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EUA: efeitos da guerra entre Rússia e Ucrânia em seu território

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Biden faz visita surpresa à Ucrânia, encontra | Internacional
À proporção que a tensão política se intensifica no Oriente Médio e se espraia para territórios contíguos como o do Irã, a economia global sente também o impulso da escalada, ao incorporá-la de maneira elevada ao valor do petróleo.

Nas últimas semanas, o preço do barril situa-se acima dos 80 dólares, embora, na primeira quinzena de abril, tenha ultrapassado os 85 dólares - https://www.nasdaq.com/market-activity/commodities/cl:nmx/historical?page=1&rows_per_page=10&timeline=m1.

Diante de conjuntura na qual a variação pode continuar por longo período, preocupam-se, portanto, países cuja inflação, como é o caso do Brasil, não aparenta estar debelada no cotidiano, apesar da persistência de juros públicos muito altos.

Não bastasse o drama constante das sociedades médio-orientais, em especial a de Gaza, o mundo aguarda com angústia os desdobramentos militares da região em vista da extensão dos impactos no dia a dia do planeta.

Nesse sentido, os Estados Unidos, atarantados e alarmados com a repercussão humanitária do desigual conflito levantino, preocupam-se outrossim com o do leste europeu, em face da atuação da Ucrânia. Invadida em fevereiro de 2022, Kiev defende-se de Moscou com o prestimoso auxílio do arco norte-atlântico capitaneado por Washington e por Bruxelas. A ajuda materializa-se em regra com armamentos.

Contudo, uma medida castrense de Mariyinsky desagrada a Casa Branca: o incessante assalto a refinarias petrolíferas da Rússia com drones. A tecnologia permite empregá-los contra alvos a centenas de quilômetros do centro da disputa geográfica.

Com o deslocamento das investidas, os prejuízos ao Kremlin têm sido significativos, ao afetar-lhe de modo imediato a capacidade de produção e de comércio da valiosa matéria prima e, assim, dificultar a manutenção das forças armadas por contingência financeira.

A inquietação norte-americana com as incursões ucranianas deriva do desenovelar civil em seu território, não do militar em solo aliado, quais sejam: os reflexos nas vindouras cotações do petróleo voltados para reiterar a alta da commodity.

Com a subida, influenciar-se-ia o índice da inflação e, por conseguinte, o temperamento do eleitorado, bem dividido entre o postulante democrata, Joe Biden, e o republicano, Donald Trump. Com perspectiva econômica à frente negativa, o pêndulo do voto poderia deslocar-se com vistas a beneficiar o candidato desafiante, não o atual titular da Casa Branca.

Às vésperas do pleito presidencial, assoma nos Estados Unidos a lembrança da época da tentativa inicial de conquista de parte da Ucrânia pela Rússia: o preço do barril estimado em torno de 120 dólares.

Desnorteada no primeiro momento, Washington, sem poder retaliar Moscou de forma bélica, teria de limitar-se a estabelecer sanções econômicas: a mais imediata e perceptível seria a de dificultar junto a seus parceiros a aquisição de petróleo e de gás da nação agressora.

No entanto, a consequência, ao se reduzir a oferta, seria o aumento do valor do produto, de sorte que o maior prejudicado pelo posicionamento dos Estados Unidos de boicotagem não seria a Rússia, porém as sociedades em torno das quais o custo de vida teria elevação em função da dependência do fornecimento vindo do leste da Europa.

Destarte, há um impasse entre o interesse econômico da Casa Branca e o bélico de Mariyinsky: por causa da disputa eleitoral de novembro, Washington não deve hesitar em sacrificar, ainda que de maneira momentânea, Kiev. Enquanto isso, Moscou apenas observa a falta de coordenação entre seus dois acérrimos adversários.

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Virgílio Arraes

Doutor em História das Relações Internacionais pela Universidade de Brasília e professor colaborador do Instituto de Relações Internacionais da mesma instituição.

Virgílio Arraes
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