Marcha Popular leva milhares a Brasília pela soberania nacional
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A Marcha Popular pelo Brasil chegou à Brasília na última quinta-feira, finalizando com uma série de manifestações a caminhada de 1.580 quilômetros iniciada no dia 26 de julho. Os atos reuniram cerca de 5 mil pessoas —1100 marchantes e mais de 4000 militantes oriundos de todos os estados da federação, que chegaram em ônibus para receber os caminhantes e participar dos atos.

A primeira manifestação realizada pelos militantes de diversos movimentos sociais envolvidos na organização da Marcha foi um ato ecumênico. Na praça onde foi queimado o índio pataxó Galdino de Jesus, os marchantes foram recebidos por bispos e pastores, que realizaram um "lava-pés". A cerimônia se estendeu por todo o período da manhã.

À tarde, os marchantes organizaram um novo ato, desta vez em frente ao Banco Central, em protesto contra a presença do FMI no local (o Fundo mantém um escritório dentro do BC) e no Brasil.

O ato no BC foi tenso. Do lado de dentro, funcionários do banco jogavam papel picado, saudando os manifestantes. O presidente do BC, Armínio Fraga, relutava em receber uma comissão de representantes da Marcha. Para a surpresa dos manifestantes, os funcionários, do lado de dentro, ergueram pelas janelas uma faixa onde se lia claramente: Fora FMI.

Pouco depois, Armínio cedeu e aceitou receber a comissão, com a condição de que fossem todos deputados federais. Nova negociação e Fraga aceitou um sem-terra entre os deputados. Durante o encontro, o constrangimento foi total. O representante dos sem-terra, Ezequiel dos Santos, presenteou o presidente do BC com a bandeira do Brasil e com uma caixa contendo a bandeira norte-americana. Nervoso, Armínio apenas disse que a sua bandeira era a do Brasil.

Encerrando o ato, o líder do MST, João Pedro Stédile, fez um discurso exaltado, no qual propôs atos de quebra-quebra nos pedágios e ocupações nos latifúndios. Os repórteres dos jornais conservadores cercaram João Pedro após o discurso, procurando confundir suas palavras com uma tática violenta. O líder sem-terra esclareceu que o seu jeito de falar, que é mesmo dasabrido, não tem outro propósito que não o de chamar atenção de modo dramático para a tragédia pela qual passa o Brasil. "Não estou incitando quebra-quebra. O pessoal sabe que esta é a minha maneira de falar", afirmou.

A deputada federal Luci Choinacki (PT-SC) ficou emocionada com a aceitação da marcha por parte dos moradores do Distrito Federal. "Isso demonstra que a marcha traz esperança para o povo brasileiro, com os pés no chão. É muito emocionante ouvir os aplausos da população", destacou Luci, que acompanhou o percurso da marcha em Brasília desde as 6 horas.

Após as manifestações, os governadores do Rio Grande do Sul, Olívio Dutra (PT), e do Mato Grosso do Sul, Zeca do PT, reuniram-se com os manifestantes da Marcha Popular pelo Brasil, no clube da Asfub (Associação dos Funcionários da Universidade de Brasília), onde os marchantes ficaram hospedados na capital federal.


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