Reação, com 2.660 votos, ligada à direita.
Segundo Thales Carpi, da nova diretoria, o NVMA irá trabalhar principalmente para democratizar a USP. “A universidade é um espaço público, mas através do reitor João Grandino Rodas está se tornando cada vez mais privada. A USP hoje afasta a população de seu campus. Lutamos também por sistema de cotas e mais políticas de permanência na universidade”, disse ele, que é estudante de Relações Internacionais.
Para Carpi, como espaço público, a USP tem o dever de ser aberta à população. O estudante destacou o caso dos novos circulares, que antes era gratuito para todos, e, agora, será de graça apenas para alunos, docentes e funcionários não terceirizados.
Sobre as políticas de permanência, Carpi diz que elas estão ligadas a tudo dentro da universidade, desde bibliotecas até o bandejão. “Muitos dos que conseguem furar o filtro do vestibular acabam desistindo do curso, porque, apesar da USP ser de graça, ela tem custos para seus alunos”, explica ele. “Nisso está incluído a falta de livros na biblioteca, que faz o aluno ter que gastar com xerox, até a comida. Queremos melhorar isso. Imagina o estudante que faz odontologia o tanto de gasto com equipamento que ele tem. A universidade tem que pensar nisso também e vamos trabalhar com essa idéia”.
O dirigente negou que a atual chapa eleita seja uma continuidade da antiga gestão, como alguns veículos da imprensa vêm dizendo. “Não é verdade, alguns da antiga gestão estão também nessa, mas muitos estavam disputando as eleições por outras chapas. A NVMA é uma nova gestão com novas idéias. Somos a chapa mais presente, estamos em quase todos os cursos e campi da USP. A votação expressa o cotidiano de nossa construção nos centros acadêmicos.”
Essa eleição contou com o apoio de um blogueiro da Veja, Reinaldo Azevedo, para a chapa Reação, que defende a PM no Campus, entre outras propostas. Isso teria motivado muitos alunos a votarem na NVMA contra a direita. No entanto, para Carpi, o recorde no número de votantes tem motivos maiores. “Tem muito a ver com o momento em que a USP se encontra, a efervescência política. Votos de DCE não são como eleições gerais, que muitas vezes são feitas por obrigação. Aqui é mais pela consciência política mesmo”, disse. Ele também observou que a votação para o DCE ocorria em novembro, época em que muitos estão pensando mais nas provas do que em eleições, ao contrário da disputa em março, quando o ano está começando.
Por Mario Henrique de Oliveira, Spresso SP.