Começa
nesta segunda-feira, 26 de julho, a Marcha Pelo Brasil e Contra FHC. O lançamento será
no Rio de Janeiro, em ato público contra a privatização da Petrobrás.
Ao contrário do que ocorreu em 1997, quando o MST sozinho levou 100 mil
pessoas a Brasília, desta vez a Marcha é promovida por diversas entidades, como a CNBB,
Consulta Popular e o próprio MST; além de sindicatos e partidos de oposição (PT,
PCdoB, PSB, PPS e PSTU).
O objetivo prático do movimento é colher assinaturas para apoiar a
instalação de uma CPI para investigar o processo de privatização da Telebrás e
também o processo contra o presidente Fernando Henrique Cardoso por crime de
responsabilidade.
Unidos em torno da Marcha, os partidos e entidades que a promovem ainda
não conseguiram estabelecer uma unidade de suas palavras de ordem e seus objetivos
políticos. O PDT, por exemplo, pede a renúncia do presidente FHC e de seu vice, Marco
Maciel.
E não se trata apenas de retórica: quem assinar os modelos oficiais que
estão sendo distribuídos pelo partido, além de manifestar apoio à CPI da Telebrás,
estará apoiando a renúncia de FHC e Maciel e a convocação de eleições gerais.
O partido de Leonel Brizola também é o que mais divulga o movimento. A
página do PDT na Internet, por exemplo, é a única em que é possível encontrar os
formulários para assinaturas, que serão distribuídos ao longo da Marcha.
O PSTU, que também está empenhado nos preparativos da Marcha, refuta a
palavra de ordem "Renúncia Já". O partido prefere o slogan "Fora
FHC" e também quer eleições gerais.
PT: Basta de FHC
As posições do PT o maior partido de oposição do país e
do PCdoB são muito parecidas: ambos utilizam a expressão "Basta de FHC" como
palavra de ordem, não pedem a renúncia de Fernando Henrique nem tampouco a convocação
de eleições gerais. "A marcha vai servir para colher assinaturas para apoiar a
abertura de uma CPI para investigar a Telebrás e terá um caráter multiplicador do
movimento social no Brasil", explica Arlindo Chinaglia, secretário geral do PT.
Apesar das pequenas divergências entre os promotores da Marcha, Chinaglia
aposta em seu sucesso. "As diferenças em torno das palavras de ordem não são
fundamentais. É lógico que quando o Brizola pediu a renúncia do presidente, criou um
fato político, mas mesmo a bancada do PDT não segue suas orientações", cutuca.
Para Chinaglia, não adianta centrar fogo apenas no presidente da
República: "nosso inimigo não se resume à pessoa de FHC. Temos que dar
continuidade a uma ampla campanha contra o neoliberalismo. No dia 26 de agosto, vamos
lançar um manifesto em defesa do Brasil, apontando saídas e divulgando as nossas
propostas", afirma.
O secretário-geral do PT também refuta a idéia de que o partido não
esteja jogando "todas as fichas" na mobilização popular, preferindo esperar o
desgaste do governo e o pleito de 2002. "Estamos orientando os nossos Diretórios e
vamos ampliar a divulgação da marcha. O PT vai entrar de cabeça", diz ele.
MST: participação popular
Entre as entidades que estão organizando a Marcha, a que possui mais
experiência neste tipo de ação é sem dúvida o MST. Em julho de 1997, Brasília parou
para ver a chegada de milhares de sem-terra na cidade. Foi a maior manifestação contra o
governo FHC até agora.
Como na primeira marcha, o dirigente nacional do MST, Ênio Bohnenberge,
espera muita participação da população durante as caminhadas. "Pelo caminho, nas
cidades por onde vamos passar, nos lugarejos, nas vilas, discutiremos com a população
tanto no sentido de alertar para os graves riscos que estamos correndo, como para
buscarmos um projeto alternativo capaz de retomar o Brasil para as mãos dos
brasileiros."
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