Para
onde está sendo levado este país?
De Fernando Henrique Cardoso, ex-sociólogo das estrelas, vem o
"prende!".
De Aloísio Nunes Ferreira, ministro secretário geral da presidência da
República, mas ex-militante ativo da ALN e do Partido Comunista Brasileiro, vem o sonoro
"arrebenta!".
Ambos garantem, na reação em overdose contra as manifestações do MST
em todo o país, estarem agindo de forma coerente com suas atividades passadas. E na
"defesa das instituições democráticas", ressuscitam, em forma e essência, os
fantasmas do velho udenismo reacionário e golpista, provando uma vez mais que a casta de
renegados da esquerda cooptada pelas benesses da ordem capitalista é mais cruel no ataque
aos ensaios de organização do povo oprimido do que a própria direita tradicional. O que
termina explicando a ilusão que, de tempos em tempos, se instala nesse povo com respeito
a próceres conservadores, quando se transformam por falácia, por demagogia, seja
lá pelo que for em paladinos de causas populares.
Resulta, portanto, absolutamente lógica a inqualificável iniciativa
desse nobre, Andrea Matarazzo, que responde pelos faustosos gastos de comunicação do
governo FHC, quando invade a programação jornalística da TV Educativa. Veta, pela
censura, uma entrevista de João Pedro Stédile, um dos coordenadores nacionais do MST,
que todo o povo brasileiro, independentemente de apoiar ou não, tinha interesse em ouvir,
naquele momento, porque não se deve ouvir "indiciados".
"Contra a ilegalidade da ditadura, valia tudo. Hoje, vivemos em plena
democracia", defende-se Aloísio, para justificar o que agora é feito contra o MST.
Que democracia? A mesma, certamente, com que, lá no primeiro tucanato de FHC, se
massacrou o movimento dos petroleiros, em greve legítima, a partir do descumprimento de
acordo por parte do governo.
O que está em curso, de fato, é algo muito grave, e cuja denúncia não
corre o risco de se transformar em repetitiva. O que está em curso é um projeto de poder
continuísta para as classes dominantes deste país, principalmente a partir do último
acordo com o FMI.
Trata-se de radicalizar, numa ponta, o arrocho dos investimentos sociais,
enquanto, na outra, todas as facilidades são ofertadas aos grandes capitais privados que
hoje dominam a economia nacional. Não há incompetência de governo. Há uma opção
clara, doutrinária, de submissão consciente à grande agiotagem internacional, e a seus
cúmplices internos, principalmente no sistema financeiro privado. E a tradução disso é
a ameaça autoritária, de novo tipo. Com FHC na cabeça, e tirando a mão das falsas
promessas de mudanças sociais, para colocá-la ostensivamente no cabo do cassetete. É a
versão tupiniquim das experiências truculentas de Menem e Fujimori.
Por isso, é cada vez mais necessário implementar as campanhas contra a
submissão do Brasil aos ditames do FMI. Contra o pagamento do principal e dos serviços
da dívida externa. E pelo Fora FHC.