Correio da Cidadania

Guerra da Ucrânia: o quase ingresso da OTAN

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Ucrânia pede adesão formal a Otan
Ruslan Stefanchuk, presidente do Parlamento, Zelensky e o primeiro-ministro, Denys Shmyhal, com o pedido de adesão á OTAN.
Reprodução twitter Denys Shmyhal.

Leia mais no texto original: (https://www.poder360.com.br/europa-em-guerra/ucrania-pede-adesao-formal-a-otan-apos-russia-anexar-regioes/)
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Prestes a inteirar o primeiro ano, o conflito russo-ucraniano caminha sem esperança de cessar-fogo no horizonte, malgrado a vontade dos vizinhos, em função da irradiação de difíceis situações da disputa em seus territórios como a acolhida maciça de refugiados.

O fornecimento de armamentos sofisticados por integrantes da Organização do Tratado do Atlântico Norte (OTAN) a Kiev amplia-se sem Moscou ter condições apropriadas de posicionar-se contra isso de maneira diplomática ou militar até o momento, a despeito das continuas ameaças do dirigente Vladimir Putin a seus adversários do emprego ocasional de artefatos nucleares táticos, ou seja, os de menor poder de devastação.

Após a autorização do envio de tanques de última geração de origem norte-americana, britânica e germânica à administração kievita, o presidente Volodymyr Zelensky almeja o recebimento de jatos, ao indicar ao planeta a elevação da escala das batalhas.

Países Baixos e França relutam no atendimento da solicitação, postura similar à da Alemanha quanto ao encaminhamento de veículos de combate há poucas semanas, embora Berlim terminasse por concordar com o endereçamento da equipagem ao leste do continente.

A utilização eventual de aviões como os F-16, de produção estadunidense, desemboca na preocupação do aumento dos custos cotidianos dos embates e no aprofundamento do envolvimento do arco ocidental na confrontação oficialmente bilateral.

Além disso, não se definiu ponto por ponto o governo responsável por arcar com os gastos de manutenção do dia a dia ou de recuperação em caso de determinadas avarias: se seria o país fabricante ou a Ucrânia mesma.

Outro questionamento conecta-se com a localização inicial das unidades de reparo dos equipamentos: elas seriam fixadas em solo ucraniano, com mecânicos, por exemplo, estrangeiros, ou se situariam próximas das fronteiras da Rússia, como as da Polônia. Em todas as alternativas, o Kremlin considerará as oficinas como ultraje.

Conquanto a inexistência de declaração formal de guerra, já não é possível desconsiderar a intensidade da participação real de vários membros otanianos contra as indevidas anexações territoriais da Rússia.

Na prática, a invasão russa provocou o efeito contrário ao esperado pela gestão moscovita: ao invés de ocasionar o distanciamento ucraniano da aliança euroamericana, desencadeou o singular convívio estreito.

Ainda assim, é provável que Washington e Londres, os maiores envolvidos com Kiev, aguardem o resultado do uso dos tanques nas lutas antes de providenciar os aviões. Há a expectativa de que seja concebível suspender a peleja no médio prazo, seja por exaurimento de reposição dos contingentes, seja por incapacidade de financiar as operações castrenses.

Na semana passada, Moscou aproveitou a efeméride do octogésimo aniversário da vitória da União Soviética sobre a Alemanha na batalha de Stalingrado com o propósito de reiterar o enfrentamento do país contra a extrema direita vizinha e, destarte, estimular o moral dos efetivos e, por que não, do próprio povo diante dos reveses.

No entanto, a perspectiva não é animadora para o Kremlin porque os russos naquela altura defendiam-se com intrepidez da investida nazifascista e contavam com solidariedade ao redor do globo, ao passo que eles agora são os invasores e não desfrutam de laços fraternais de nações democráticas, porém, auferem auxílio de número diminuto de governos, entre os quais o de viés autoritário como o chinês e o iraniano.

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Virgílio Arraes

Doutor em História das Relações Internacionais pela Universidade de Brasília e professor colaborador do Instituto de Relações Internacionais da mesma instituição.

Virgílio Arraes
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