Correio da Cidadania

50 anos do 25 de Abril, uma Revolução por cumprir

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Assinalamos hoje os 50 anos do 25 de Abril. Uma Revolução popular, que uniu militares, liderados pelos Capitães de Abril, ao povo trabalhador, pondo fim à tenebrosa ditadura fascista que amordaçou e amarrou o país durante 48 anos.

Naquele que é o dia mais importante (e bonito) da História do nosso país, Portugal libertava-se do fascismo que censurou, prendeu, violentou e matou o seu povo. Há 50 anos, a força popular, a liberdade e a igualdade triunfavam sobre o fascismo, a opressão, o silêncio e o terror.

O 25 de Abril não marcou apenas o fim de um período sombrio da história do nosso país. Foi também o início de um período, embora muito curto, em que se procurava alcançar um conjunto de conquistas que dessem ao povo português liberdades e direitos em toda a sua plenitude. Estas conquistas são as verdadeiras filhas de Abril: a educação, a saúde, o trabalho, a habitação, a paz e todos os direitos, entre tantos outros. A partir da Revolução, o povo português ambicionou um outro mundo, livre da opressão e da exploração, e onde a riqueza fosse distribuída por igual entre todos os portugueses.

Para raiva e tristeza dos que se sentem incomodados pela Revolução, que vão da
direita ao centro-esquerda, e que desde 1974 estão na linha da frente do ataque às suas conquistas, Abril assume e continuará a assumir um papel fundamental na nossa História coletiva, enquanto povo e país. Ao contrário do que os “lesados” de Abril tentam propagar, não foi noutra data que o povo se libertou.

Infelizmente, em novembro de 1975, mataram os cravos com bombas, interrompendo o projeto de transformação do país que Abril trazia, pondo fim ao sonho criado pela Revolução; 50 anos depois, continuam a afirmar que, sob o pretexto da democracia (que qualquer boca afirmava defender, inclusive saudosistas e colaboradores do regime fascista), criaram uma data que marca o início do ataque às conquistas de Abril, e que apenas serviu para salvaguardar os interesses das forças reacionárias, da direita à extrema-direita, e dos seus aliados.

Hoje, vivemos num país quase em crise permanente, em que as conquistas iniciadas por Abril são um alvo constante dos lesados da Revolução. Em nome de metas financeiras, os mecanismos do Estado Social e dos serviços públicos são desmantelados pelos partidos do chamado “arco da governação” através da descapitalização do Serviço Nacional de Saúde, da Escola pública ou da Segurança Social. Ao mesmo tempo, o povo tem os seus rendimentos cortados, os preços da habitação, da luz e da água aumentam, os seus direitos são atacados e as suas condições laborais pioram.

Oportunisticamente, os herdeiros da ditadura fascista apregoam discursos de ódio e enganam o povo com falsas soluções, enquanto culpam setores da sociedade, mais desfavorecidos, pela falta de condições e qualidade de vida dignas - e, ao mesmo tempo, atacam Abril e as suas conquistas com toda a força.

Hoje, novembro está a ser cumprido com todo o fulgor. Os lucros de uns poucos valem mais do que a vida das pessoas, ao contrário do sonhado por Abril. Perante os ataques ao legado da Revolução, não há espaço para recuos ou hesitações. O 25 de Abril abriu as portas da transformação e inspirou todo um povo a que se libertasse do fascismo. Hoje, temos de continuar o processo iniciado em 1974, defender a liberdade e saber que a construção de um outro mundo, de iguais, é possível. É tempo de nos libertarmos de novembro e cumprir Abril!

25 de Abril sempre, fascismo nunca mais!

Miguel Martins é sociólogo e mestrando em Geografia na Universidade do Minho. Deputado municipal do Bloco de Esquerda em Barcelos. Artigo publicado no jornal Barcelos Popular.

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