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A prisão do líder sem terra José Rainha
Jr., algemado e levado por policiais após audiência com o Juiz da Comarca de
Teodoro Sampaio (região do Pontal de Paranapanema), é mais uma etapa do
processo de demonização e criminalização dos movimentos sociais pró-reforma
agrária pelas elites reacionárias brasileiras. Segue abaixo nota oficial do
Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) sobre o acontecimento,
repugnando a arbitrariedade do juiz e pedindo solidariedade aos presos
políticos do MST.
Aos 11 de julho de 2003, José Rainha Júnior
compareceu a uma audiência no Fórum de Teodoro Sampaio, onde seriam ouvidas
testemunhas de acusação num processo onde é acusado de crime contra
organização do trabalho, por ter, supostamente, realizado uma manifestação,
nos Bancos do Brasil e Banespa, em 2000.
Encerrada a audiência, o Juiz da Comarca de
Teodoro Sampaio, Átis de Araújo Oliveira, pediu que policiais militares
entrassem na sala. Os policiais militares deram voz de prisão a José Rainha
Júnior, que foi algemado e levado preso à Delegacia de Polícia de Teodoro
Sampaio.
Tal prática é rotineira. Naquela comarca,
cinco ativistas da reforma agrária foram presos ao prestarem espontaneamente
depoimento ao Juiz.
O decreto de prisão foi proferido contra José
Rainha, Felinto Procópio dos Santos (Mineirinho), Márcio Barreto, Clédson
Mendes e Sérgio Pantaleão. Mineirinho foi à Delegacia de Polícia visitar
José Rainha, e também foi preso. Os demais, por orientação dos advogados,
reservaram-se no direito de resistir à ordem de prisão, aguardando o
julgamento do hábeas corpus.
Gilmar Mauro, da direção nacional do MST, acompanhado do advogado da Rede
Social de Justiça e Direitos Humanos, Roberto Rainha, esteve na presença do
Juiz pedindo vista dos autos do processo onde foi decretada a prisão. Foram
informados pelo Juiz que o processo ficaria em segredo de justiça por 24
horas. Até o momento, os advogados não tiveram acesso aos autos do processo.
Também o Desembargador Gercino José da Silva
Filho, Ouvidor Agrário Nacional, intercedeu infrutiferamente junto ao Juiz,
para que se permitisse aos advogados do MST conseguir cópias do processo.
Essa é mais uma das reiteradas atitudes
arbitrárias cometidas pelo Juiz Átis de Araújo Oliveira, que em um de seus
decretos chegou a comparar o MST com a organização criminosa do PCC, em sua
tentativa de criminalizar a luta dos trabalhadores e trabalhadoras sem terra
pelo seu direito constitucional de reforma agrária.
Entre maio de 2002 até a presente data, foram
elaborados 29 decretos de prisões preventivas contra integrantes do MST, na
Comarca de Teodoro Sampaio, em São Paulo. Tais fatos retratam a maior
tentativa de criminalização contra os movimentos sociais que lutam por
reforma agrária no país. Tentativa, pois 24 destes decretos foram revogados
pelo Tribunal de Alçada Criminal, pelo Tribunal de Justiça de São Paulo ou
pelo Superior Tribunal de Justiça. Somente o último decreto, que mandou
prender cinco integrantes do MST, não foi revogado ainda.
Pedimos a todos que enviem mensagens de
solidariedade às personalidades que seguem, repugnando as arbitrariedades
cometidas pelo Juiz Atis de Araújo Oliveira, requerendo seu afastamento dos
processos em que é parte integrante o MST, já que suas decisões são parciais
e eivadas de preconceito político:
Átis de Araújo Oliveira
- Juiz de Direito - Fórum de Teodoro Sampaio,
Rua Passeio Curió, n.º 4 e 5 – Vila São Paulo - Teodoro Sampaio/SP - CEP
19280-000 - Fax: (18) 282-1152; Ministro Nilson Vital Naves,
presidente do Superior Tribunal de Justiça,
Presidencia@stj.gov.br;
gab.nilson.naves@stj.gov.br - Fax: (61) 319-8193 - 319-8194 - 319-8195;
Desembargador Sergio Augusto Nigro Conceição, presidente do Tribunal
de Justiça do estado de São Paulo, Praça da Sé, s/n - São Paulo - SP
- CEP 01018.010 - Fax: (11) 3242-6890; Juiz José Renato Nalini,
presidente do Tribunal de Alçada Criminal,
tacrim@ouvidoria.sp.gov.br; Geraldo Alckmin, governador do estado
de São Paulo,
saopaulo@sp.gov.br - Fax: 11 3745 3621; Secretário Alexandre de
Moraes - Secretaria de Justiça e Defesa da Cidadania do estado de São
Paulo,
justiça@justica.sp.gov.br - Fax: 11 3291 2600.
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