Especial


IV Congresso do MST

Da redação

11.500 trabalhadores rurais, vindos de todas as partes do país, reuniram-se em Brasília, para o IV Congresso do MST. Os delegados acamparam na parte externa do estádio Nilson Nelson, em barracas idênticas às dos acampamentos formados nas ocupações de terra. Alimentaram-se com produtos trazidos dos assentamentos e os prepararam no próprio local. Setenta e cinco observadores estrangeiros participam do Congresso.Vários deles, entusiasmados com o acampamento formado em torno do estádio, preferiram dormir nas barracas a se hospedarem nos colégios religiosos e nos hotéis que o movimento havia conseguido para eles.

Os delegados aproveitaram o evento para restaurar, em uma das praças da cidade, os bustos de Che Guevara e Luiz Carlos Prestes, danificados por um fanático, meses atrás; e para fazer marcha pela instauração da CPI do caso Eduardo Jorge, na praça dos Três Poderes.

Os dois primeiros dias de trabalho do encontro destinaram-se a debates sobre um projeto alternativo para o Brasil e sobre a inclusão do tamanho excessivo da propriedade como causa de desapropriação do imóvel. Frei Betto, Plínio Sampaio Jr., João Pedro Stédile, Fernando Tourinho, Dom Tomás Balduino e Plínio Sampaio fizeram exposições sobre esses temas e responderam às perguntas do plenário. Os dias seguintes foram dedicados ao planejamento das ações e às questões administrativas.

Parte da imprensa ignorou o evento, parte usou o processo subliminar de desmoralizar o movimento, com notícias que insinuam irregularidades no manejo de verbas públicas concedidas aos assentamentos, o que provocou enérgico protesto por parte da entidade.

O temário do Congresso excitou a imaginação de alguns editores políticos que pautaram os repórteres encarregados de cobrir o evento para conseguir indícios de que o movimento preparava o lançamento de um novo partido. A tentativa deu em nada, porque não houve, seja da parte da direção, seja dos delegados, qualquer intenção nesse sentido. O que sim o MST recusa é circunscrever sua luta, como querem as forças conservadoras, a uma reivindicação de caráter exclusivamente corporativista.

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